Polícia britânica diz ter
encontrado uma grande concentração do agente nervoso que envenenou Sergei
Skripal na porta de entrada de sua residência. Reino Unido acusa a Rússia pelo
ataque, que gerou resposta internacional.
A polícia britânica afirmou nesta
quarta-feira (28/03) que o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia,
envenenados no início de março na cidade de Salisbury, na Inglaterra, podem ter
sido expostos pela primeira vez ao agente tóxico em sua própria residência,
localizada no mesmo município.
"Especialistas identificaram
a maior concentração do agente nervoso encontrada até o momento na porta da
frente de seu endereço", afirmou a Scotland Yard em comunicado.
"Acreditamos que os Skripal tenham entrado em contato com o agente nervoso
pela primeira vez nesse local."
Segundo Dean Haydon, da Polícia
Metropolitana de Londres, traços do mesmo agente nervoso foram encontrados
pelos policiais em outros locais ao longo das últimas semanas, mas em
concentrações menores. As autoridades devem agora concentrar as investigações
na residência da família.
A polícia afirmou que cerca de
250 detetives especializados em antiterrorismo estão trabalhando no caso, que
ainda pode levar meses para ser solucionado. Como parte da investigação, cerca
de 500 testemunhas foram identificadas, e 5 mil horas de vídeos capturados por
câmeras de segurança na região estão sendo analisadas.
"Aqueles que vivem no bairro
da família Skripal podem esperar ver policiais realizando buscas como parte da
investigação, mas eu garanto a eles que o risco continua baixo e que nossas
buscas são apenas preventivas", disse Haydon.
Especialistas internacionais da
Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegaram a Salisbury em
20 de março para acompanhar as investigações britânicas. O órgão obteve uma
autorização judicial na semana passada para coletar amostras de sangue das duas
vítimas.
Skripal, de 66 anos, e sua filha
Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico desde que foram
encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque
em Salisbury, localizada a 120 quilômetros da capital britânica, Londres.
Especialistas britânicos
identificaram o agente nervoso como pertencente a um grupo de substâncias
tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e
1980.
Respostas ao ataque
O Reino Unido acusa a Rússia de
responsabilidade pelo crime, que elevou ainda mais as tensões entre Moscou e o
Ocidente. Londres e seus aliados, incluindo os Estados Unidos e vários países
europeus, anunciaram a expulsão de cerca de 150 diplomatas russos.
O ministro do Exterior do Reino
Unido, Boris Johnson, disse nesta quarta-feira que o Kremlin subestimou a
resposta ocidental ao envenenamento de Skripal e de sua filha. Segundo Johnson,
chegou a 27 o número de países que já promoveram reduções diplomáticas.
"Se eles [os russos]
pensaram que nós havíamos nos tornado tão moralmente enfraquecidos [...] e tão
temerosos ante à Rússia que não nos atreveríamos a responder, aqui está sua
resposta", disse Johnson a uma plateia de embaixadores em Londres.
Moscou, por sua vez, nega
qualquer envolvimento no ataque. Nesta quarta-feira, antes do anúncio da
polícia britânica sobre os novos detalhes da investigação, o Ministério do
Exterior russo afirmou que o próprio Reino Unido pode ter sido responsável pelo
envenenamento.
"Uma análise de todas as
circunstâncias revela um desinteresse das autoridades britânicas em encontrar
os verdadeiros motivos e os perpetradores do crime", disse o ministério em
nota. "Isso nos leva à ideia de um possível envolvimento dos serviços
especiais britânicos."
EK/dpa/ap/afp/rtr | em Deutsche
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