O
partido apoiante do novo presidente deve confirmar o favoritismo da primeira
volta de há oito dias mas prevê-se um recorde de abstenção para a segunda volta
das legislativas francesas. Primeiras projecções às 20h (Lisboa)
Tudo
indica que na segunda volta das eleições legislativas francesas, hoje
disputadas, o movimento República em Marcha (REM), criado há 16 meses pelo novo
presidente Emmanuel Macron, confirme uma larguíssima maioria de lugares (mais
400 lugares em 577) na nova Assembleia Nacional. Para tal basta-lhe manter
votações ao nível dos 32,2% da primeira volta e o sistema eleitoral francês
uninominal (não proporcional) fará o resto, transformando um terço dos votos
expressos em três quartos dos mandatos no parlamento.
Às
19.00 de Lisboa (20.00 francesas) as urnas fecharão e surgirão de imediato as
primeiras projecções de resultados e da composição definitiva da nova
assembleia, prevendo-se que nas três horas seguintes a situação fique
clarificada, com os resultados definitivos a substituírem as previsões.
Uma
das tendências desta segunda volta que desde já é possível antecipar é uma
previsível subida da abstenção para valores nunca antes atingidos e que poderão
chegar aos 53%, superando os 51,29% de 11 de Junho. Nas legislativas francesas
há, historicamente, desmobilização da primeira para a segunda volta e ainda
mais neste caso em que o desfecho é mais que previsível.
Em
2012 a abstenção fora de 42,78% (à primeira volta) e em 2007 de 39,58%. A
excepção que confirma a regra foram as legislativas de 1997. O então presidente
Jacques Chirac dissolvera a assembleia para forçar uma maioria de direita mas
nas duas voltas (25 de Maio e 1 de Junho) foi derrotado pelas listas conjuntas
de socialistas e verdes, o que levou a cinco anos de coabitação entre um PR conservador
e um primeiro-ministro socialista (Lionel Jospin). Nessa altura a abstenção foi
de 32,08% à primeira volta e de 29,03% à segunda.
Um
dos atractivos das segundas voltas são os duelos a dois, três ou quatro, já que
tem tenha mais de 12,5% à primeira volta é apurado. Expressando a dimensão da
derrota do PS nestas legislativas apenas haverá sete duelos a dois entre
candidatos do PS e de Os Republicanos (LR, direita). Na maior parte dos duelos
estará a REM: 199 contra a LR, 92 contra a Frente Nacional (FN, xenófoba), 61
contra a França Insubmissa (FI, esquerda radical, nesta segunda volta aliada ao
PCF) e 43 contra o PS.
As
sondagens sugerem que o efeito de distorção da segunda volta, resultante da
dificuldade da FN ou da FI fazerem acordos de desistência mútua com os grandes
partidos, impeça estes dois partidos de chegar aos limiar dos 15 deputados que
confere o estatuto de grupo parlamentar e a projecção política (tempo de
debate, agendamento de temas, etc) correspondente. Já o PS deverá conseguir
fazê-lo ainda que por escassa margem.
Um
das curiosidades desta segunda volta é saber se Marine le Pen (FN) e Jean-Luc
Mélenchon (FI) são eleitos, coisa que, segundo as sondagens é quase certa.
Rui
Cardoso | Expresso | Imagem: CHRISTOPHE PETIT TESSON / POOL/EPA
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