@Verdade | Editorial
Devido ao bárbaro e covarde
assassinato do edil de Nampula, Mahumudo Amurane, o município vai acolher
eleição intercalar para a escolha do presidente do Conselho Municipal da cidade
de Nampula, no próximo dia 24 de Janeiro. A campanha eleitoral, que arrancou na
última terça-feira (9), para o efeito já está ao rubro. As imagens sobre a
campanha eleitoral trazidas pelos meios de comunicação social, sobretudo os
órgãos de informação especializados em alienarem e desorientarem a população,
mostram-nos, uma vez a outra, até ao enjoo, uma situação deprimente.
Vemos e ouvimos os cincos
candidatos a edil de Nampula insultando a inteligência/ consciência dos nampulenses,
fazendo promessas que, por incompetência, desleixo e propensão à corrupção, não
vão poder cumpri-las. O que Amurane fez em sensivelmente três anos nenhum outro
autarca neste país já o fez. No entanto, é deveras caricato quando os cinco
candidatos prometem melhorar a vida dos munícipes de Nampula em menos de um
ano.
Os discursos de que haverá mais
água e melhorias nos mercados da cidade feito pelo candidato da Frelimo, a
remoção de lixo e continuidade das obras de Amurane por parte do candidato do
MDM, eliminar buracos pelo candidato de AMUSI, a construção de um ambiente de
paz, prometido pela senhora Filomena Mutoropa, e emprego para os jovens
prometido pela Renamo, não passam de mera demagogia.
Na verdade, quando se deles
esperava moderação e, de alguma maneira, contenção, os políticos legitimam o
mais hipócrita de todos os princípios de que em Moçambique o momento de caça ao
voto, o esbanjamento, a ostentação e as promessas infundadas são as palavras de
ordem.
Numa altura que o país atravessa
uma crise criada pelo Governo da Frelimo, é obsceno realizar-se esta infecunda
e inútil eleição intercalar à custa dos nossos impostos enquanto milhares de
moçambicanos vivem numa desgrenhada miséria doméstica, em condições de tamanha
desumanidade e enfrentam os duros, violentos e insuportáveis combates de que é
feita a vida vivida à intempérie.
É deveras repugnante e
simultaneamente revoltante ver o que fazem os candidatos com o dinheiro do
erário. Muito dinheiro que deveria ser poupado é vergonhosamente utilizado para
protagonizar imensos circos deprimentes e é gasto em caravanas pejadas de seres
humanos aflitivamente alienados e preparados para prestar vassalagem, cantar
hossanas e satisfazer caprichos oportunistas de políticos profissionais
consagrados na Corrupção Organizada.
Os munícipes de Nampula não
deveriam legitimar essa pouca vergonha, em memória e consideração ao trabalho
desenvolvido por Amurane nos últimos três anos. Portanto, esta eleição deveria
ser uma oportunidade para os nampulenses mostrarem de forma viva o seu desapontamento
pelo assassinato bárbaro do seu edil e o não esclarecimento do crime.
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