Díli,
26 jul (Lusa) - Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular
(PLP), terceira força mais votada nas legislativas timorenses de sábado,
anunciou hoje que não será deputado no Parlamento Nacional onde o seu partido
quer ser oposição.
"Vou
deixar para os jovens. Vou estar mais a preparar o meu parido, a trabalhar no
meu partido. Os jovens (podem ter voz) muito mais que eu. Vou trabalhar para o
meu partido, o PLP e vou continuar a ser uma voz para aqueles sem voz no
país", disse hoje depois de um encontro com o chefe de Estado timorense,
Francisco Guterres Lu-Olo.
Matan
Ruak, que se reuniu com o seu sucessor no cargo de Presidente da República
durante cerca de 40 minutos, confirmou que o PLP "como partido pequeno,
está mais vocacionado para a oposição".
Questionado
pela Lusa sobre se aceitaria um convite para integrar um Governo de inclusão,
Matan Ruak disse que, "preferencialmente" prefere "manter-se na
oposição", com os oito deputados do PLP estarão no Parlamento Nacional
comprometidos a fazer uma oposição "mais educada, mais racional, mais
construtiva".
Ruak
mostrou-se satisfeito pelos resultados conseguidos pelo PLP nas legislativas de
sábado, especialmente porque "havia quem dissesse que não se ultrapassaria
a barreira dos 4%" dos votos válidos, necessária para chegar ao
parlamento.
"O
facto de termos conseguido oito cadeiras já é bom. Naturalmente são os
primeiros passos para preparar-nos para a batalha de 2022", explicou.
Matan
Ruak explicou que o PLP foi convidado pelo chefe de Estado para dar os parabéns
pela campanha e pela forma como correram as eleições, mostrando satisfação pelo
facto dos cidadãos estarem cada vez mais conscientes de que "a regra
básica da democracia é a tolerância".
Apesar
disso Matan Ruak disse estar preocupado por "ter havido muito dinheiro a
circular por aí" durante a campanha, preocupação que partilhou com Lu-Olo.
"Temos
que dar muita atenção a isto e o próximo Governo que sair das eleições tem que
avançar rapidamente com a lei anticorrupção para evitar que o dinheiro funcione
em vez da democracia", disse.
Instado
pela Lusa a dar exemplos, Matan Ruak foi lacónico: "eu tenho dois
sobrinhos que receberam cada um 25 dólares" - mas escusou-se a apontar o
dedo a um partido em concreto.
"Eu
não digo nenhum partido. Mas isto é um mau sinal. Estou muito preocupado. Esta
preocupação foi transmitida ao senhor presidente e espero que o parlamento - eu
não vou estar, mas o parlamento, os nossos deputados vão participar nisso para
rapidamente avançar com a lei anticorrupção", explicou.
O
chefe de Estado Francisco Guterres Lu-Olo convocou hoje para contactos
preliminares os líderes dos partidos mais votados nas legislativas de sábado.
Os
contactos não são reuniões para a formação de Governo que só podem ocorrer
depois dos resultados finais das eleições serem certificados pelo Tribunal de
Recurso, algo que deve ocorrer na próxima semana.
Hoje
de manhã Lu-Olo recebeu os secretários-gerais da Fretilin, Mari Alkatiri, e do CNRT,
Francisco Kalbuadi e na quinta-feira deverá receber os líderes do Partido
Democrático (PD) e do Partido de Libertação Popular (PLP).
Trata-se
de uma ronda de contactos preliminares que antecedem reuniões formais para a
formação que será o VII Governo constitucional, algo que só pode ocorrer na
próxima semana depois dos resultados eleitorais serem certificados pelo
Tribunal de Recurso.
Na
eleições de sábado a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) obteve 23 lugares, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense
(CNRT) 22, o PLP conseguiu 8, o Partido Democrático (PD) sete e o Kmanek
Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) obteve cinco.
ASP
// SB
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