Paula
Santos – Expresso, opinião
A
União Europeia está a fazer tudo para voltar a impor a política de
empobrecimento e exploração, protagonizada pelo Governo PSD/CDS e que o povo
português rejeitou há um ano.
Ainda
esta semana o Comissário Günther Oettinger em audição na Comissão de Assuntos
Europeus na Assembleia da República afirmou a hipótese de Portugal vir a
precisar de um segundo resgate. Para além de inqualificável, esta declaração do
Comissário integra-se na estratégia de pressões e chantagens da União Europeia
sobre o nosso povo e nosso país, com um objetivo que se torna cada vez mais
claro aos olhos dos portugueses – condicionar as opções políticas do próximo
orçamento de estado e da nova fase política, que assumiu a recuperação de
rendimentos, de salários e de direitos.
Numa
declaração política na Assembleia da República, creio que a afirmação do PCP
sintetiza bem a intenção da União Europeia em todo este processo dirigido aos
trabalhadores e ao povo «como que pretendendo dar uma lição: “não ousem decidir
dos vossos destinos, não ousem construir o vosso futuro, não ousem querer a
riqueza que produzem nem reconstituir direitos que vos foram roubados.”»
A
União Europeia não admite que haja um povo que neste último ano tenha já
alcançado, com a sua luta, a reposição dos salários, o aumento do salário
mínimo nacional (ainda que aquém das necessidades), as 35 horas, a reversão do
privatização das empresas de transporte, a reposição do complemento de reforma,
entre outras.
É
neste contexto que prosseguem as pressões e chantagens da União Europeia.
Quando há uns meses alguns cantavam vitória sobre o processo de sanções a
Portugal, o PCP alertou que esse processo não tinha finalizado e que iria
prosseguir. Ai está à vista de todos.
A
decisão de prolongar o dito processo de “diálogo” sobre a possibilidade de
suspensão total ou imparcial dos fundos comunitários, pretende condicionar a
decisões soberanas.
São
inaceitáveis as pressões e chantagens sobre um povo e um país soberano como
Portugal.
Rejeitamos
qualquer tipo de sanção que seja aplicada a Portugal. A eventual suspensão dos
fundos comunitários só agravaria ainda mais as consequências da política de
empobrecimento e exploração com impactos profundamente negativos na nossa
economia.
Combatemos
as sanções, mas combatemos também os instrumentos e os mecanismos criados pela
União Europeia (com o apoio de PS, PSD e CDS) que permitem a aplicação de
sanções aos Estados-Membros. Esta é a questão de fundo que tem de ser colocada
no debate. Os instrumentos e mecanismos impostos pela União Europeia são parte
integrante de um projeto político e ideológico de dominação capitalista. Um
projeto criado para servir os interesses do capital e atacar os direitos dos
povos.
É
por isso que o desenvolvimento do nosso país passa pela libertação das amarras
e constrangimentos impostos pela União Europeia.
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