O
título e primeiros curtos parágrafos explicam tudo, as leis gizadas por lobies poderosos instalados na
Assembleia da República, protegem os que recorrem aos offshores, à evasão
fiscal, à lavagem de dinheiro. Podemos acrescentar a palavra mágica:
eventualmente. Só que para os plebeus que estupidamente votam em servis aríetes
e mainatos desses poderosos lobies que legislam “eles estão todos feitos, são
mafiosos com falsas capas de democratas e legalistas”. Por essas e outras é que
os deputados estão cada vez mais mal vistos, com razões de sobejo. Por essas
atitudes e comprometimentos é que a democracia como a conhecemos – um arremedo
de democracia – está cada vez mais desacreditada. Urge pôr cobro a isto.
Leiam a seguir com os vossos próprios olhos os poderes dos donos disto tudo, os que rapinam o
país e os portugueses, protegidos por sigilos que são lei e que só fariam sentido se na
realidade constatássemos honestidade por parte das elites económicas e
financeiras, entre outras. Não é o caso. Cada dia que passa vimos mais dessa
espécie descaradamente envolvidas em situações ilícitas ou para lá caminhando. Certo
que depois a máquina da Justiça os acaba por ilibar por via de leis alçapão
igualmente gizadas na Assembleia da República por algo que dizem “sagrado e
competente”, o legislador.
A teia tem vindo a ser tecida com quase todos os
pormenores prejudiciais à sociedade, às populações, à ralé, aos que de 4 ou de
5 em 5 anos são eleitores. Aqueles que acreditam em mentirosos compulsivos como
Passos Coelho, ou na honestidade auto-proclamada por Cavaco Silva. E esses são
simplesmente um triste exemplo, os outros dessa estirpe são demasiados. Chegámos
à fase em que já não sabemos quem são os honestos. E isso é terrível para o país,
para os portugueses... e para os honestos. Mas leia o que vem a seguir. Até parece que estamos perante a
normalidade numa sociedade que se deseja livre de impostores, de bandidos. O que não corresponde à realidade. Sigilo para imensos milhares de milhões... Pfff. Pois. (MM / PG)
Finanças
recusam partilhar dados com MP sobre dinheiro enviado para offshores
Problemas
entre autoridades públicas dificultam combate ao crime
Autoridade
Tributária tem invocado sigilo fiscal para não enviar informações para o
Ministério Público
A
Autoridade Tributária e Aduaneira tem recusado partilhar com o Ministério
Público (MP) informação fiscal ligada a transferências de dinheiro para
offshores no âmbito de processos de prevenção de branqueamento de capitais. A
situação foi confirmada ao DN por um procurador do Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP), considerando "insólita" a posição
do fisco, que tem alegado "sigilo fiscal" para não partilhar
informação com os procuradores que acompanham as transferências de dinheiro.
"Estamos num ponto em que, por incrível que possa parecer, os bancos
colaboram mais do que as Finanças", sintetizou o magistrado ouvido pelo
DN.
Os
processos de prevenção do branqueamento de capitais, tecnicamente chamados de
averiguações preventivas, começam, na maioria dos casos, com comunicações
bancárias, dando conta de movimentos financeiros suspeitos. Se o Ministério
Público "pudesse confirmar qual o status fiscal dos autores da
transferência, tudo estaria bem, pois em caso de crime abria-se inquérito e, se
necessário, bloqueava-se o dinheiro", continua a mesma fonte, acrescentado
que se estivesse em causa "apenas" uma contraordenação em função do
valor do imposto em dívida, o MP ou a Unidade de Informação Financeira da
Polícia Judiciária comunicavam à AT para tramitar o processo contraordenacional.
O problema, refere o mesmo procurador, é que sem indícios de um crime precedente ao branqueamento, o Ministério Público não pode atuar rapidamente.
O
conflito entre o DCIAP e as Finanças tem como ponto de partida a Lei 25/2008,
de 5 de junho, que "estabelece medidas de natureza preventiva e repressiva
de combate ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e ao
financiamento do terrorismo". O diploma elenca uma série de entidades
financeiras e não financeiras obrigadas a comunicar às autoridades suspeitas de
branqueamento de capitais. No artigo 41.º da referida lei diz-se que para
"cabal desempenho das suas atribuições de prevenção e do
branqueamento", o Ministério Público e a Unidade de Informação Financeira
da Justiça têm "acesso, em tempo útil, à informação financeira,
administrativa, judicial e policial".
É
precisamente aqui que começam as reservas das Finanças. Segundo a fonte ouvida
pelo DN, por mais do que uma vez o fisco recusou partilhar informação,
considerando não estar abrangido por esta norma, neste caso, não ser uma
entidade "administrativa", tendo até anexado às respostas ao
Ministério Público pareceres jurídicas feitos internamente.
Para
tentar ultrapassar este obstáculo, a Comissão de Coordenação das Políticas de
Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, criada em 2015, após
imposição da União Europeia, já entregou ao governo uma proposta para uma
revisão da Lei 25/2008, na qual está expressamente referido o dever de
colaboração da Autoridade Tributária nos processos de prevenção do
branqueamento de capitais.
Ministério
Público analisa
De
forma a clarificar o atual artigo 41, a proposta apresentada pela comissão
acrescenta ainda os reguladores, como o Banco de Portugal e a CMVM, como autoridades
administrativas obrigadas a um dever de colaboração. Sendo certo que, segundo
fonte do DCIAP, os dois supervisores, assim como o Instituto de Seguros, têm
partilhado permanentemente informação. A proposta de alteração está nos
gabinetes da Presidência do Conselho de Ministros. O DN questionou, ontem, o
Ministério das Finanças sobre o número de comunicações feitas sobre
transferências para offshores feitas pela AT à UIF e ao DCIAP nos últimos anos.
Não houve resposta.
Ontem,
a procuradora-geral da República confirmou que o MP está a analisar elementos
para decidir se avança ou não para o inquérito. "Se a análise aos
elementos mostrar que há ali matéria que tem contornos que indiciam qualquer
eventual crime, o MP irá investigar", disse Joana Marques Vidal, citada
pela Lusa.
BES
em grande dose
Segundo avançou ontem o Jornal Económico, mais de metade dos dez mil milhões de euros de transferências para offshores que não apareciam nas estatísticas entre 2011 e 2014 foram declarados pelo Banco Espírito Santo (BES).
O
jornal noticia que a revelação foi feita por fonte da administração fiscal, que
"garante que o peso do BES "é enorme" na omissão das
transferências no sistema informático da Autoridade Tributária [AT], cujo
montante acabou por escapar ao controlo do fisco".
Em
causa, segundo o mesmo jornal, "estão os montantes que os clientes do
banco, a maioria empresas, enviaram para offshores nos dois anos antes da
resolução do banco". "As transferências foram declaradas pelo Novo
Banco após a resolução do BES a 3 de agosto de 2014. Os valores ascendem a mais
de cinco mil milhões de euros e estão relacionados com três das 20 declarações
apresentadas pelas instituições financeiras que não foram objeto de qualquer
tratamento pela Autoridade Tributária", lê-se ainda no mesmo jornal.
Também
ontem, o DN noticiou que mais de 25% dos cerca de dez mil milhões transferidos
para offshores que ficaram fora do radar do fisco - cerca de 2,6 mil milhões de
euros - foram para o Panamá, um país que ainda hoje está na lista negra
portuguesa dos territórios de fiscalidade privilegiada.
Esta
forte utilização daquela praça suscitou no Parlamento a suspeita de que o
universo Espírito Santo estará bastante envolvido nas transferências que só
agora estão a ser escrutinadas pela Autoridade Fiscal. Ontem, Miguel Tiago,
deputado do PCP, alvitrou a hipótese de os principais dirigentes daquele grupo
económico terem começado a transferir fortunas para fora quando já se
vislumbravam cenários de colapso do BE, visando assim depois não poderem ser
chamados a cobrir os prejuízos. Foi no Panamá que a cúpula do grupo sediou a ES
Entreprises, uma empresa que serviu basicamente como "saco azul" do
GES, para fazer operações (recebimentos e pagamentos) que depois não eram
transpostos para as contas oficiais.
Segundo
noticiou o Expresso em setembro de 2016, mesmo depois do fim do BES e da sua
transformação em Novo Banco, a família Espírito Santo continuou a operar com o
Panamá. Em março de 2015, abriu uma conta no Credicorp Bank.
Carlos
Rodrigues Lima e João Pedro Henriques – Diário de Notícias
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