A
polícia moçambicana afirmou hoje que a detenção de membros da Renamo, principal
partido de oposição, na província de Manica, centro do país, está relacionada
com causas criminais, rejeitando as acusações de uma atuação arbitrária por
parte da corporação.
"Esses
episódios [detenções] têm motivações criminais, não é apanágio da polícia
realizar detenções arbitrárias, seria caricato que a polícia que está para
garantir a lei e ordem cometesse esse tipo de abusos", declarou o
porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio
Dina, falando em conferência de imprensa de balanço semanal da atividade
policial no país.
Dina
rejeitou as acusações hoje feitas pela Resistência Nacional Moçambicana
(Renamo) de que quatro membros do movimento foram detidos
"arbitrariamente" no sábado em Chimoio, província de Manica.
Lamentando
a ocorrência de mortes e destruição de bens supostamente protagonizados pelo
braço armado da Renamo na região centro de Moçambique, Inácio Dina afirmou que
as escoltas das forças de defesa e segurança às colunas de veículos civis, em
dois troços da principal estrada do país, têm contido o impacto da insegurança.
"O
que nos encoraja é a redução dos impactos dos ataques, a polícia tem a sua
presença permanente e está em prontidão e o nível de insegurança não tem
impactos provavelmente avolumados, mas lamentamos a atitude destes homens que
estão a semear luto em algumas famílias", afirmou o porta-voz do
Comando-Geral da PRM.
Em
conferência de imprensa realizada hoje, a Renamo disse desconhecer a autoria
dos sucessivos ataques armados nas estradas do centro de Moçambique, no dia em
que denunciou o assassínio e prisões de membros do maior partido de oposição.
"Não
sei. Cabe à polícia esclarecer isso. Estou aqui, não estou na estrada. Cabe a
quem de direito explicar, trazendo evidências", afirmou hoje em
conferência de imprensa o porta-voz da Renamo, António Muchanga, sugerindo que
está limitado no alcance das suas respostas, para não ser confundido como
comandante militar e constituído arguido, como já aconteceu no passado.
A
polícia atribui ao braço armado da Renamo vários ataques a tiro nas últimas
semanas nas principais estradas das províncias de Sofala, Manica e Zambézia,
uma acusação que o maior partido de oposição nunca desmentiu.
No
sábado, um ataque a tiro contra um autocarro da Nagi Investment matou duas
pessoas em Honde, província de Manica, e na segunda-feira uma emboscada a uma
viatura da mesma empresa em Zero, província da Zambézia, deixou um número
indeterminado de feridos.
O
agravamento da crise política e militar levou o Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi, a dirigir uma carta convite ao líder da Renamo para a retoma do diálogo,
mas Afonso Dhlakama condicionou as conversações à presença da mediação do
Governo da África do Sul, Igreja Católica e União Europeia.
A
Renamo ameaça tomar o poder, a partir de março, em seis províncias onde
reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
PMA
(HB/AYAC) // EL – Lusa
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