Enquanto
país se distrai com o futuro de Temer e a “agenda da corrupção”, um homem
comanda, em nome da aristocracia financeira e da mídia, as contrarreformas que
realmente importam ao Mercado
Samuel
Pinheiro Guimarães | Outras Palavras
1.
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, ex-presidente do Bank of Boston e
durante vários anos presidente do Conselho da J e F (de Joesley), de onde saiu
para ocupar o ministério da Fazenda, procura, à frente de uma equipe de
economistas de linha ultra neoliberal, implantar no Brasil, na Constituição e
na legislação uma série de “reformas” para criar um ambiente favorável aos
investidores, favorável ao que chamam de “Mercado”.
2.
Henrique Meirelles já declarou, de público, que se o presidente Temer “sair”
ele continua e todos os jornais repetem isto, com o apoio de economistas
variados e empresários, como Roberto Setúbal, presidente o Itaú.
3.
Estas “reformas” são, na realidade, um verdadeiro retrocesso econômico e
político. Estão trazendo, e trarão, enorme sofrimento ao povo brasileiro e
grande alegria ao “Mercado”.
4.
Enquanto crucificam o povo brasileiro e em especial os mais pobres, os
trabalhadores e os excluídos, o debate político fica centrado na corrupção,
desviando a atenção da classe média e dos moralistas, em torno de uma verdadeira
“novela” com heróis e bandidos.
5.
Discute-se se Michel Temer levou ou não “contribuições pessoais” e se foram 500
mil ou 20 milhões, a prazo; se o senador Aécio Neves pediu uma propina ou um
empréstimo (informal!!) de 2 milhões de reais; se a JF corrompeu quem e quantos
e ficaram livres de pena; se o Joesley merecia o perdão; se Sérgio Moro, juiz
de primeira instancia, é ou não a principal autoridade judiciária do país,
acima da lei; se o ministro Marco Aurélio é justo; se o ministro Gilmar Mendes
é imparcial etc etc etc.
6.
O tema verdadeiramente importante é a tentativa das classes hegemônicas
brasileiras, aqueles que declararam ao Imposto de Renda ganharem mais de 160
salários mínimos por mês (cerca de 160 mil reais) e que são cerca de 70 mil
pessoas e que constituem, em seu conjunto, aquela entidade mística que os jornais
e analistas chamam de “Mercado”.
7.
O “Mercado” contra o Povo.
8.
De um lado, o “Mercado”:
- os empresários, promotores do Pato e financiadores do MBL; exceto aqueles que já se deram conta que Meirelles é contra a indústria;
- os
rentistas;
- os
grandes proprietários rurais (entre eles o senador e Ministro Blairo Maggi e o
avião interceptado pela FAB);
- os
grandes proprietários urbanos;
- os
banqueiros (não os bancos) e seus lucros;
- os
gestores de grandes empresas privadas, modestos ex-professores universitários;
- os
proprietários dos meios de comunicação;
- os
grandes executivos brasileiros de megaempresas multinacionais;
- os
professores universitários, formados em universidades estrangeiras, em teorias
próprias dos países desenvolvidos e que, mesmo lá, fracassam;
- os
economistas e os jornalistas econômicos, empregados do Mercado.
9.
De outro lado, o Povo:
- os
53 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, isto é, cuja renda
mensal é inferior a 182 reais;
- as dezenas de milhões que são isentos do imposto de renda por terem renda inferior a 2.500 reais por mês.
- as dezenas de milhões que são isentos do imposto de renda por terem renda inferior a 2.500 reais por mês.
- os
61 milhões que estão inadimplentes, com seus crediários;
- os
14 milhões de desempregados;
- os
3 milhões de crianças fora da escola;
- os
mais de 11 milhões de habitantes de favelas (hoje chamadas comunidades!!);
- os
subempregados;
- os
47 milhões que ganham menos de um salário mínimo por um mês;
- os
milhões sem remédios e sem hospital.
10.
O programa econômico de Henrique Meirelles é o verdadeiro inimigo do povo! Não
é a corrupção que distrai a atenção da verdadeira catástrofe que está sendo
consolidada na legislação através de um Congresso que representa principalmente
empresários, banqueiros, proprietários rurais, rentistas, etc.
11.
O Mercado agora deseja colocar um presidente de imagem limpa para que, como
disse o Roberto Setúbal, na Folha de São Paulo, o importante são as
“reformas”! Não importa quem as conduza!
12.
É preciso lutar com todas as forças contra este programa de “retrocessos”
disfarçados, cinicamente, de “reformas” a “favor” do Povo!
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