sexta-feira, 21 de julho de 2017

Timor-Leste | Eleições | Da euforia da campanha à calma da reflexão, sem cartazes



António Sampaio

Timor-Leste está em período de reflexão para as legislativas de sábado e o melhor símbolo disso, depois da euforia e da festa da campanha, é o vazio dos 'outdoors' gigantes de onde desapareceram os cartazes dos partidos.

Como que por magia desapareceram bandeiras, cartazes e faixas penduradas em casas, edifícios, postes elétricos e em 'outdoors' gigantes em vários pontos da cidade.

Até os autocolantes que foram colocados em paredes ou em postes parecem ter desaparecido numa operação que foi concluída durante a noite de quarta-feira e madrugada de hoje.

Depois de nos últimos dois dias a cidade ter sido dominada por caravanas dos dois maiores partidos do país, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), hoje Díli recuperou a normalidade urbana.

Visíveis são já os sinais do que será o arranque da grande mobilidade para o voto. Estima-se que cerca de metade dos eleitores timorenses se desloquem para votar no sábado, alguns para zonas ou locais mais remotos.


Apesar de terem tido amplo tempo para mudar o seu recenseamento, muitos não o fizeram ou optaram por não fazer e, por isso, Díli - uma cidade que é cada vez mais um caldeirão de timorenses de todo o lado - vai estar nos próximos dias mais vazia do que o normal.

A pensar nisso, o Governo aprovou esta semana em Conselho de Ministros tolerância de ponto para sexta-feira o que permite aos eleitores deslocarem-se para os municípios onde estão recenseados.

O único sítio onde ainda sobram resquícios da campanha é nas redes sociais, onde os horários são impossíveis de manter e onde publicações com imagens dos últimos comícios continuam a ser partilhadas.

Fotos que mostram a multidão que o Partido Libertação Popular (PLP) reuniu no aeroporto de Baucau (a segunda cidade), no fecho da sua campanha na quarta-feira, ou que a Fretilin reuniu no encerramento da sua campanha, em Díli, no mesmo dia.
Apoiantes dos dois partidos falam de 'tsunamis' de apoio.

Mesmo sem campanha, a agitação de uma cidade que vai às urnas no sábado nota-se noutros espaços, no Secretariado Técnico de Assistência Eleitoral (STAE) e na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e com a presença maior do que o normal de estrangeiros.

No terreno estão já as equipas de observadores nacionais e internacionais, incluindo uma vasta equipa da União Europeia, equipas das organizações norte-americanas National Democratic Institute (NDI) e International Republican Institute (IRI), de várias organizações australianas e ainda do corpo diplomático acreditado em Díli.

Entre os observadores há cinco eurodeputados, incluindo os portugueses Ana Gomes e Inácio Faria, e a basca Izaskun Bilbao Barandica, que lidera a missão de observação europeia.

Estão recenseados para votar 764.858 eleitores, entre os quais 1.101 recenseados na Austrália, 589 em Portugal, 208 no Reino Unido e 227 na Coreia do Sul.

As autoridades eleitorais timorenses vão instalar 1.121 estações de voto em 859 centros de votação para as legislativas, dos quais pelo menos sete funcionarão no estrangeiro, na Austrália (Darwin, Sydney e Melbourne), Coreia do Sul, Portugal e Reino Unido.

Cerca de metade dos eleitores tem de se deslocar para outro ponto do país no dia da votação, segundo estimativas das autoridades eleitorais.

As urnas estarão abertas entre as 07:00 e as 15:00 de sábado (23:00 de sexta-feira e 07:00 de sábado, hora de Lisboa).

SAPO TL com Lusa | Foto@ Nuno Veiga/EPA


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