domingo, 18 de junho de 2017

ELEIÇÕES EM FRANÇA | O CAMINHO DA CONSAGRAÇÃO DE MACRON ACONTECE HOJE



O partido apoiante do novo presidente deve confirmar o favoritismo da primeira volta de há oito dias mas prevê-se um recorde de abstenção para a segunda volta das legislativas francesas. Primeiras projecções às 20h (Lisboa)

Tudo indica que na segunda volta das eleições legislativas francesas, hoje disputadas, o movimento República em Marcha (REM), criado há 16 meses pelo novo presidente Emmanuel Macron, confirme uma larguíssima maioria de lugares (mais 400 lugares em 577) na nova Assembleia Nacional. Para tal basta-lhe manter votações ao nível dos 32,2% da primeira volta e o sistema eleitoral francês uninominal (não proporcional) fará o resto, transformando um terço dos votos expressos em três quartos dos mandatos no parlamento.

Às 19.00 de Lisboa (20.00 francesas) as urnas fecharão e surgirão de imediato as primeiras projecções de resultados e da composição definitiva da nova assembleia, prevendo-se que nas três horas seguintes a situação fique clarificada, com os resultados definitivos a substituírem as previsões.

Uma das tendências desta segunda volta que desde já é possível antecipar é uma previsível subida da abstenção para valores nunca antes atingidos e que poderão chegar aos 53%, superando os 51,29% de 11 de Junho. Nas legislativas francesas há, historicamente, desmobilização da primeira para a segunda volta e ainda mais neste caso em que o desfecho é mais que previsível.

Em 2012 a abstenção fora de 42,78% (à primeira volta) e em 2007 de 39,58%. A excepção que confirma a regra foram as legislativas de 1997. O então presidente Jacques Chirac dissolvera a assembleia para forçar uma maioria de direita mas nas duas voltas (25 de Maio e 1 de Junho) foi derrotado pelas listas conjuntas de socialistas e verdes, o que levou a cinco anos de coabitação entre um PR conservador e um primeiro-ministro socialista (Lionel Jospin). Nessa altura a abstenção foi de 32,08% à primeira volta e de 29,03% à segunda.

Um dos atractivos das segundas voltas são os duelos a dois, três ou quatro, já que tem tenha mais de 12,5% à primeira volta é apurado. Expressando a dimensão da derrota do PS nestas legislativas apenas haverá sete duelos a dois entre candidatos do PS e de Os Republicanos (LR, direita). Na maior parte dos duelos estará a REM: 199 contra a LR, 92 contra a Frente Nacional (FN, xenófoba), 61 contra a França Insubmissa (FI, esquerda radical, nesta segunda volta aliada ao PCF) e 43 contra o PS.

As sondagens sugerem que o efeito de distorção da segunda volta, resultante da dificuldade da FN ou da FI fazerem acordos de desistência mútua com os grandes partidos, impeça estes dois partidos de chegar aos limiar dos 15 deputados que confere o estatuto de grupo parlamentar e a projecção política (tempo de debate, agendamento de temas, etc) correspondente. Já o PS deverá conseguir fazê-lo ainda que por escassa margem.

Um das curiosidades desta segunda volta é saber se Marine le Pen (FN) e Jean-Luc Mélenchon (FI) são eleitos, coisa que, segundo as sondagens é quase certa.

Rui Cardoso | Expresso | Imagem: CHRISTOPHE PETIT TESSON / POOL/EPA

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