Comemora-se
hoje o Dia da Dipanda, os 41 anos da nossa Independência Nacional.
Normalmente
há por hábito analisar o passado, o que se fez, o que se poderia e deveria ter
feito e, principalmente, o que não se fez. Vou-me permitir ultrapassar este
ramerrão e, aproveitando a época que se avizinha, o Natal, entrar na pele do
Fantasma do futuro, o terceiro fantasma do autocrata, avarento e solitário
Ebenezer Scrooge, personagem do livro “Contos de Natal”, de Charles Dickens.
Estou
num sonho onde…
–
As próximas eleições tiveram um comportamento normal numa democracia, onde a
contestação, é a habitual, ou seja, onde todos ganharam, e os outros é que não
ganharam e, no fim, todos ficaram satisfeitos com os resultados;
–
Os deputados eleitos pugnam por defender os seus eleitores e os eleitores
nacionais, mesmo que isso contrarie alguns interesses instalados dentro das
cúpulas partidárias;
–
Vamos ter eleições autárquicas e provinciais, com eleitos locais pelo Povo e
não impostos pelo Poder Central ou pelos impulsos partidários;
– O
nosso País entrou no Índice de Desenvolvimento Médio e caninha a passos largos
para ser um País de forte desenvolvimento, com uma população onde a iliteracia
é quase nula e a pobreza quase erradicada;
– O
nosso Povo é muito farto, seja a nível cultural, seja a nível político, seja a
nível económico. A Cultura, os Livros, estão totalmente à disponibilidade dos
espectadores e dos leitores porque os preços assim já o permitem, dado que a
nossa economia é forte, florescente e dinâmica;
–
O Poder político e o poder económico complementam-se, dado que já não estão
dependentes um do outro, nem colidem um com outro, e ambos respeitam e não se
intrometem, no Poder Judicial;
–
A Justiça é prenhe, rápida e justa, como é normal num País desenvolvido e
respeitado, dado o inatacável carácter dos nossos juízes, totalmente soberanos,
face a naturais pressões externas, e sempre equitativos nas suas decisões;
–
O poder da escrita, da oralidade e da imagem do jornalismo ajuda a governar
melhor o País, as autarquias, as províncias e deixaram de ser meios de
transmissão destes ou de partidos, bem como deixaram de acobertar os interesses
de cada um, e só defendem o interesse geral, do Povo;
–
Porque as cidades, as vilas, as aldeias, as comunas estão todas com excelentes
arruamentos, arborizadas, o saneamento básico que demorou mais do que era
expectável, é já um dos melhores de todo o Continente. Ninguém tem falta de
água canalizada, ligações aos esgotos com estes a serem tratados em excelentes
estações de tratamentos de águas residuais antes de serem lançados para os rios
e o mar, e, por esta via, as antigas doenças endógenas estão quase erradicadas;
a energia eléctrica e o gaz estão em todas as nossas casas sem quaisquer
impedimentos ou interrupções;
–
As ligações ferro, aero e rodoviárias ligam o País de tal forma que conseguimos
nos deslocar de um ponto ao outro sem entraves de índole alguma, principalmente
desde que as linhas férreas foram todas electrificadas o que nos trouxe mais
comodidade e segurança nas deslocações;
–
A corrupção, que sabemos ser impossível de extirpar, é quase invisível; se há e
provavelmente há, deve ser tratada em salas tão abscônditas que nem os mujimbos
ou Mídias abordam.
–
E outros factos que por ora não me ocorrem, mas que colocam o nosso País na
linha do que todos os angolanos desejam.
O pastor
protestante e ativista político Martin Luther King Jr. clamava “I have a
dream” ou seja, tinha um sonho; eu não, “I'm in a dream”, eu vivo, eu
estou no sonho!
E
como Scrooge, que quando acordou do sonho que o 3º fantasma lhe proporcionou,
também eu verei que pude realizar o que me foi predito e tudo o que acima
descrevi aconteceu ou está a acontecer desde que entrámos no ano 42 da nossa
Independência.
Quando
um Homem sonha, o Mundo gira e acontece; quando um País faz sonhar o seu Povo
este torna-o mais País e melhor!
Publicado
no semanário Novo Jornal, edição 457, de 10 de Novembro de 2016, pág. 15 (saiu
na véspera por razões técnicas)
*Eugénio
Costa Almeida – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em
Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo
Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos
de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
Esclarecimento
PG: Alguns dos artigos que estamos a publicar (tal como este) foram cedidos ao
PG em data atempada, só não foram publicados imediatamente devido a
impossibilidades físicas da edição do PG que estamos a procurar superar para o
regresso à normalidade. Aos autores e colaboradores, assim como aos leitores,
apresentamos as devidas desculpas.
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