quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Angola. OS JOVENS E AS ELEIÇÕES



Jornal De Angola, editorial

Em Angola, onde a maioria da população é jovem, o maior segmento com participação expressiva nos processos eleitorais é igualmente aquele formado pela  juventude. Inclusive o processo de sensibilização e mobilização de boa parte das formações políticas conta com o papel activo da juventude, a montante e a jusante. Acredita-se que as lideranças actuais, fruto da sua própria experiência enquanto jovens militantes, compreendem exactamente o papel que os jovens desempenham como mobilizadores e mobilizados.


Grande parte das condições para que Angola vá às urnas em Agosto está a ser largamente preparada pela juventude, razão pela qual vale a pena apelar sempre aos mais velhos no sentido de olharem mais para este importante segmento. Escusado será dizer os sacrifícios que os jovens consentiram largamente para que Angola se mantivesse una, indivisível e inviolável de Cabinda ao Cunene. Não há dúvidas de que os actuais frutos da paz, estabilidade e da reconstrução devem reverter, de alguma forma, para a população maioritariamente jovem, tal como sucede em grande medida noutras esferas. Tem havido um esforço muito grande para a efectivação deste desiderato que constitui uma aposta permanente da governação, que deve continuar a aumentar e a melhorar com a participação dos próprios jovens.  

Numerosos apelos têm sido feitos para que os nossos jovens não se sintam marginalizados, não esperem quando podem ir ao encontro das soluções e que estejam sempre à altura dos desafios e oportunidades que as instituições e o país proporcionam. Fica mais fácil às instituições do Estado ajudarem quem verdadeiramente se ajuda a si mesmo em detrimento de quem cruza completamente os braços.  

O engajamento político dos jovens é importante para que os mesmos estejam devidamente esclarecidos, tenham maturidade cívica e política para a compreensão plena dos fenómenos que regem a vida em sociedade. Muitas das reclamações protagonizadas pelos nossos jovens, embora naturais e normais, resultam em grande medida da injustificada aversão à política e distanciamento para com os fenómenos políticos, entre outros factores. São, regra geral, estes factores que se constituem como ingredientes para a transformação de numerosos jovens como cobaias de formações políticas cuja actuação muito se baseia no imediatismo, oportunismo e demagogia. 

Os jovens precisam de estar presentes ali onde muitos dos seus problemas são avaliados, ali onde as soluções para os problemas são planeadas e onde o seu futuro é decidido. Não devem sentir-se adversos à política porque esse procedimento, a ausência completa do maior segmento da população na política, contribui para adiar a resolução dos seus problemas. 

As instituições juvenis dos partidos políticos têm uma grande responsabilidade porque não apenas constituem viveiros onde são preparados os futuros responsáveis, mas porque podem igualmente ser importantes plataformas para engajar os jovens. Acreditamos que se tivermos jovens muito bem informados, bem preparados do ponto de vista da concepção do papel da política na sociedade, vamos ter sucessivamente processos eleitorais exemplares no continente. E como a democracia depende menos dos ciclos eleitorais e mais do que efectivamente se passa ao longo destes intervalos, com a participação cívica e política activas, os jovens podem fazer a diferença.

As formações políticas devem continuar a apostar na juventude porque como disse há dias o candidato do MPLA a Presidente da República nas  próximas eleições, João Lourenço, referindo-se à crença do seu partido na juventude, “acreditamos que os nossos jovens, hoje ainda estudantes, tal como no passado, também nesta fase de desenvolvimento económico e social devem jogar um papel determinante para a construção de um futuro melhor para os angolanos.”

É também nossa crença que todos os partidos políticos, com pretensões de conquista, exercício e manutenção do poder, tenham os jovens como “razão de ser” de numerosas formulações para o desenvolvimento de Angola. 

Contar com os jovens pressupõe fazer bom proveito da força intelectual e da capacidade de empreender dos mesmos, tendo sempre Angola acima de todos os outros interesses. Aproximam-se as próximas eleições e temos certeza de que, mais uma vez, os partidos políticos vão contar com os jovens para as mais variadas tarefas, como o fizeram aquando do processo de actualização e registo eleitoral.

Nestas eleições, marcadas para Agosto, os jovens vão ter uma presença massiva, quer no arranque e realização das campanhas eleitorais, quer nas assembleias de voto, quer  ainda como votantes. Por isso, apelamos aos jovens no sentido de uma tomada de consciência sobre as responsabilidades e desafios que impendem sobre si. 

Em respeito à Constituição, à Lei dos Partidos, à Lei Eleitoral e a outros regulamentos que regem o processo eleitoral, na sua fase inicial ou posterior, esperamos que os partidos políticos sejam os primeiros a respeitar as leis do país ao contarem com a juventude. Pretendemos todos que o jogo político em Angola, sobretudo neste ano eleitoral, não fique refém de práticas que não dignificam a nossa democracia.

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