Assinalam-se,
este mês de julho, 30 anos desde o massacre de Homoíne, na província
moçambicana de Inhambane, no qual centenas de pessoas foram mortas e outras
raptadas.
Na
altura – 1987 – decorria a guerra civil entre a RENAMO e as forças
governamentais. Até hoje, não se sabe quem foi o autor do massacre.
Alguns
sobreviventes, que ainda residem na região, afirmaram à DW África ter tristes
recordações desse dia, pois perderam familiares e conhecidos.
Pior
massacre da região
Hussen
Algy, é um dos sobreviventes e afirma que foi o pior massacre que ocorreu
naquele tempo de guerra. O moçambicano perdeu familiares diretos e a namorada. Escapou porque se escondeu na casa de banho, conta. "Depois de ter
escapado de ser raptado, porque na minha casa foram raptados os meus pais, as
minhas irmãs, a minha namorada e algumas pessoas que estavam à procura de
refugio, entrei na casa de banho. Feitas as contas, entre 800 e 1000 pessoas,
terão sido mortas nesse dia”, lembra.
Hussen
Algy acrescenta que não é fácil esquecer o massacre de Homoíne porque as
consequências foram graves. "30 anos para mim é pouco para apagar aquilo
que vimos desde o próprio dia do massacre até aos dias de hoje”, afirma.
Esperança
Matsimbe é outra sobrevivente. À DW África, a moçambicana conta que perdeu
muitos familiares e conhecidos. Uns foram enterrados em valas comuns e outros
no cemitério familiar. Esperança Matsimbe escapou porque estava ainda a dormir.
"Saí 16 horas e tal depois do cessar o fogo e atravessei a vila para a zona
de Chinguirri. Aquilo não era sangue, era água quase", recorda.
O
massacre de Homoíne aconteceu por volta das 9 horas da manhã do dia 18 de julho
de 1987. Pedro Sevene, agente económico, conseguiu fugir para "uma região
segura"(Mubalo) logo quando começou a ouvir tiros e bombardeamentos. No entanto,
acabou por perder uma sobrinha. "No dia seguinte pela manhã, quando o fogo
cessou voltei aqui para a vila onde tinha a minha banca. Havia muitas pessoas
que tinhams sido atingidas", conta. Segundo Pedro Sevene, hoje em dia,
"a vila está reconstruída, apesar de haver muita coisa por fazer”.
Luciano
da Conceição (Inhambane) | Deutsche Welle | Na foto: Vala comum
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