Simone
Wapler [*]
Bail-in,
bail-out, sistema de resolução bancária, directiva de resolução bancária,
recapitalização preventiva, credores júniors ou séniors.
De facto, a única coisa que nos interessa em tudo isso é o nosso dinheiro.
Um banco sem depositantes pode falir, que belo negócio!
O problema dos depositantes é que eles também votam, os ignorantes. E um depositante depenado tem mais memória do que um contribuinte sangrado. Por outras palavras, fazer com que a falência de um banco seja suportada pelos contribuintes é mais fácil do que fazê-la pagar pelos depositantes. Infelizmente, todas as disposições regulamentares europeias postas em prática doravante proíbem o salvamento dos bancos pelos seus Estados (ou seja, pelos contribuintes).
Assim, é preciso executar algumas contorções para dar a sensação de deslizar elegantemente sobre o assoalho do salão de baile dos bancos zumbis.
Uma compra fraudulenta na Espanha
Comecemos pela Espanha e pelo Banco Popular. O Banco Popular não tinha senão uns poucos depositantes... e os raros que lhe restavam estavam em fuga.
Em contrapartida, o Banco Popular possuía mais de €37 mil milhões de empréstimos imobiliários cujos tomadores não conseguiam reembolsar. Esta carteira de créditos duvidosos levou a €3,5 mil milhões de perdas líquidas em 2016.
O Banco Popular foi finalmente comprado por €1 simbólico pelo Banco Santander, o maior banco espanhol – e consequentemente demasiado grande para falir. A honra e as regulamentações foram salvas: o Estado espanhol não interveio.
De facto, a única coisa que nos interessa em tudo isso é o nosso dinheiro.
Um banco sem depositantes pode falir, que belo negócio!
O problema dos depositantes é que eles também votam, os ignorantes. E um depositante depenado tem mais memória do que um contribuinte sangrado. Por outras palavras, fazer com que a falência de um banco seja suportada pelos contribuintes é mais fácil do que fazê-la pagar pelos depositantes. Infelizmente, todas as disposições regulamentares europeias postas em prática doravante proíbem o salvamento dos bancos pelos seus Estados (ou seja, pelos contribuintes).
Assim, é preciso executar algumas contorções para dar a sensação de deslizar elegantemente sobre o assoalho do salão de baile dos bancos zumbis.
Uma compra fraudulenta na Espanha
Comecemos pela Espanha e pelo Banco Popular. O Banco Popular não tinha senão uns poucos depositantes... e os raros que lhe restavam estavam em fuga.
Em contrapartida, o Banco Popular possuía mais de €37 mil milhões de empréstimos imobiliários cujos tomadores não conseguiam reembolsar. Esta carteira de créditos duvidosos levou a €3,5 mil milhões de perdas líquidas em 2016.
O Banco Popular foi finalmente comprado por €1 simbólico pelo Banco Santander, o maior banco espanhol – e consequentemente demasiado grande para falir. A honra e as regulamentações foram salvas: o Estado espanhol não interveio.
Os
raros depositantes restantes e os detentores de dívida sénior (as obrigações
mais seguros) foram poupados;
Os
detentores de obrigações do Banco Popular perdem quase tudo;
Os
portadores de acções perdem tudo;
Os
tomadores insolventes que contraíram empréstimos imobiliários terão sempre o
Banco Santander e os oficiais de justiça no seu caminho.
Um
futuro incerto para um banco ainda maior
Evidentemente, será preciso que o Banco Santander se desenvencilhe com o estorvo do Banco Popular. Um banco demasiado grande para falir tornou-se ainda maior. O Banco Santander deve levantar €7 mil milhões para se recapitalizar.
Encontrará ele valentes accionistas? Será isto suficiente para colmatar as perdas de 2017 da carteira imobiliária apodrecida? Se eu tivesse depósitos no Banco Santander e se fosse um contribuinte espanhol, colocaria estas questões...
Passemos agora à Itália e ao banco Monte Dei Paschi di Siena. O problema é que o referido banco tinha muito mais depositantes do que o pequeno Banco Popular.
Além disso, 42 mil destes depositantes tornaram-se credores a contragosto. Zelosos "conselheiros financeiros" fizeram com que eles subscrevessem obrigações júnior de alto rendimento através de produtos de poupança sem risco.
A linda pilha de regulamentações de Bruxelas foi portanto posta de lado.
Uma nacionalização ilegal na Itália
O Estado italiano será a priori autorizado a injectar €6,6 mil milhões no quadro de um aumento de capital de €8,8 mil milhões. Ele ficará então com 70% do capital do banco.
Está prevista uma compensação para os poupadores no montante de €2 mil milhões.
É portanto uma nacionalização limpa, como nos bons velhos tempos.
Evidentemente, será preciso que o Banco Santander se desenvencilhe com o estorvo do Banco Popular. Um banco demasiado grande para falir tornou-se ainda maior. O Banco Santander deve levantar €7 mil milhões para se recapitalizar.
Encontrará ele valentes accionistas? Será isto suficiente para colmatar as perdas de 2017 da carteira imobiliária apodrecida? Se eu tivesse depósitos no Banco Santander e se fosse um contribuinte espanhol, colocaria estas questões...
Passemos agora à Itália e ao banco Monte Dei Paschi di Siena. O problema é que o referido banco tinha muito mais depositantes do que o pequeno Banco Popular.
Além disso, 42 mil destes depositantes tornaram-se credores a contragosto. Zelosos "conselheiros financeiros" fizeram com que eles subscrevessem obrigações júnior de alto rendimento através de produtos de poupança sem risco.
A linda pilha de regulamentações de Bruxelas foi portanto posta de lado.
Uma nacionalização ilegal na Itália
O Estado italiano será a priori autorizado a injectar €6,6 mil milhões no quadro de um aumento de capital de €8,8 mil milhões. Ele ficará então com 70% do capital do banco.
Está prevista uma compensação para os poupadores no montante de €2 mil milhões.
É portanto uma nacionalização limpa, como nos bons velhos tempos.
Os
depositantes restantes e os poupadores são... poupados;
Os
contribuintes pagam.
Mas
há outros bancos italianos zumbis no salão de baile: Banca Popolare di Vicenza
e Veneto Banca para o qual convém igualmente organizar os salvamentos. A ideia
para evitar a falência convocar os outros bancos em socorro do seu irmão
infeliz. É preciso encontrar €6,4 mil milhões, mas a Comissão Europeia quer que
os bancos italianos injectem previamente €1,2 mil milhões proporcionalmente à
dimensão dos depósitos de cada um dos zumbis.
Solidariedade ou caridade forçada
Os outros bancos não estão ansiosos por esta operação visto que já puseram €3,4 mil milhões no mealheiro através do fundo Atlante. De repente, o governo italiano põe a pistola na testa dos dois maiores bancos, Intesa Sanpaolo e UniCredit, para que cada um dance com uma das cavalheiras necessitadas e apliquem o modelo do par perfeito Banco Santander – Banco Popular...
O que reter deste baile dos bancos zumbis?
Solidariedade ou caridade forçada
Os outros bancos não estão ansiosos por esta operação visto que já puseram €3,4 mil milhões no mealheiro através do fundo Atlante. De repente, o governo italiano põe a pistola na testa dos dois maiores bancos, Intesa Sanpaolo e UniCredit, para que cada um dance com uma das cavalheiras necessitadas e apliquem o modelo do par perfeito Banco Santander – Banco Popular...
O que reter deste baile dos bancos zumbis?
Que
quando os depositantes são suficientemente numerosos é preciso contornar os
textos e encontrar o meio de fazer com que os contribuintes paguem a ruptura.
Como nos bons velhos tempos...
Portanto,
para o vosso banco que abrigue uma conta corrente, prefira um grande banco da
rede que tenha muitos depositantes. Mas não deixe evidentemente mais de 100 mil
euros e mesmo bastante menos.
Fuja
como da peste ou da cólera de contas remuneradas e de contas a prazo (super
livrets).
Não
esqueça que se os bancos espanhóis e italianos estão infestados por créditos
duvidosos, os bancos franceses e alemães estão vulneráveis aos produtos derivados
e às perdas na sua actividade de trading por conta própria. Portanto se as
taxas sobem ou se os mercados baixam, terá de redobrar a vigilância.
E
o famoso "risco sistémico", poderá ser perguntado? Exactamente, é
através das perdas no trading por conta própria que ele se pode
materializar.
Depois de €4 milhões de milhões de criação monetária e nove anos de taxas baixas, os bancos zumbis continuam sempre necessitados dos contribuintes para fazerem crer que podem continuar a viver.
[*] Consultora financeira.
O original encontra-se em la-chronique-agora.com
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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