terça-feira, 8 de março de 2016

POLÍCIA MOÇAMBICANA REJEITA DETENÇÕES ARBITRÁRIAS DE MEMBROS DA RENAMO



A polícia moçambicana afirmou hoje que a detenção de membros da Renamo, principal partido de oposição, na província de Manica, centro do país, está relacionada com causas criminais, rejeitando as acusações de uma atuação arbitrária por parte da corporação.

"Esses episódios [detenções] têm motivações criminais, não é apanágio da polícia realizar detenções arbitrárias, seria caricato que a polícia que está para garantir a lei e ordem cometesse esse tipo de abusos", declarou o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina, falando em conferência de imprensa de balanço semanal da atividade policial no país.

Dina rejeitou as acusações hoje feitas pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) de que quatro membros do movimento foram detidos "arbitrariamente" no sábado em Chimoio, província de Manica.

Lamentando a ocorrência de mortes e destruição de bens supostamente protagonizados pelo braço armado da Renamo na região centro de Moçambique, Inácio Dina afirmou que as escoltas das forças de defesa e segurança às colunas de veículos civis, em dois troços da principal estrada do país, têm contido o impacto da insegurança.

"O que nos encoraja é a redução dos impactos dos ataques, a polícia tem a sua presença permanente e está em prontidão e o nível de insegurança não tem impactos provavelmente avolumados, mas lamentamos a atitude destes homens que estão a semear luto em algumas famílias", afirmou o porta-voz do Comando-Geral da PRM.

Em conferência de imprensa realizada hoje, a Renamo disse desconhecer a autoria dos sucessivos ataques armados nas estradas do centro de Moçambique, no dia em que denunciou o assassínio e prisões de membros do maior partido de oposição.

"Não sei. Cabe à polícia esclarecer isso. Estou aqui, não estou na estrada. Cabe a quem de direito explicar, trazendo evidências", afirmou hoje em conferência de imprensa o porta-voz da Renamo, António Muchanga, sugerindo que está limitado no alcance das suas respostas, para não ser confundido como comandante militar e constituído arguido, como já aconteceu no passado.

A polícia atribui ao braço armado da Renamo vários ataques a tiro nas últimas semanas nas principais estradas das províncias de Sofala, Manica e Zambézia, uma acusação que o maior partido de oposição nunca desmentiu.

No sábado, um ataque a tiro contra um autocarro da Nagi Investment matou duas pessoas em Honde, província de Manica, e na segunda-feira uma emboscada a uma viatura da mesma empresa em Zero, província da Zambézia, deixou um número indeterminado de feridos.

O agravamento da crise política e militar levou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, a dirigir uma carta convite ao líder da Renamo para a retoma do diálogo, mas Afonso Dhlakama condicionou as conversações à presença da mediação do Governo da África do Sul, Igreja Católica e União Europeia.

A Renamo ameaça tomar o poder, a partir de março, em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

PMA (HB/AYAC) // EL – Lusa

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