MISA-Moçambique
afirma que existe campanha deliberada para silenciar ou condicionar os
jornalistas em relação aos grandes temas da atualidade.
O
Instituto de Comunicação Social da África Austral em Moçambique
(MISA-Moçambique) alertou para um aumento das violações à liberdade de imprensa
e de expressão no país e pediu às autoridades para se distanciarem desta
tendência.
Em
declarações à agência de notícias Lusa em Maputo, o oficial de programas do
MISA-Moçambique, Lázaro Mabunda, afirmou que há uma campanha deliberada visando
silenciar ou condicionar os jornalistas em relação aos grandes temas que
dominam a atualidade em Moçambique.
"A
onda de intimidação aos jornalistas pode estar relacionada com a aproximação do
Congresso da FRELIMO [partido no poder]. Há quadros importantes do partido
que estão com medo do escrutínio da imprensa, para não chegarem ao congresso
desacreditados e perderem o seu protagonismo", afirmou Lázaro Mabunda.
Casos
de violação da liberdade de imprensa
A
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) realiza entre finais de setembro e
princípios de outubro o seu 10.º congresso.Mabunda adiantou que entre junho e
julho chegaram ao MISA-Moçambique vários casos de violação da liberdade de
imprensa e de expressão.
Segundo
o oficial de programas do MISA-Moçambique, no dia 19 de julho, o editor do
jornal Malacha, da província de Tete, centro de Moçambique, foi notificado pela
polícia para uma acareação com um agente da corporação acusado de ter morto um
cidadão a tiro pela comunidade.
"O
MISA considera que o frente-a-frente entre o agente da polícia e o editor do
jornal, promovido pelo comandante e o seu chefe de operações, constitui uma
tentativa velada de intimidação contra o jornal e seu editor", diz um
comunicado do MISA sobre o caso.
No
dia 14 de julho, um homem armado, que se supõe ser um agente da polícia,
introduziu-se e tentou inviabilizar um debate sobre as dívidas ocultas
avalizadas pelo Governo moçambicano promovido em Maputo pelo Parlamento
Juvenil, uma entidade não governamental, assinala a nota de imprensa.
O
MISA-Moçambique refere ainda que no último dia 12, a Rádio Comunitária do
Distrito de Chinde, na Zambézia, centro do país, foi proibida pelo secretário
permanente do governo local, Eugénio Gocinho, de transmitir um bloco noticioso
alegadamente porque continha informações sobre atividade política da RENAMO
(Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição.
Em
junho passado, jornalistas da Televisão Comunitária de Chimoio, centro do país,
foram impedidos de participar no Conselho Coordenador Provincial de Manica, por
ordens do governador da província, Alberto Mondlane.
O
oficial de programas do MISA-Moçambique exortou o Governo e a direção da
Frelimo a tomarem posição em relação às ameaças à liberdade de imprensa e de
expressão, considerando que o silêncio daquelas entidades pode ser entendido
como cumplicidade.
"Infelizmente,
nem o Governo nem a Frelimo repudiam estas condutas ilegais", acrescentou
Lázaro Mabunda.
Agência
Lusa, ar | em Deutsche Welle
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