Administração de Macau precisa de 200 intérpretes e tradutores de português
23
de Novembro de 2016, 21:52
Macau,
China, 23 nov (Lusa) - A administração de Macau precisa de 200 tradutores e
intérpretes de português e as necessidades de magistrados na região até 2020
estão estimadas em 24, revelou hoje o Governo local.
Segundo
"inquéritos internos", são necessários 200 intérpretes e tradutores
entre as duas línguas oficiais de Macau (português e chinês), afirmou o diretor
dos Serviços de Administração e Função Pública de Macau, Eddie Ko, no plenário
da Assembleia Legislativa.
Em
resposta a questões dos deputados, Eddie Ko assegurou que os serviços que
dirige têm dado "muita atenção" à formação de quadros em língua
portuguesa para os organismos públicos. Além da abertura de cursos de formação
para funcionários públicos, referiu bolsas para estudantes que se inscrevam em
cursos de português no ensino superior e incentivos para optarem pelas
carreiras em que há mais falta destes profissionais.
A
equipa da Secretaria da Administração e Justiça de Macau, liderada por Sónia
Chan, apresentou hoje, pelo segundo dia consecutivo, as Linhas de Ação
Governativa (LAG) para 2017 aos deputados, que quiseram saber o ponto da
situação da formação de funcionários judiciais e magistrados, de que a região
tem falta.
Segundo
Manuel Trigo, diretor do Centro de Formação Jurídica e Judiciária de Macau, em
2015 foram identificadas necessidades de 24 magistrados e, entretanto, aberto
um curso de formação e estágio com o mesmo número de vagas. Foram admitidos 14
candidatos e a sua formação deve terminar em setembro de 2017, informou,
acrescentando que depois, "em tempo oportuno", será decidida a
abertura de novo curso.
Quanto
a funcionários judiciais, há necessidade de 100 e está aberto um concurso para
admitir 70 a formação, devendo depois, se necessário, abrir novo curso quando
este estiver terminado.
Nos
dois casos, foi definido um plano de formação que visa colmatar as necessidades
identificadas até 2020, assegurou.
A
secretária Sónia Chan acrescentou que o Governo de Macau admite a possibilidade
de cooperar com "outras instituições" para a formação na área
jurídica.
O
procurador de Macau, Ip Son Sang, disse em outubro que a insuficiência de
magistrados em Macau se acentuou no ano judiciário 2015/2016, mas considerou
que "há razões para crer" numa melhoria de condições no próximo ano,
com a tomada de posse de novos magistrados em formação, o início da construção
do edifício (provisório) para albergar as estruturas do Ministério Público ou
mais contratações de oficiais de justiça.
Noutro
momento do debate de hoje, Sónia Chan foi questionada sobre uma mudança na Lei
de Bases da Organização Judiciária, que está em processo de revisão, de forma a
permitir o recurso de sentenças que envolvem titulares ou ex-titulares de altos
cargos públicos, que são julgados diretamente no Tribunal de Última Instância
(TUI).
A
secretária voltou a não se comprometer com esta questão, considerada "uma
anormalidade" pelo deputado Leonel Alves, limitando-se a responder que o
Governo vai "fazer estudos" sobre o assunto.
MP
// VM
Nove
artistas portugueses em destaque no Festival de Vídeo Experimental de Macau
23
de Novembro de 2016, 21:17
Macau,
China, 23 nov (Lusa) -- A edição deste ano do Festival de Vídeo Experimental de
Macau é dedicada a Portugal, com destaque para trabalhos de nove artistas
portugueses que testam e questionam "os limites" do próprio meio.
Os
trabalhos de Rui Calçada Bastos, Nuno Cera, Carla Cabanas, António Júlio
Duarte, José Carlos Teixeira, José Maçãs de Carvalho, Tatiana Macedo, Mariana
Viegas e Bruno Ramos podem ser vistos em Macau entre sexta-feira e domingo,
juntamente com os de quase duas dezenas de artistas de Macau.
José
Drummond, responsável pela seleção do programa dos artistas portugueses,
explica à Lusa que, tal como noutras formas de arte experimental, também no
vídeo o objetivo é "testar os limites do media em si". O vídeo experimental
"distancia-se de uma forma mais narrativa de um filme, com começo, meio e
fim" e "questiona o próprio media", refletindo "que tipo de
experiências se pode fazer" com ele.
Nesse
sentido, o programador considera o trabalho de José Maçãs de Carvalho
"muito paradigmático": "Não se limita a apontar uma câmara para
qualquer coisa e tentar construir uma narrativa a partir daí. Não, há uma
ligação com o media. O filme experimental renasce muito pela manipulação do
filme em si e não por aquilo que é feito pela câmara".
Drummond
destaca também o trabalho de José Carlos Teixeira, que fica "entre o
documental e a performance", em que se pede às pessoas para "simular
uma queda". O resultado é algo que "não é cinema, não é documentário
e acaba por não ser performance".
O
programador elogia ainda o trabalho de Tatiana Macedo, que considera brilhante:
"O que ela fez foi ir à Tate Gallery e são 45 minutos Tate Gallery, mas no
trabalho o sujeito não são as obras de arte e não é o público. Ela tenta
transmitir um pouco do que é o olhar sobre o museu a partir da condição dos
assistentes, das pessoas que estão a tomar conta das salas, os guardas.
"Nessa
perspetiva, é quase como se tivesse a retirar uma função qualquer da câmara
enquanto objeto de registo, passando a ter uma função emocional que é o que é
que aquelas pessoas veem, o que é a vida delas, o que é que elas sentem",
prosseguiu.
Apesar
das dificuldades inerentes à seleção de trabalhos para um festival, Drummond
considera que "Portugal tem excelentes" artistas em toda a linha e o
vídeo experimental não é exceção, pelo que a abundância de oferta fez com que
fosse mais fácil "encontrar soluções e criar diálogos que fizessem sentido
na programação" do evento.
O
programador, que é ele próprio também artista plástico, considera que há algo
que distingue os trabalhos dos portugueses dos restantes artistas.
"Nos
trabalhos de Macau, apenas o do Yves [Etienne Sonolet] é feito por um
ocidental, todos os outros são de Macau. Têm uma perceção que tem que ver com
uma forma mais asiática. Nesse sentido [os portugueses] são realmente trabalhos
diferentes. Há momentos de memória e perceção que são comuns a todos os
trabalhos, mas são diferentes porque a origem das pessoas é diferente, as vidas
das pessoas é diferente, aquilo que veem, que sentem, sentem-no de forma
diferente", explicou.
Drummond
lembra que quase todos os artistas portugueses que participam no festival são
marcados pelo facto de "em determinado ponto da sua carreira terem sido
emigrantes ou terem tido alguma ligação com a viagem" -- José Carlos
Teixeira vive nos Estados Unidos, Bruno Ramos em Londres, Tatiana Macedo em
Berlim, Mariana Viegas na Dinamarca, Nuno Cera no Canadá, Rui Calçada Bastos
viveu 12 anos em Berlim e António Júlio Duarte fez muito do seu trabalho fora
de Portugal.
"A
ligação [dos artistas] de Macau é com Macau, enquanto o programa português é
mais universalista", resume.
ISG//APN
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