Chanceler federal alemã tem
semana decisiva para tentar convencer social-democratas, liderados por Martin
Schulz, a iniciar negociações formais e salvar seu quarto mandato. Confira os
principais pontos de atrito.
Conservadores e social-democratas
iniciaram neste domingo (07/01) os contatos preliminares para a formação de uma
coalizão de governo na Alemanha. Se a sondagem se mostrar bem-sucedida, o país
estará mais perto de uma reedição da chamada grande coalizão, que governou nos
últimos quatro anos, com a chanceler federal Angela Merkel à frente.
Mas o caminho até lá não é livre
de percalços – e um fracasso pode forçar a Alemanha a realizar novas eleições.
A União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) têm várias
posições conflitantes com o Partido Social-Democrata (SPD), liderado por
Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu. Estas são as principais
divergências:
Migração: Este é o tópico com
maior número de atritos entre conservadores e social-democratas. Ao contrário
dos social-democratas, CDU e CSU são contra o reagrupamento familiar de
refugiados com a chamada proteção subsidiária (aqueles que, mesmo não
preenchendo os requisitos para receberem o status de refugiados, não podem ser
enviados de volta por sérios riscos à sua vida ou integridade física no país de
origem). Por pressão da CSU, os conservadores defendem ainda um limite anual de
200 mil refugiados, ao qual o SPD se opõe, argumentando que se trata de uma violação
da Convenção de Genebra. A CSU também quer reduzir a ajuda social a refugiados,
e o SPD argumenta que a mudança é inconstitucional. SPD e CDU/CSU são
favoráveis a uma lei migratória que regulamente a entrada de mão de obra
qualificada no país.
Impostos e orçamento: Os aliados
bávaros de Merkel, a CSU, querem elevar o orçamento para a Defesa até 2% do
PIB, como exigido pela Otan. Já os social-democratas insistem que as áreas que
devem receber mais dinheiro são educação, infraestrutura e apoio às famílias.
Todos querem reduzir impostos, mas o SPD defende aliviar apenas os
contribuintes de média e baixa renda, se necessário elevando a carga de quem
ganha mais. Ponto central para a CDU/CSU é o orçamento equilibrado, no qual os
gastos não superam a receita.
Planos de saúde: Este ponto
ameaça ser um dos mais polêmicos, pois os social-democratas querem impor um
modelo de plano público único para todos, acabando com o sistema atual, no qual
coexistem os planos público e privados. Os conservadores preferem não alterar
nada nessa área.
Aposentadorias: O SPD quer criar
a chamada "aposentadoria solidária" para evitar que pessoas que
trabalharam toda a vida com baixos salários recebam pouco quando se
aposentarem, correndo o risco de cair na pobreza. A ideia não entusiasma a CDU
e a CSU.
Trabalho: O SPD defende reformas
no mercado de trabalho. Além de serem favoráveis aos contratos de trabalho por
tempo indeterminado, os social-democratas defendem a necessidade de apostar no
treinamento contínuo dos trabalhadores, de olho nas mudanças causadas pela
digitalização. O SPD também quer facilitar o trabalho para quem tem família,
por exemplo dando aos trabalhadores o direito de retornarem à jornada integral
depois de um período de tempo de trabalho reduzido para se dedicar aos
filhos. Os conservadores reiteram que qualquer mudança não deve
elevar os custos da mão de obra.
União Europeia: Uma "Europa
democrática, solidária e social" é a ideia do SPD, que espera que a
Alemanha, em cooperação com o presidente francês, Emmanuel Macron, dê um novo
impulso à União Europeia mediante a criação de um orçamento comum para a zona
do euro e o desenvolvimento de uma política migratória unificada. Essa maior
integração não agrada à CSU, para quem "mais Europa" significa "menos
Alemanha".
AS/dpa/rtr | Deutsche Welle
Foto: Os líderes de
conservadores, Angela Merkel, e social-democratas, Martin Schulz, no início das
sondagens, em Berlim
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