Ana Alexandra
Gonçalves* | opinião
Depois de anos de desinvestimento
no Sistema Nacional de Saúde, por imposição externa e por se tratar de uma área
particularmente apetecível para os negócios, o actual governo socialista,
apoiado pelos partidos à sua esquerda, não tem vindo a repor o que foi
retirado. O resultado não pode propriamente surpreender: listas de espera que
continuam a ser um problema, quer para consultas, quer para intervenções
cirúrgicas; serviços de urgência atolados, mais ainda no pico da gripe;
displicência no que diz respeito a determinadas áreas da saúde, designadamente
na saúde mental; incapacidade de resposta a doenças prolongadas e cuidados
paliativos. É também neste contexto que surgem imagens de serviços de urgência
repletos de gente em agonia ou até de recepções de hospitais onde são
despejados doentes.
No entanto, e apesar de
importância das imagens sobretudo para um debate que já deveria ter acontecido,
desenganem-se aqueles que consideram serem estes actos louváveis, sem quaisquer
objectivo político, concretamente de quem promove as denúncias. Ainda assim, as
imagens não deixam de tocar no essencial: quem entra num hospital corre o risco
de deixar a sua dignidade à porta.
O Partido Socialista está por
detrás da criação do Sistema Nacional de Saúde, ou seja tem responsabilidade
acrescida e o dever moral de zelar pelo SNS e pela dignidade dos utentes. Os
partidos à sua esquerda, desde logo por imperativos ideológicos, não podem
baixar os braços neste particular.
Existe, porém, questões que são
indissociáveis do investimento necessário no SNS: a dívida pública, os juros,
as imposições externas, restando saber até que ponto será possível cumprir as
imposições externas e repor o investimento no SNS, retirando, claro está,
margem de lucro a quem ganha com a degradação dos serviços de saúde pública.
*Ana Alexandra
Gonçalves | Triunfo da Razão
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