A
nova doutrina da administração dos EUA na Síria é baseada nas sugestões vindas
da administração de Israel: reduzir o nível de expansão da influência da Rússia
no Oriente Médio, separar Moscou do Irã, colocar contra a parede tanto o
Irã como as falanges do Partido libanês "Hezbollah" na Síria,
deixar a força aérea russa, BKC na sigla russa, sem combatentes na terra de
aliados assim como jogar o exército da Síria de Assad na beira da derrota
militar.
Nicolai
Bobkin*
Não
há dúvidas de que o ataque de mísseis na base aérea militar da Síria sancionado
por Trump faz parte desses planos ( этих планов ). Entretanto, o enfiar de uma cunha de
separação na boa relação entre Moscou e Teerã não deu o resultado intencionado,
ou seja, não teve sucesso. A Rússia e o Irã demonstraram um entendimento
sem precedentes e isso num nível de alto escalão militar.
Em
8 de abril deu-se uma conferência telefônica ( телефонный разговор ) entre os generais-chefes do
Estado Maior das forças armadas dos dois países, o general-de- divisão Mohammad
Hоssеin Bagheri, por parte do Irã, e o general do exército Valério
Gerasimov, por parte da Rússia. No mesmo dia o assunto foi discutido na
Síria entre o secretário do Conselho de Segurança do Irã, o sr. Ali
Shamkhani e, por parte da Rússia, o sr. Nicolai Patruchev. Não houve
nenhum desacordo quanto ao fato de que o ataque
dos EUA apresentava-se óbviamente como uma agressão planejada de
antemão. A intenção do mesmo também estava clara: retardar o avanço do exército
sírio e levantar a moral no quadro dos terroristas e seus protetores,
patrocinadores e apoiantes.
Quanto
ao fato dos acontecimentos relacionados com armamentos químicos as duas partes,
ou seja o Irã e a Rússia, apresentaram seu apoio a vontade de Damasco de
conduzir no local do acidente, em Khan Sheyhun, uma investigação independente.
Frente a isso, como pensou o presidente Rouhani ( считает )
"a missão para estabelecer os fatos não deverá incluir pessoas
com interesses egocêntricos e gananciosos no assunto, assim como EUA
não deverá liderar a mesma". Uma investigação justa deverá ser
completamente assegurada pela posição adequada e competente da
Rússia.
Lembramo-nos que
na sua declaração o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, quanto a ação
armada dos EUA na Síria (7 de abril de 2017), também expressou suas
dúvidas em relação à justificação da ação armada de Washington. No
documento falava-se de maneira direta que os EUA estavam distorcendo os
acontecimentos e que os americanos não conseguiam compreender que o
exército oficial da Síria não tinha usado armas químicas, as
quais, da parte da Síria oficial, simplesmente não existem, o que por muitas
vezes já foi e continua sendo confirmado por especialistas qualificados.
Irã também mantém que Damasco não fez parte de nenhuma ação
militar usando armas de natureza química.
De
acordo com os russos e iranianos os que rodeiam ou estão na esfera do
presidente dos Estados Unidos apenas fingem que não estão entendendo nada
de nada. O chefe do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Djavad
Zarif, lembra-nos que: "A ONU já desarmou a Síria mas não desarmou os
terroristas ... A Síria oficial nunca teve o gás Sarim e o governo
não tem armas químicas". [N.T. Desde tudo que entendi antes, a
Síria já de então não tinha armas químicas prontas a serem
utilisadas, sendo que o que foi oficialmente destruido foi o material e a
capacidade física necessárias para construir essas armas].
A
Rússia e o Irã também estão completamente de acordo quanto a avaliação do
risco e do perigo levantados de quando a administração americana
ignora o fato de que os terroristas não só têm como
também usam armas de natureza química, e isso não só na Siria,
como também no Iraque. Em relação a isso o presidente Rouhani dirigiu-se de
maneira direta ao seu colega americano Trump dizendo: "Caso o senhor
estivesse sendo honesto quanto a sua intenção de lutar contra o terrorismo
porque então o senhor iria atacar o exército sírio?"
Dessa
maneira, na reação do governo iraniano ao ataque de mísseis dos Estados Unidos
na Síria, destacaram-se dois aspectos principais: a) um esforço a não
permitir uma continuação da agressão armada de Washington e b) não permitir que
a oposição síria passe a uma guerra ativa contra o governo de Assad.
Essas duas tarefas Teerã tem em mente resolver com a Rússia em ações
recíprocas.
Caso
os Estados Unidos insistam - como sugeriu o governo da República Islâmica -
deveria se dar aqui, dado a séria e rigorosa posição de Moscou e o esforço
conjunto dos dois países, uma condenação internacional das ações dos
Estados Unidos. Tem-se daí que todos os dirigentes do Irã vieram a exortar
e apelar para a realização de uma investigação com o objectivo
de apurar se um [eventual-hipotético-e-ou presumido] uso de armas
químicas seria razão suficiente para que o presidente Trump pudesse
legalmente decidir sobre um ataque com mísseis.
Os
americanos pensam que eles ao mesmo tempo devem ser os policiais e os juizes,
disse Hassan Rouhani perguntando-se abaixo de qual jurisdição esse pretexto foi
usado como razão suficiente para a agressão militar dos EUA contra um estado
soberano. O presidente iraniano categoricamente não aceita uma existência ou
presença de armas químicas por parte oficial de Damasco, ressaltando que
Washington viola, transgride e rompe de maneira flagrante as normas do direito
internacional. Caso os Estados Unidos continuem a agir dessa maneira "o
ataque contra a Síria será apenas o começo" advertiu o representante
porta-voz do parlamento iraniano Ali Laridjani.
Depois
disso o Irã começou a perguntar-se caso a interação da Rússia e dos EUA na
regularização da crise da Síria iria ganhar uma maior significância. Do ponto
de vista do Irã é indispensavel que Moscou e Washington cheguem a um acordo
para impedir uma maior escalação da crise. Entretanto, depois disso o Irã não
estaria interessado em ver uma maior aproximação entre a Rússia e EUA.
Moscou
e Whashington partem do princípio de que uma maior distância entre eles só
prejudicaria a segurança no Oriente Médio enquanto Irã parte do princípio que
na crise da Síria não há solução fora do diálogo no qual a Rússia e os EUA tem
o papel principal, mas mais do que isso não seria desejável para o Irã.
É
verdade que hoje em dia o risco "de ser posto de lado" não é
significante. O Irã tem uma direta e estável relação com o presidente sírio. A
Rússia depois de ter posto o rumo no apoio a Bashar Assad percebe, tanto quanto
o Irã, que uma boa relação Rússia-Irã, na situação que aqui se apresenta, é
inevitável e absolutamente necessária.
O
presidente Rouhani em conferência telefônica ( в
телефонном разговоре ) com o presidente Assad confirmou que Irã
"irá apoiar o povo sírio na luta contra o terrorismo e guardar a
integridade territorial da Síria". Depois disso ele especialmente
sublinhou que uma coordenação de atividades entre o Irã, a Síria, e a Rússia
daria um resultado mais definitivo na guerra contra o terrorismo a longo prazo.
Note-se
aqui que a liberdade de escolha de potenciais associados no Oriente Médio é
restrita para a Síria. Hoje em dia só mesmo uma união com o Irã deveria ser
vista como potencialmente durável. Depois da entrada da nova administração na
Casa Branca isso ainda ficou mais visível sendo que aqui pode ser notado que a
aproximação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita é uma das principais
novidades da presidência de Donald Trump, na arena das relações exteriores..
O
rei saudita congratulou Trump pelo ataque na Síria. Eles tiveram um conversa
telefônica em 7 de abril, dia no qual se deu o ataque de mísseis na base aérea
síria. O rei especialmente ressaltou "a corajosa decisão" do líder
americano em atacar com mísseis "a luz da incapacidade da comunidade
internacional em parar Assad".
Riade
é um dos maiores inimigos de Damasco, apoiando os grupos armados sunitas
lutando pela derrubada de Assad além de também lutar contra uma dominância do
Irã na região.
A
atividade militar iniciada pelos Estados Unidos na Síria faz com que um
processo político para a regularização do conflito na Síria fique ainda mais susceptível
a sabotagem e a uma maior incerteza.
Não
deve ser esquecido que a administração americana inúmeras vezes tentou fazer
com que o Cremlin desistisse de procurar amizade com Teerã. Entretanto, como
mostraram os últimos acontecimentos, os americanos não conseguiram destruir a
boa relação entre a Rússia e o Irã.
REFERÊNCIAS
E NOTAS:
Николай БОБКИН |
10.04.2017 | ПОЛИТИКА
Иран:
если США не остановить, нападение на Сирию станет только началом
IRÃ:
Caso EUA não pare aqui o ataque na SIRIA será só o começo
Anna
Malm - https://artigospoliticos.wordpress.com
*Pravda.ru
| Tradução Anna Malm
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