Federico
Pieraccini - Strategic Culture - Tradução: btpsilveira
Importantes
mudanças mundiais estão acontecendo dentro do grande triângulo estratégico em
curso entre Rússia China e Irã, enquanto o resto do mundo continua perdendo
tempo tentando decifrar ou assimilar a nova presidência Trump.
Distante
do atual caos nos Estados Unidos, grandes acontecimentos estão acontecendo a
pleno vapor, com Irã, Rússia e China coordenados em uma série de movimentos
significativos para o futuro do continente eurasiano. Com uma população total
de mais de cinco bilhões de almas, que constituem cerca de dois terços da
população do planeta, o futuro da humanidade passa obrigatoriamente através
dessa área imensa. Apontando para uma mudança de grande magnitude na ordem
mundial que se baseia atualmente na Europa e nos Estados Unidos, em direção a
mundo multipolar monitorado pela China, Irã e Rússia, os estados eurasianos
estão se preparando para um papel de liderança no desenvolvimento desse enorme
continente. Como parte dos desafios que deverão enfrentar os líderes desses
países multipolares, os eventos prejudiciais que se originam na ordem mundial
Euro/Atlântica construída depois da Segunda Grande Guerra mundial terão que ser
encarados.
Analisando
os principais projetos do continente eurasiano, uma coisa que se destaca é o
papel da China, Rússia e Irã nas diferentes áreas sob sua influência. O projeto One
Belt, One Road (um cinturão, uma estrada, também conhecido como OBOR – ntrad) que
foi proposto por Pequim (com investimento de cerca de um trilhão de dólares dentro
dos próximos dez anos); a União Econômica Eurasiana (Eurasian Economic
Union – ntrad) proposta por Moscou para integrar as antigas repúblicas
soviéticas da Ásia Central e o papel do Irã no Oriente Médio como esforço para
trazer de volta a estabilidade de prosperidade para a região – são todos de
importância crucial para o desenvolvimento eurasiano. Claro que possuindo uma
perspectiva multipolar, todos estes projetos convergem totalmente, e requerem
desenvolvimento conjunto e coordenado para que resultem realmente no sucesso do
continente eurasiano.
Neste
sentido, as principais áreas de grande agitação incluem aquelas sob a esfera de
influência destes principais países eurasianos. As principais concentrações de
turbulência podem ser facilmente identificadas no Oriente Médio e no Norte da
África, isso para não fazer menção ao Golfo Pérsico, onde a guerra criminosa da
Arábia Saudita contra o Iêmen continua sem tréguas há 24 meses.
Uma
fonte de cooperação: o terrorismo islâmico
A
fonte comum de instabilidade no continente eurasiano resulta do terrorismo
islâmico, utilizado pelas grandes potências ocidentais como um instrumento de
divisão e conflito. Assim, o papel de sauditas e turcos, alimentando e
espalhando o Wahhabismo, bem como a Irmandade Muçulmana significa que eles
estão diretamente contra a estabilidade pretendida pela esfera Russa, Chinesa e
Iraniana. Previsivelmente, o papel de Teerã na região se tornou decisivo, com o
apoio total, financeiramente da China e militarmente da Rússia. Hoje, o Irã é o
país no qual a influência sino/russa se manifesta em todos os níveis, na região
e além dela. A deterioração da situação militar na Síria, no entanto, obrigou
Moscou a intervir militarmente para ajudar à Síria, aliado regional mais
importante do Irã na região, mas ao mesmo tempo providenciou uma desculpa
perfeita para conter a influência da Arábia Saudita e da Turquia na região. O
Crescente Xiita em ascensão, que liga Irã, Iraque, Síria e Líbano, é de
importância vital para quem quer estabelecer ou manter a influência de um mundo
multipolar na região. Até agora, Washington tem sido capaz de impor seus
assuntos através de ações levadas a termo por Arábia Saudita e Turquia, seus
submissos ativos regionais, cujos interesses se alinham sempre com os mesmos de
elementos sionistas, neoconservadores e Wahhabis que existem no estado profundo
dos Estados Unidos. Washington claramente quer manter e preservar a ordem
mundial de um mundo unipolar através de seus aliados regionais, com o objetivo
de se manter o principal árbitro nas questões do Oriente Médio, uma área que
reflete a instabilidade desde o Golfo Pérsico até o Norte da África.
Não
é de se admirar, portanto, que Moscou tente manter relações especiais com o
governo egípcio que sucedeu a Irmandade Muçulmana de Morsi, com a intenção de
conter a influência saudita/(norte)americana no Cairo e no Norte da África,
especialmente na sequência da destruição da Líbia de Kaddafi. Os sinais
emitidos por Al Sisi são encorajadores e representam um exemplo claro de um
mundo multipolar em construção. O Egito aceitou financiamento saudita durante a
época de elevada tensão entre Doha e Riad, o que representava um movimento de
fraqueza óbvia do Cairo, especialmente depois do golpe que removeu Morsi, o
qual era apoiado pelo Catar, Turquia e Estados Unidos. Hoje, o Egito está feliz
em cooperar com Moscou, especialmente no que diz respeito a armamentos (a
compra de dois navios Mistral da França representa futuras compras de armamento
de Moscou; da mesma forma, é o caso de desenvolvimento de fontes de energia
nuclear, que seria alternativa para a importação massiva de petróleo da Arábia
Saudita, a qual foi suspensa por Riad, logo depois do início do diálogo entre
Cairo e Damasco). O Egito trabalha para estabelecer uma posição estratégica na
região, cada vez mais influenciada pelo triângulo russo/sino/iraniano
(conversações sobre a inclusão do Egito na EAEU [União Econômica Euroasiática-
ntrad] Estão em andamento já há algum tempo), embora não descarte completamente
a contribuição econômica da Arábia Saudita e dos Estados Unidos. Por outro
lado, a influência de Turquia e Irã é rejeitada e declarada hostil,
principalmente por causa do contínuo relacionamento com a Irmandade Muçulmana,
uma das maiores preocupações do país no Sinai.
A
estabilidade no Oriente Médio e no Norte da África depende de uma expansão do
papel mediador do Irã; de importantes contribuições financeiras da República
Popular da China (pense um pouco na situação da Líbia e na reconstrução da
Síria); e de uma cooperação militar da Federação Russa. A importância de focar
nestas áreas jamais será superestimada, já que representam os primeiros passos
na direção de uma reestruturação mais fundamental da nova ordem mundial em
partes diferentes da massa continental eurasiana.
Síria,
um caso de estudo: o Cáucaso, a Ásia Central e AfPak (região do
Afeganistão/Paquistão – ntrad)
Ao
prestarmos atenção nos perigos que representam um Islã politizado e o
extremismo wahhabista, sempre vêm à mente três áreas do continente eurasiano
para considerações: as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central; a fronteira
sempre problemática entre Afeganistão e Paquistão e a área do Cáucaso. Netas
áreas, a cooperação entre China, Rússia e Irã está mais uma vez desempenhando
um papel chave, e estamos presenciando muitas tentativas de mediação de tensões
e conflitos que podem ser potencialmente catastróficos para o desenrolar de
projetos econômicos e de desenvolvimento. Os ataques terroristas que
aconteceram recentemente na cidade de Lahore, capital da província do Punjab no
Paquistão, mostram a verdadeira face da cooperação entre Afeganistão e
Paquistão, decididamente encorajada pela China e pela Rússia. Logo após uma
breve troca de tiros entre militares dos dois países na fronteira comum, um
acordo foi arranjado entre Kabul e Islamabad para reduzir as tensões e fazer progredir
conversações de paz fortemente apoiadas por Moscou e Pequim. A necessidade de
interromper a escalada de tensões entre Paquistão e Afeganistão é um dos
principais objetivos de Rússia e China, naquela que é uma das regiões mais
instáveis do mundo e pela qual deverão transitar os futuros projetos liderados
pela aliança Irã/Rússia/China. A instabilidade dessa área em particular depende
em grande parte do papel que Índia, Arábia Saudita, Estados Unidos e Turquia
pretendem desempenhar para colocar um contrapeso ao papel do trio eurasiano.
Assim, não é por coincidência que Moscou está tentando várias formas de
entendimento complexo com cada um desses atores. A Arábia Saudita e a Turquia
são os centros de controle e administração do terrorismo internacional, e a
influência negativa de Riad e Ancara é sentida desde a Líbia e a Síria, até o
Paquistão, Afeganistão e o Cáucaso. Aqui, o fator determinante não é exercido
pelos Estados Unidos, embora Washington não tenha nenhum pejo em encorajar
quaisquer esforços destrutivos diretos contra a integração do continente
eurasiano.
No
papel representado por Rússia e Turquia, o primeiro ponto positivo de
entendimento parece ser a Síria, e pode, caso seja encontrado um resultado
positivo para o conflito, representar a pedra fundamental sobre a qual se
poderá construir uma cooperação estratégica em áreas como AfPak e Ásia Central.
Neste sentido, os incentivos do corredor energético representado pelos
oleogasodutos, nos quais o principal empreendedor é a Rússia, não pode ser
subestimado, como é o caso, por exemplo, do Turkish Stream. Também no Cáucaso,
que é outra área de instabilidade acentuada, o papel desempenhado pela Rússia e
Irã foi decisivo durante os quatro dias da Guerra em Nagorno-Karabakh.
Em
relação ao campo energético, é certamente um grande fator de interesse para a
Arábia Saudita, que está há tempos observando a diversificação do setor
energético com atenção, em especial a energia nuclear civil, campo no qual a
Rússia tem posição de liderança mundial. Moscou diversifica seu jogo,
valorizando suas cartas ao prover cooperação econômica e militar com seus
parceiros mais próximos (Irã, China, Síria, Cazaquistão, Tajiquistão e
Quirguistão); fortalecendo as alianças bilaterais através de incentivo na forma
de cooperação em sistemas de armamentos (Índia, Paquistão e Egito); e
cooperação no setor de energia com países tão distantes como Catar, Emirados
Árabes Unidos e Arábia Saudita, na intenção de abrir brechas que lhe permitam
alcançar acordos geopolíticos mais amplos.
Toda
a estratégia das três principais nações eurasianas dirige-se primariamente para
a consolidação de suas fronteiras nacionais com os países das regiões mais
turbulentas. A recente viagem de Putin ao Cazaquistão, Tajiquistão e
Quirguistão tinha o objetivo de fortalecer a parte mais vulnerável da Federação
Russa, ao eliminar a ameaça e influência do terrorismo islâmico radical,
permitindo a expansão da cooperação econômica na União Eurasiana. Embora não
seja uma tarefa fácil, há o encorajamento da perspectiva de ganhos de parte a
parte para as nações envolvidas, com acordos bilaterais mutuamente vantajosos,
em vez de imposições. De certa forma, é o que a República Popular da China
também está tentando fazer na Ásia Central, uma das regiões mais voláteis do
planeta, esforçando-se para estabelecer acordos e expandir o conjunto de seus
recursos energéticos, como ocorreu recentemente no Turcomenistão. Outro exemplo
da redução de ameaças no continente eurasiano pode ser visto na província
chinesa de Xinjiang, onde a China colocou seus esforços um uma área onde existe
a necessidade urgente de minimizar as tensões políticas e sociais, caso se
queira evitar o sucesso de esforços estrangeiros para desestabilizar a China, a
partir principalmente da Turquia, através de seu aliado Turcomenistão.
Neste
contexto, o papel mais difícil de entender é o desempenhado pela Índia,
encaixotada dentro de sentimentos contrários a Paquistão e China, bem como uma
antiga sujeição aos Estados Unidos e uma boa amizade histórica com a Federação
Russa. As ações de Nova Deli nesta parte do mundo são as mais difíceis de
decifrar, vendo-se os inescrutáveis esforços da Índia para avançar na direção
de seus objetivos estratégicos. A importância estratégica de Moscou e Teerã é
essencial para equilibrar a posição da Índia. Historicamente, a Índia é um
parceiro importante da URSS, e em anos mais recentes o exército hindu continua
a desenvolver projetos militares importantes com a Federação Russa. Mais
recentemente, a República Islâmico da Irã contribuiu muito para a
diversificação dos suprimentos de energia da Índia. O fato de que Teerã é um
parceiro privilegiado do Pequim mostra como se parece um mundo multipolar, e
também ajuda a equilibrar o sentimento de antipatia contra a China,
profundamente enraizado no establishment hindu. Neste caso, Rússia e Irã estão
claramente desempenhando papel de mediadores entre China e Índia. O fato de que
tanto a Índia quanto a China são compradores importantes de gás do Irã, bem
como o fato de que tanto China quanto Índia estão cooperando com a Rússia em
termos militares, ajuda a compreender como Moscou e Teerã estão pouco a pouco
eliminando Washington e amenizando o sentimento contra a China na Índia.
As
tensões dos fás de Washington na Índia estão sendo cada vez mais afastadas, não
apenas porque trazem dificuldades para a necessidade do país de criar um
ambiente confiável de desenvolvimento sem excluir qualquer oportunidade de
parceria. O maior e mais difícil desafio é o processo de paz entre Afeganistão
e Paquistão, o qual vai contra os interesses geopolíticos da Índia na região,
nesta questão alinhados com a posição (norte)americana. Para amenizar a
situação, é necessária grande cooperação conjunta. A SCO – Shanghai Cooperation
Organization (Organização de Cooperação de Xangai – ntrad) tentará construir um
quadro dentro do qual se discuta e se encontre acordos possíveis entre todos os
participantes envolvidos. Mais uma vez, uma conversação regional entre poderes
eurasianos não incluirá a velha ordem mundial composta por Europa e Estados
Unidos.
Não
se pode declarar que o esforço exercido por China e Rússia na Ásia Central são
exagerados por causa da importância dos recursos energéticos potencialmente disponíveis.
Isso para não mencionar a futura possível cooperação entre duas áreas
econômicas gigantescas, como a União Europeia e Ásia, que deverá fluir através
da Ásia Central, transformando a União Eurasiana em uma ponte dourada ligando a
Europa e a Ásia. Até agora, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva
(CSTO – Collective Security Treaty Organization – ntrad) se portou apenas como
uma organização nos moldes da SCO, que tem a tendência de priorizar a luta
contra o terrorismo; mas cada vez mais estás sendo vista como um lugar
disponível para conversações, uma organização que pode oferecer um caminho para
a cooperação econômica e que oferece prioritariamente as bases para a
estabilização territorial da região. Nesta área do planeta, a prosperidade econômica
depende profundamente da estabilidade militar e política.
Resumindo,
trata-se do principal desafio que a Rússia, China e Irã estão encarando,
nomeadamente, arrefecer as zonas quentes (Oriente Médio, Golfo Pérsico e Norte
da África) através da erradicação do problema do terrorismo, e evitar nova
escalada de tensões em regiões vizinhas que se situam dentro de sua esfera de
influência (o Cáucaso, Afeganistão/Paquistão e Ásia Central). Assim, estarão
evitando uma desestabilização destrutiva.
Somente
quando um quadro internacional estiver implementado firmemente nestas áreas,
estabilizando-a totalmente, será possível uma grande e abrangente cooperação
econômica que terá significação histórica. Neste sentido, a admissão da Índia e
do Paquistão na SCO foi o primeiro passo de um acordo complicado arranjado pela
China e Rússia e que cobriu uma dúzia de nações. A mesma situação será
observada com a futura entrada do Irã na SCO, com o objetivo específico de
aumentar a influência da SCO em áreas instáveis como o Golfo Pérsico me o
Oriente Médio. Da mesma forma as discussões relativas à entrada do Egito na SCO
como membro efetivo é destinada a expandir a influência positiva da SCO em
lugares tão longínquos quanto o Norte da África.
As
fundações desenvolvimentistas que Rússia, China e Irã estão arquitetando
destinam-se a tornar irrelevantes os Estados Unidos em seus esforços para
esticar seu momento unipolar. Ao combinar o desenvolvimento econômico e
demográfico dessas áreas com a população do continente eurasiano, é fácil
entender como, no espaço de duas décadas, se tanto, a área que vai de Portugal
à China e que inclui dúzias de nações em todas as latitudes e longitudes e que
se estende desde as regiões Árticas da Federação Russa até as praias da Índia
no Golfo Pérsico, deverá ser o pivô central a girar a economia mundial. A
combinação dos corredores de mar e terra fará do continente eurasiano o coração
do mundo, não apenas em termos de produção mas também em negócios e consumo,
devido ao crescimento da riqueza da classe média dessas áreas do planeta.
Numa
visão estratégica que historicamente incorporou décadas de planejamento, Teerã,
Moscou e Pequim conseguiram compreender totalmente que a estabilidade é o
objetivo principal a ser conquistado para promover desenvolvimento econômico
efetivo que beneficie todas s nações envolvidas. Na Ásia, a ASEAN (Association
of Southeast Asian Nations – Associação das Nações do Sudeste Asiático – ntrad)
começou a agir de forma menos beligerante com a China. Embora Pequim continue a
assegurar seus interesses estratégicos com a construção e militarização de
ilhas artificiais no Mar do Sul da China. O presidente Duterte, das Filipinas,
parece ter compreendido os ganhos potenciais de uma cooperação multipolar, e a
recente guinada estratégica efetuada por seu país está mostrando o caminho para
todas as nações asiáticas, especialmente na sequência do fracasso do projeto de
livre comércio denominado TPP (Trans-Pacific Partnership), abandonado por
Washington, que o projetara. Pertence ao futuro o papel que deverá ser
representado pelo velho continente europeu, desde que continua amarrado à
estratégia (norte)americana, focada em isolar a Rússia, China e Irã e
comprometido em promover a hegemonia de Washington a qualquer custo, mesmo que
isso envolve uma espécie de suicídio econômico, como pode ser visto nas sanções
contra a Federação Russa motivadas pelos acontecimentos na Ucrânia.
Embora
não se possa predizer, não se pode da mesma forma excluir uma mudança de
direção pela Europa, como resultado direto das políticas fracassadas de se
ajoelhar perante os interesses dos Estados Unidos em detrimento dos interesses
dos cidadãos europeus. Não é por acaso que muitos partidos europeus,
considerados populistas ou nacionalistas, têm mesmo a intenção de se voltar
para o oriente, na busca de uma cooperação que por longo tempo vem sendo
evitada pela estupidez das elites ocidentais.
China,
Rússia e Irã parecem ter mesmo a intenção de acelerar o projeto de uma
cooperação global e não mostram disposição para fechar a porta a qualquer ator
de fora da Eurásia, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado e
interconectado. Dê uma olhada nas ligações da República Popular da China com
projetos de desenvolvimento em países da América Latina para entender como a
dimensão ciclópica dessa vontade de incluir todas as nações sem exceção. É
sobre essa fundação que a nova ordem mundial multipolar está assentada, e cedo
ou tarde as elites europeias e (norte)americanas terão que entender. O dilema
que a elite ocidental tem uma dificuldade enorme de assimilar é o fato de que
seu papel será diminuído na futura ordem mundial: os Estados Unidos e a Europa
não mais serão protagonistas, e sim atores em pé de igualdade no elenco
internacional. A ordem multipolar está a todo o vapor, deixando sem tempo e em
crise o mundo unipolar. Como reagirão europeus e (norte)americanos? Aceitarão o
papel de fazer parte do elenco em pé de igualdade ou rejeitarão a mudança
histórica inexorável, relegando-se ao papel de um doloroso processo de
aniquilação e esquecimento?
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