Díli,
05 dez (Lusa) - Dois timorenses e um português foram ouvidos na passada
quinta-feira pela Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) timorense
no âmbito de uma investigação à fuga do casal de portugueses Tiago e Fong Fong
Guerra, disseram hoje fontes policiais.
Fontes
ouvidas pela Lusa confirmam que os três homens fazem parte de uma lista extensa
de pessoas, cidadãos timorenses e estrangeiros, incluindo vários portugueses,
que as autoridades de Timor-Leste querem ouvir no âmbito da investigação à
fuga.
Segundo
as mesmas fontes, as três pessoas ouvidas na semana passada têm os seus
passaportes retidos (que entregaram como identificação) apesar de nenhuma ter
ainda sido acusada de qualquer crime ou sido presente a um juiz.
Uma
outra fonte indicou à Lusa que "pelo menos quatro cidadãos, com dupla
nacionalidade" estão a ser investigados.
Ângela
Carrascalão, ministra da Justiça timorense, disse à Lusa desconhecer se está ou
não em curso qualquer investigação, afirmando que a PCIC exerce as suas competências
de foram independente.
"Eu
não pedi qualquer investigação e não tenho conhecimento de que alguma possa
estar a decorrer", disse à Lusa.
Tiago
e Fong Fong Guerra, que foram condenados a oito anos de prisão em Timor-Leste -
o caso ainda não transitou em julgado e foi alvo de um recurso - fugiram para a
Austrália, onde chegaram, de barco, a 09 de novembro.
O
casal chegou a Lisboa no dia 25 de novembro.
A
fuga do casal casou tensão diplomática entre Portugal e Timor-Leste, com o
assunto a suscitar críticas de dirigentes políticos e da sociedade civil, com
artigos a exigir investigações à embaixada de Portugal em Díli.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, garantiu
que a embaixada em Díli respeitou a legislação portuguesa ao atribuir
passaportes ao casal.
Na
sequência da fuga para a Austrália, Augusto Santos Silva ordenou a realização
de um inquérito urgente à Inspeção Geral Diplomática e Consular.
O
casal Guerra renovou os respetivos cartões de cidadão no início deste ano, e
mais recentemente foram emitidos passaportes portugueses.
Tiago
e Fong Fong Guerra tinham sido condenados em agosto por um coletivo de juízes
do Tribunal Distrital de Díli a oito anos de prisão efetiva e a uma
indemnização de 859 mil dólares (719 mil euros) por peculato (uso fraudulento
de dinheiros públicos).
Os
portugueses recorreram da sentença, considerando que esta padecia "de
nulidades insanáveis" mais comuns em "regimes não democráticos",
baseando-se em "provas manipuladas e até proibidas".
ASP
// VM
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