segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Angolano cria máquina para apanhar mosquitos



A localização das zonas de maior concentração dos vectores de propagação da malária a nível do Huambo está cada vez mais facilitada, depois de as autoridades provinciais passarem a usar a máquina RAAFI, um equipamento inventado pelo angolano Ricardo Figueiredo, para apanhar mosquitos para testagem.

Com o uso da máquina, já distribuída para os 11 municípios do Huambo, os serviços de saúde locais estão a direccionar melhor as campanhas de fumigação e de combate ao lixo e às águas paradas, atacando com eficiência o mosquito causador da malária, disse o inventor. Ricardo Figueiredo avançou que a luta contra a malária no país pode ganhar outra dinâmica, nos próximos tempos, se houver mais apoios para a reprodução da máquina.

O inventor disse que as autoridades provinciais estão a conseguir êxito na luta contra a malária, uma vez que a máquina tem ajudado a identificar os principais focos de concentração do mosquito naquela região do país.

Depois do Huambo, onde o inventor ofereceu ao Governo onze máquinas, Ricardo Figueiredo precisa de maiores apoios para estender o projecto a outras partes do país, tendo em conta a sua utilidade no combate ao paludismo.

Aliás, dado o valor da RAAFI, o angolano arrebatou uma medalha de bronze na Feira do Inventor de Nuremberga, na Alemanha, que decorreu entre 2 e 5 de Novembro.Neste momento, o inventor precisa de facilidades na aquisição de material para construir a máquina, principalmente os sistemas electrónicos, que são escassos no mercado nacional, o que o obriga a reciclar alguns aparelhos para retirar peças que usa na RAAFI.

Para construir uma máquina, Ricardo Figueiredo usa, entre outros, caixa de madeira, leds, ventiladores eléctricos, regulador de tensão, para transformar a corrente eléctrica alternada em corrente contínua, placa estabilizadora e painéis solares, estes últimos usados na nova versão.

Com o objectivo de melhorar o equipamento, o inventor pede apoio para conseguir o referido material e uma impressora 3D, para construir uma máquina em caixa plástica e não de madeira.Ricardo Figueiredo salientou que os exemplares do primeiro protótipo estão esgotados, por terem sido distribuídos aos 11 municípios do Huambo. Da nova máquina com placa solar, tem apenas um exemplar.

“Estou à espera de ajuda para reproduzi-la e espalhar em mais províncias do país”, disse o inventor que estabeleceu contactos com uma operadora de telefonia móvel para a produção desta nova máquina para outras regiões do país.  Para construir uma máquina, o inventor disse que gasta mais ou menos 36 mil kwanzas. “São valores que preciso para que mais regiões possam beneficiar deste projecto e evitar que muita gente morra por causa da picada do mosquito”, explicou. 

Próximos desafios

Ricardo Figueiredo, natural de Luanda, mas residente na Caála, Huambo, pretende igualmente facilidades para reconhecer internacionalmente a patente das suas criações, uma vez que o processo feito em Angola tem apenas validade em África.

Para isso, disse que precisa de apoio, tendo em conta que o processo de reconhecimento das criações na Europa custa quase três mil dólares norte-americanos, valores que diz não dispor.

Outro objectivo do inventor passa pela aposta num projecto na área das energias renováveis, para ajudar no combate à poluição ambiental. “A ideia já existe, mas faltam os apoios”, disse.

Ricardo Figueiredo, que participa na Feira do Inventor de Nuremberga desde 2013, arrebatou várias medalhas, incluindo uma de ouro, com as suas invenções. Este ano, conseguiu uma de bronze, com a máquina de combate aos mosquitos.

Ex-estudante de mecatrónica em Portugal, onde viveu mais de dez anos, Ricardo Figueiredo perdeu a conta dos inventos. Mas lembra-se da adaptação de um gerador a gasolina para trabalhar a gás e de um barco movido a energia solar.

Ricardo Figueiredo, nascido em 1969, é pai de cinco filhos. Pretende criar uma escola para crianças com talento para a invenção.

Augusto Cuteta | Jornal de Angola

Foto: Ricardo Figueiredo conquistou medalha de bronze na Feira do Inventor na Alemanha | Fotografia: Maria Augusta| Edições Novembro

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