Martinho Júnior, Luanda
Ao
fim da tarde do dia 13 de Fevereiro de 2017, faleceu na cidade do Kuito, no
Bié, o camarada José Saiago.
O
malogrado finou-se com a idade de 82 anos, sendo até à data um dos membros mais
idosos da comunidade de segurança do país e membro associado da Acção Social
Para Apoio e Reinserção, ASPAR.
Em
vida, desde a fundação das geoestratégicas Forças Especiais do Bié em 1976, foi
um técnico auto que garantiu a operacionalidade das viaturas que possibilitaram
algumas das respostas mais operativas daquela unidade e de outras, enquanto
houve acções de guerra em Angola.
Fizesse
chuva, fizesse sol, qualquer que fosse a hora do dia ou da noite, respondeu
sempre com prontidão às necessidades, quantas vezes aceitando os riscos a fim
de garantir os movimentos das tropas.
Viveu
também “in loco” as horas mais difíceis da cidade do Kuito, quando a
guerra dilacerou o tecido humano na capital do Bié, na década de 90 do século
passado.
Foi
um homem criativo nas suas aptidões profissionais, encontrando soluções
técnicas e logísticas ali onde parecia ser impossível obter resultados práticos
e sempre sob pressão.
Malgrado
os esforços contínuos da ASPAR, faleceu sem benefício de qualquer tipo de
pensão de reforma, nem de apoio institucionalizado do estado angolano.
Muitos
camaradas, companheiros de luta e combatentes estão ainda nessa situação que
nos obriga a recordar que, sendo dos primeiros em todo o tipo de frentes
garantes de independência e soberania, os membros da comunidade estão a ser dos
últimos a, com a dignidade que merecem em função do seu exemplo patriótico e
dos deveres cumpridos com perseverança e estoicismo ao longo das primeiras
décadas de Angola libertada, beneficiar do reconhecimento e apoio nas reformas
que tardam a ocorrer na última fase de suas vidas.
Além
das razões institucionais desta intervenção, há portanto sobejas razões
humanitárias e solidárias que obrigam o presente elogio fúnebre, para que o
combate à pobreza não seja uma ideia no abstracto e se possa concretizar em
toda a extensão humana que o processo histórico angolano exige.
Para
que o estado angolano corresponda como é desejo de toda a comunidade, é
necessário que uma outra atenção seja prestada a entidades colectivas como a
ASPAR, pelo que uma vez mais se apela nesse sentido, fazendo ainda uso da
qualidade de Instituição de Utilidade Pública que é por obrigação e dever desde
o Decreto Presidencial nº 06/12 de 16 de Janeiro de 2012, conforme determinação
de Sua Excelência o Senhor Presidente da República José Eduardo dos Santos.
Honra
à memória de todos os camaradas, companheiros de luta e combatentes que
cumpriram com seus deveres substantivos nas horas mais decisivas e difíceis,
garantes da independência, da soberania e da democracia em Angola!
Fotos: Assembleia provincial de membros da ASPAR no
Bié a 15 de Junho de 2011, presidida pelo camarada Brigadeiro Sacha, Presidente
da ASPAR, que contou também com a presença do camarada José Saiago conforme uma
das fotos em que aparece de pé, quando dirigia a palavra perante a audiência e
a mesa.
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