Mário
Motta, Lisboa
O
governo do PS está a enredar-se em demasiada trapalhada nas decisões que vêm a
público e que depois correspondem ou não correspondem às medidas finais que
entram em vigor. Até parece o governo de Passos e Portas com a bênção de Cavaco
e todas as trapalhadas e trafulhices que bem recordamos.
Em
atualidade está o aumento das pensões. Dez euros para todas menos para as
pensões mais baixas e as mais baixas das baixas. Não faz sentido e revela o que
é e quem é o PS. Os defensores da decisão anunciada por Costa e respetivas
explicações esfarrapadas – escudando-se no complemento social para idosos que
alguns portugueses recebem (muito poucos) para alimentarem os filhos
desempregados e os netos – não colhe razão para que também eles não recebam o
aumento de 10 euros que foi anunciado destinar-se a todas as pensões. Além
disso revela a falta de noção de justiça social e de desprezo por esses idosos
atolados na pobreza e a alimentarem-se da miséria por paga de uma vida de
trabalho esclavagista ainda no tempo do regime de Salazar e até há recentes
anos.
Para
os mais pobres dos pobres de Portugal Costa considera não ser possível um
aumento de 10 euros nas suas miseráveis pensões, contudo não se sabe que se
preocupe com um teto para as pensões escandalosamente elevadas. Compreende-se,
cuida dos seus, como Passos, Cavaco e tantos outros governantes que têm vindo a
esbulhar os que trabalham no duro com a incerteza de se manterem com empregos e
sempre com o desemprego por temor.
Tão
pouco considera Costa que os gestores da coisa pública e afins devam auferir
remunerações pelo seu trabalho que não sejam imorais e escandalosas. O exemplo
na nova administração da Caixa Geral de Depósitos é flagrante. Costa e o
governo PS demonstram regular-se por dois pesos e duas medidas e se não o
disseram pensarão, mostrado o exercício que aprovam e entrará em vigor: “que se
lixem os velhos e os mais pobres dos pobres”. Se assim não é que o provem,
aumentando as reformas de modo a aproximá-las em vez de continuarem a cavar o
fosso das desigualdades sociais. Isso é que seria a medida adequada de um
partido social-democrata ou socialista. Não a que foi anunciada e “justificada”
por Costa e outros PSs.
PCP
E BE, OS MANSOS
A
mansidão dos partidos apoiantes deste governo de Costa, o BE e o PCP, repugna.
Tanto ou mais que a medida sobre as pensões anunciada pelo governo. Devido a
este verdadeiro desastre sobre o desprezo demonstrado pelos mais pobres dos
pobres por parte do PS e a cobardia vista a olho nu que o PCP e o BE exibem com
os seus silêncios ou declarações bacocas, haverá muitos portugueses que já não
sabem em quem devem votar. Isso porque é notório que haverá um acordo tácito
entre os três partidos que permite este tipo de atropelos que está em curso. O
que se vê é que nem PCP nem BE reagem à injustiça do aumentos das pensões só
para alguns – os que têm pensões de reforma maiores. Afinal quem os defende de
facto? Nenhum partido político. Nenhum que tenha encostado o governo PS à
parede perante esta enorme injustiça.
Argumentarão
que não há dinheiro. Pois. Mas para os bancos e banqueiros – ou outros dessas
estirpes - há sempre dinheiro. Para aumentar as verbas destinadas aos partidos
políticos a fim de reforçarem as “necessidades” das campanhas eleitorais já há
milhões. Há dinheiro para tudo ou quase tudo, menos para os mais pobres dos
pobres.
O
PCP anunciou que “não
vai desistir do aumento de 10 euros para todas as pensões”. Acrescente-se
que "para todas não", mas sim, para já, para as que não ultrapassem
os 600 ou 700 euros. Muitos portugueses gostariam de poder continuar a confiar
na firmeza e sabedoria de partidos que na realidade não cedessem à ala direita
do governo de Costa na prática desta enorme injustiça social com as pensões.
Porque se assim acontecer, se cederem, este será o ato que assinalará o
princípio do fim do crédito da chamada “esquerda parlamentar” que suporta este
governo PS. E também o principio do fim do estado de graça de que o governo PS
tem beneficiado pela maioria dos portugueses. Entre esses também de muitos
idosos – pobres dos pobres - que votaram nas eleições anteriores PSD ao engano
mas que passaram a entender que o atual governo PS se estava a esforçar por
elevar a fasquia da justiça social, fasquia que Passos e Portas deitaram
completamente por terra e os condenaram à morte e à miséria absoluta. Miséria
que não se resolve só com mais 10 euros, mas ao menos isso. Como se fosse uma
luz de esperança em melhores e mais justas políticas de combate à pobreza e ao
fosso das desigualdades sociais.
Certo
é que nem o BE nem o PCP podem continuar a “encolher-se” perante medidas
sociais tão importantes como o combate à pobreza e às injustiças sociais.
Estamos cá para ver.
O
que não queremos ver é a direita neoliberal-radical (CDS-PSD) fazer cavalo de
batalha das incongruências do governo de Costa e conquistar os eleitores menos
prevenidos que se esquecem das políticas desumanas e de esbulho dos portugueses
em prol dos que detêm as maiores fortunas em Portugal, depositando-as nos
paraísos fiscais em vez de as investir em Portugal e pagarem os impostos
devidos, correspondentes a tais fortunas que obtêm através da exploração dos
que trabalham com salários de miséria e/ou em negócios escuros que tantas vezes
reservam contrapartidas nebulosas para políticos e outros que mais não são que
seus cúmplices nos roubos a Portugal e aos portugueses. De notar que também no
PS há desses (não só no PSD e no CDS) como se tem vindo a constatar e é voz
corrente entre as populações. É a corrupção que tem tido trato de impunidade
para quase todos eles.
A
evidência do desprezo social, neste caso, de António Costa causa náuseas e
vómitos aos que dele esperavam equilíbrio na justiça social e na
diminuição do fosso abismal que separa os ricos dos pobres. E ainda dos pobres
mais pobres de outros que são somente pobres. Porém, anunciou Costa, os mais
pobres dos pobres vão continuar distantes dos portugueses pobres. Tudo
acontecendo perante a mansidão cúmplice do Bloco de Esquerda e do
PCP, que falam, falam... mas não agem como devem neste caso da injusta decisão
do governo de Costa, dito socialista. Socialista?
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