Moçambicanos
ouvidos pela DW África em Tete estão confiantes nas negociações para pôr fim ao
conflito no país, após anúncio do regresso da RENAMO à política ativa. Oposição
pede às populações que voltem às suas casas.
"No
princípio, não era uma coisa que se esperava", começa por dizer Benade
Thamussene, um dos cidadãos moçambicanos ouvidos pela DW África em Tete, onde
os membros da RENAMO receberam garantias de regresso à normalidade na voz do
líder da oposição, Afonso Dhlakama.
Benade
acredita que "se eles [a RENAMO] são os primeiros a dar aquela vontade às
populações de voltarem aos sítios que abandonaram é porque já se sentem seguros
de que as negociações estão a andar bem".
"A
paz já está no caminho da luz verde", diz, por sua vez, Eusébio Escrivão,
considerando que não haverá mais incidentes, "caso haja uma boa
reunião". "Vamos andar livres", conclui.
Do
mato para a vida política
Nas
províncias do centro do país, as atividades políticas do maior partido da
oposição moçambicana estiveram cerca de dois anos paralisadas devido à tensão
político-militar.
Agora,
a RENAMO pretende reativar sedes e reatar laços com os governos provinciais, a
pensar já nas autárquicas do próximo ano.
"Vamos
reiniciar as atividades políticas. Ninguém irá sequestrar as pessoas, tudo
terminou”, garantiu o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, em teleconferência
perante os seus membros em Tete.
"Temos
de estar prontos para derrotar por completo a FRELIMO, nas próximas eleições
autárquicas de 2018”, acrescentou.
A
RENAMO também convidou as populações a voltarem às suas residências e
atividades normais, no âmbito da trégua entre o maior partido da oposição e o
Governo de Moçambique.
Reuniões
e garantias
Esta
semana, para além de encontros com os governos provinciais, representantes da
RENAMO reuniram-se também com os comandantes provinciais.
"Fomos
ter com o comandante provincial e ele até disse que neste momento de trégua
ninguém pode viver no mato", afirma Ossufo Momede, deputado do Parlamento
nacional e chefe da brigada da RENAMO destacada à província de Tete.
"Com
a resposta que deram, ficámos muito encorajados. O governo e o comandante da
província garantiram que iam colaborar com a delegação da RENAMO",
acrescenta o deputado.
O
partido diz ter recebido garantias das autoridades provinciais de que irão
colaborar com a RENAMO para pôr fim aos sequestros e perseguições aos membros
do partido em vários distritos de Tete.
Na
quinta-feira (09.02), uma brigada da RENAMO, composta por quatro deputados da
Assembleia da República destacada a Tete, deslocou-se ao distrito de Angónia –
ao norte da província, para a reativação das sedes do partido.
Amós
Zacarias (Tete) – Deutsche Welle
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