Mais
de 45 mil alunos estão afetados pela fome e centenas já abandonaram o ensino
escolar na província moçambicana de Inhambane. Muitas dessas crianças estão
também a ser submetidas à exploração infantil.
As
autoridades governamentais falam de 153 escolas em crise. Muitos dos alunos
passam fome e algumas organizações não governamentais já reagiram, distribuindo
papas como lanche escolar.
Os distritos mais atingidos são os de Panda, Funhalouro, Mabote e Govuro, onde a fome afeta mais de 45 mil alunos. Estas crianças necessitam urgentemente de apoio alimentar, segundo os observadores no terreno. Alguns alunos, nas regiões mais afetadas pelo flagelo, já abandonaram o ensino escolar.
Os distritos mais atingidos são os de Panda, Funhalouro, Mabote e Govuro, onde a fome afeta mais de 45 mil alunos. Estas crianças necessitam urgentemente de apoio alimentar, segundo os observadores no terreno. Alguns alunos, nas regiões mais afetadas pelo flagelo, já abandonaram o ensino escolar.
Alterações
no clima na base do problema
A
crise deve-se sobretudo a fatores climáticos, nomeadamente à queda irregular de
chuvas na última campanha agrícola, o que resultou numa fraca colheita e,
consequentemente, numa deficiente produção de produtos básicos, como o
amendoim, o milho e outros ceriais.
Josefina
Come, Diretora Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano, em Inhambane,
não confirma os casos de abandono escolar apurados pela DW África, mas destaca
que milhares de alunos estão a enfrentar sérios problemas alimentares. A
Diretora Provincial confirma ainda que as autoridades provinciais e também
várias organizações não governamentais já começaram a distribuir papas nutridas
como lanche escolar:
“153 escolas de quatro distritos, que são os distritos de Govuro, Mabote, Funhalouro e Panda, estão abrangidas pelo nosso esforço, no sentido de distribuir lanches a essas mesmas escolas, com o apoio de parceiros", diz Josefina Come e adianta: "Não temos registo de casos de abandono escolar”.
“153 escolas de quatro distritos, que são os distritos de Govuro, Mabote, Funhalouro e Panda, estão abrangidas pelo nosso esforço, no sentido de distribuir lanches a essas mesmas escolas, com o apoio de parceiros", diz Josefina Come e adianta: "Não temos registo de casos de abandono escolar”.
Crianças
trabalham nas cidades para sobreviver
Mas
a crise alimentar que - segundo outros relatos - estaria de facto a provocar o
abandono dos alunos em várias escolas. Esta situação também tem por
consequência outros problemas, nomeadamente sociais. Muitas das crianças foram
para a cidade capital da província de Inhambane e tornam-se vítimas de
exploração infantil, sendo utilizadas, por exemplo, na descarga de camiões nos
armazéns. Muitas crianças também se dedicam à venda de variadíssimos produtos
nas ruas das cidades, atividade considerada como única forma de sobreviver às
dificuldades económicas.
A
DW África conversou com muitas crianças nos distritos afetados pela crise
alimentar. Quase todas afirmaram que foram obrigadas pelos seus próprios pais a
abandonar o ensino e procurar um meio de subsistência. Alexandre Macuacua é uma
dessas crianças: ele diz que abandonou os estudos da quinta classe, passando a
vender pipocas por conta de outras pessoas com mais posses. “O meu pai é que me
disse para deixar a escola e começar a vender pipocas”, conta-nos Alexandre de
12 anos de idade.
A Plan Internacional, uma organização não governamental sedeada em Londres, na Inglaterra, tem fornecido papas nutridas às crianças. Só no distrito de Panda, a Plan Internacional gastou cerca de 78 mil dólares, em 4 meses, para a ajuda alimentar às crianças mais carenciadas, revela Paulo Dava, coordenador da ONG britânica: “Panda está a enfrentar a seca, a Plan está neste momento ajudar cerca de 1753 crianças nas escolas, incluindo os professores, em 11 escolas."
Luciano
da Conceição (Inhambane) – Deutsche Welle
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