Inspectores do ambiente tentaram
obter amostras de água de forma automática. Uma, duas, três vezes. Alguma coisa
ou alguém impedia as recolhas, conta o Público
Os inspetores do ambiente
"tiveram dificuldades inéditas para recolher amostras de água" junto
à tubagem da Celtejo, que de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA)
é responsável por 90% das descargas no rio Tejo, notícia
o jornal Público.
O "mistério das amostras
desaparecidas" já faz parte da investigação que o Ministério Público está
fazer à poluição do maior rio português, informa o jornal sobre este caso,
relacionado com o manto de espuma que surgiu junto ao açude insuflável de
Abrantes a 24 de janeiro.
O Ministério do Ambiente ordenou,
então, à APA e à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar (IGAMAOT), do Ambiente e
do Ordenamento do Território a realização de análises extraordinárias com o
objetivo de determinar as fontes da poluição.
Alguns resultados desse
investigação foram divulgados no final de janeiro: a APA concluiu que as
descargas das empresas de papel a montante do açude de Abrantes, em especial em
Vila Velha de Ródão, "tiveram um impacto negativo e significativo" na
qualidade da água do rio que provocou a acumulação de carga orgânica. Foram
detectados níveis de celulose cinco mil vezes acima do normal.
Mas na sexta-feira da semana
passada, os inspectores da IGAMAOT foram ao terreno fazer outro tipo de
análises. Queriam recolher amostras de água junto à saída dos afluentes das
ETAR das principais empresas que fazem descargas no Tejo, Celtejo incluída.
Assim, conta o jornal, foi
colocada a tubagem de um coletor no interior do rio para recolher amostras hora
a hora, durante 24 horas, de forma automática, junto à tubagem da Celtejo. No
entanto, no sábado, quando os inspetores foram recolher as 24 amostras diárias
que deveriam estar depositadas em 24 recipientes, encontraram apenas alguma
espuma. Faltava a água necessária para as análises laboratoriais.
A investigação do jornal indica
que "este facto nunca se tinha verificado noutro tipo de recolhas do
género feitas pelos inspectores da IGAMAOT" e, no domingo passado, o
colector voltou a ser colocado no mesmo local, mas na última segunda-feira, no
momento da recolha das amostras, os recipientes estavam de novo vazios.
"O equipamento não tinha
qualquer problema, mas alguma coisa ou alguém impedia que as recolhas fossem
feitas", refere a notícia.
E o relato continua. Ainda nesse
dia, foi novamente colocado o colector que ficou sob a vigilância de militares
do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR. Terça-feira, alguns
dos 24 recipientes tinham amostras de água, mas a maioria continuava apenas com
espuma.
Foi o momento de mudar de
estratégia. Os inspectores colocaram o colector por mais 24 horas e decidiram
fazer, também, a recolha manual de amostras para entregar no laboratório.
O caso passou a constar da
investigação que o Ministério Público tem em curso a empresas de Vila Velha de
Ródão, na sequência de uma participação-crime de poluição no rio Tejo, apresentada
pelo Ministério do Ambiente.
O resultado das análises, ou de
parte delas, deverá ser divulgado segunda-feira, dia em que termina o período
de 10 dias de redução de 50% de produção da Celtejo, importo pelo Ministério do
Ambiente.
A Celtejo recusou
responsabilidades na poluição visível no rio.
Expresso | Foto: Paulo Cunha/Lusa
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