@Verdade,
editorial
Pode
parece que estamos a caricaturar mas, infelizmente, é nisto que somos bons
neste país: empregar sobrinhos, amantes e cunhados, esvaziar os cofres do
Estado e ampliar os patrimónios pessoais à custa do dinheiro do povo. Como
consequência disso, hoje o país caminha a passos largos para uma situação
insustentável. Tudo indica que o pior está por vir. Porém, o mais revoltante
nessa história é saber o rumo que dado ao dinheiro que nós é descontado todos
os santos mês, após jornadas duras de trabalho.
A
que propósito vem isto agora? A propósito da delapidação desenfreada do
património do contribuinte moçambicano, levado a cabo pela Frelimo, atráves do
Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Há anos que o dinheiro da
Segurança Social tem sido gasto em negócios obscuros, para não dizer duvidosos.
Exemplo disso é o investimento de mais de um bilião de meticais do dinheiro que
os moçambicanos são forçados a descontar, numa instituição bancária que hoje é
dada como falida. Além disso, num negócio que, na verdade, se trata de uma
burla qualificada, o INSS emprestou pouco mais de 200 milhões de meticais a uma
empresa de ramo de aviação.
Na
verdade, o INSS já nos habituou com os roubos descarados. E esses factos
mostram como aquela instituição transformou-se numa vaca leiteira de uma corja
de corruptos ligados ao partido Frelimo e ao Governo de turno. Com esse andar
de carruagem, o sofrido trabalhador moçambicano corre o risco de, na velhice ou
em caso de invalidez, não ver um centavo sequer de que tem direito. Aliás,
presentemente, grande parte dos moçambicanos que descontaram para Segurança
Social tem estado a viver um verdadeiro martírio para reaver pelo menos 300
meticais por mês.
Quando
pensamos que o valor será usado para dar alguma dignidade aos moçambicanos na
terceira idade ou numa eventual invalidez, eis que somos surpreendido com a
notícia de que o dinheiro é usado, de forma inescrupulosa, para financiar
operações duvidosas e com fins inconfessáveis.
Diante
dessa situação e, sobretudo, pelo nosso dinheiro que está à saque desenfreado
no INSS, não nos resta outra saída a não ser sairmos à rua para demonstrar a
nossa indignação e revolta. Dói-nos saber que todos os meses, com o suor e até
sangue do nosso trabalho, temos estado a sustentar gatunos de facto e gravata,
para além de ajudá-los a ampliarem os seus patrimónios individuais para lá do
intolerável.
Assistindo
toda essa vergonha, não temos dúvidas de que devemos recusar categoricamente a
canalização de 7 porcento (três pago pelo trabalhador e 4 pelo patronato) do
ordenado ao INSS. Esse desconto tem de ser facultativo e não obrigatório, pois
só assim o trabalhador moçambicano faria o melhor uso. O valor descontado
mensalmente, ao fim de um ano, é suficiente para o pacato trabalhador melhorar
a sua habitação ou desenvolver uma actividade de rendimento para garantir a sua
subsistência, e dar uma vida com mínimo de dignidade a sua família.
É,
portanto, preciso manifestarmo-nos contra toda essa roubalheira organizada e
exigirmos que o desconto para a Segurança Social seja FACULTATIVO.
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