Numa carta endereçada ao partido,
que o Jornal de Notícias publica nesta sexta-feira, o antigo primeiro-ministro
queixa-se de “uma espécie de condenação sem julgamento” por parte de agora
ex-camaradas de partido. O primeiro-ministro António Costa, o líder parlamentar
Carlos César e o porta-voz socialista João Galamba falaram em “vergonha” e
“desonra” caso se confirmem as suspeitas de corrupção por membros do Governo de
Sócrates.
José Sócrates enviou esta quinta-feira uma carta ao PS,
entregando o seu cartão de militante e queixando-se de “uma espécie de
condenação sem julgamento”. A informação é avançada na edição desta
sexta-feira do Jornal de Notícias e surge na sequência das críticas recentes de
figuras destacadas do partido, incluindo o líder parlamentar, Carlos César, o
porta-voz socialista, João Galamba, e até o primeiro-ministro, António Costa.
Na carta que o JN publica, o
antigo primeiro-ministro e ex-secretário-geral socialista escreve que “a
injustiça que a direção do PS comete” consigo “ultrapassa os limites do que é
aceitável no convívio pessoal e político”. “É chegado o momento de pôr fim a
este embaraço mútuo”, justifica.
António Costa afirmou na
quinta-feira que em Portugal ninguém está acima da lei e que, “a
confirmarem-se” as suspeitas de corrupção por membros do Governo de José
Sócrates, será “uma desonra para a democracia”. No mesmo dia, questionado
sobre se se sentia “envergonhado” tal como Carlos César, João Galamba
respondeu: “Acho que é o sentimento de qualquer socialista, quando vê
ex-dirigentes, no caso um ex-primeiro-ministro e secretário-geral do PS acusado
de corrupção e branqueamento de capitais. Obviamente, envergonha qualquer socialista, sobretudo se as
matérias de que é acusado vierem a confirmar-se.”
Na quarta-feira, Carlos César
havia assumido que o partido sente “vergonha” das suspeitas de corrupção que
recaem sobre o antigo ministro Manuel Pinho e que esta vergonha “ainda é maior”
no caso de José Sócrates por se tratar de um ex-primeiro-ministro.
“Penalizamo-nos muito, ficamos entristecidos e até enraivecidos com isto, com
as pessoas que se aproveitam dos partidos políticos, e nomeadamente do nosso, e
que tenham comportamentos desta natureza e dimensão”, acrescentou o líder
parlamentar e presidente do PS.
Hélder Gomes | Expresso
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