Ana
Sá Lopes – jornal i, opinião
1.
A conversa dos responsáveis políticos a seguir aos fogos é assustadoramente vã:
todos eles, a começar por António Costa, que até já foi ministro da
Administração Interna, tinham tido tempo para pôr em ação o que agora defendem.
É normal que ninguém acredite. Pelo meio apareceram ideias peregrinas como pôr
os incendiários a pagar os custos. Eureka. A coisa resolve-se.
2.
Passos Coelho teve a sorte de ter uns números ínfimos de crescimento, nada
animadores para o governo e a esquerda, na véspera do discurso do Pontal para
sustentar as suas piores previsões. Mas mesmo assim, conseguiu não entusiasmar
um cidadão: se o governo está esgotado, como é que vai durar quatro anos?
3.
Passos Coelho pode não ser extraordinário, mas o governo e a esquerda têm um
grande problema a resolver: se o programa estava assente na possibilidade de
crescimento económico a partir da procura interna, até agora não se viu nada.
Não é de estranhar o silêncio pesado do Bloco de Esquerda e dos comunistas,
enquanto o governo e o PS lá vão dizendo que a coisa, de facto, não está
animadora. Estes números tornam muito preocupante a continuidade do espírito
que presidiu à constituição da coligação de esquerda - o que não quer dizer que
ponham em causa a coligação. Não vale a pena inventar: o crescimento é
inexistente e o Bloco de Esquerda e o PCP correm, a partir de agora, sérios
riscos relativamente aos seus eleitorados. É que até nem vale a pena dar
grandes saltos relativamente aos números do emprego: é sazonal, coisa que tanto
Bloco e PCP estariam a criticar - e não a saudar - caso o governo fosse
PSD/CDS.
4.
Há duas boas coisas em Portugal: Marcelo, que sabe consolar pessoas, como se
viu agora na Madeira. Por muito que se goze com a política dos afetos, há
momentos em que a política tem de ser isto, como se viu na Madeira. A outra
coisa boa é o turismo - Algarve cheio e Lisboa em alta. Os velhos do Restelo não
gostam, já se sabe.
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