Portugal
é responsável por mais de metade da área ardida, este ano, na Europa, com quase
117 mil hectares, valor quatro vezes maior que a média do que ardeu de 2008 a
2015, segundo os técnicos de proteção civil.
A
Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil (ASPROCIVIL)
analisou os dados disponibilizados pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos
Florestais (EFFIS na sigla em inglês) e concluiu que, "em Portugal, já
arderam cerca de 53,4% da área total ardida na União Europeia" (UE).
"Não
é possível a nenhum dispositivo operacional, por mais capaz, eficaz, organizado
e competente que seja, [uma resposta] optimizada a um pico da dimensão
evidenciado" nos números do EFFIS, salientou.
A
informação disponibilizada pelo EFFIS refere que, até terça-feira, a área
ardida na Europa foi 218.651 hectares e em Portugal já atingia 116.833
hectares, com o pico a acontecer na semana entre 05 e 12 de agosto, quando o
número de incêndios disparou e foi ultrapassada a média registada nos últimos
oito anos.
Na
semana passada, registaram-se incêndios de grandes dimensões, principalmente no
norte e centro do país, como nos distritos de Aveiro e Viseu, e na Madeira, e
além da área florestal ardida, o fogo destruiu casas e provocou a morte de três
pessoas.
A
área ardida está "muito acima da média dos últimos oito anos, por esta
data, o número é quatro vezes maior do que a média da área ardida entre 2008 e
2015, que rondava os 25 mil hectares", refere a associação.
Os
dados do EFFIS, alerta, são por defeito, com base em estimativas que
posteriormente são confirmadas pelas autoridades nacionais.
Os
técnicos de proteção civil defendem que "este problema, estes números e
estas consequências, não são da responsabilidade deste Governo, nem deste
dispositivo operacional, antes, de anos e anos de medidas estratégicas mal
tomadas, e decisões políticas de ordenamento florestal erradas, omissas e
insuficientes", além de só se falar de incêndios nos meses críticos e
"exclusivamente sobre a resposta operacional".
Defendem
um aumento da capacidade de reflorestação, criação de equipas de prevenção de
incêndios florestais, em janeiro de cada ano, aposta numa fiscalização do
cumprimento da lei, que deve ser aplicada, se necessário, de uma forma
coerciva, e uma rede nacional de pontos de água, que devem ser fiscalizados e
ter manutenção.
A
criação de um grupo de trabalho nacional, intersetorial e pluridisciplinar,
para apresentar até 31 de dezembro, um plano operacional de prevenção de
incêndios e a definição de uma estratégia para um ordenamento florestal, com
mecanismos de prevenção e contenção de incêndios, como aceiros, espécies mais
resistentes ou redução do combustível, também fazem parte das propostas da
associação.
Os
técnicos de proteção civil defendem a informação à população e a criação de
incentivos à fixação das pessoas no interior.
Segundo
o EFFIS, Portugal continua a apresentar as percentagens mais elevadas de áreas
ardidas nos países mediterrânicos, e, por exemplo, Espanha está mesmo abaixo da
média dos anos anteriores, com uma área ardida de 24 mil hectares, cerca de 14%
do total da UE.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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