O braço direito de Kim Jong Un,
general Kim Yong Chol, e o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, jantaram
nesta quarta-feira, em Nova York, em um encontro destinado a preparar a cúpula
entre Donald Trump e o líder norte-coreano.
Os dois homens, que já tinham se
reunido duas vezes na Coreia do Norte, mantiveram durante a tarde um encontro
em um prédio próximo à sede da Organização das Nações Unidas.
Pompeo esteve acompanhado por
Andrew Kim, chefe da seção para a Coreia do Norte da CIA.
Posteriormente, Pompeo e o
general participaram de um jantar de trabalho no apartamento de um diplomata
americano no leste de Manhattan, que durou aproximadamente uma hora e meia.
Para a quinta-feira estão
programadas outras duas reuniões.
Ao sair do jantar, Pompeo disse a
jornalistas que o encontro "foi genial" e revelou que comeram
"carne americana".
O general Kim Jong Chol é o
representante de mais alto nível da Coreia do Norte a pisar em solo americano
nos últimos 18 anos, desde a visita do vice-marechal Joe Myong Rok, que se
reuniu em 2000 com o presidente Bill Clinton.
O objetivo dos encontros será a
conclusão do planejamento da cúpula prevista para 12 de junho em Singapura e
acelerar os preparativos, uma semana depois de Trump ter escrito a Kim Jong-Un
para comunicar a suspensão da cúpula por causa da "hostilidade" do
governo norte-coreano.
Kim Yong Chol, vice-presidente do
comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte e que 2009 a
2013 esteve à frente do serviço de espionagem do país.
Desnuclearização
Kim Yong Chol é alvo de sanções
americanas desde 2010. Para sua chegada a Nova York essas sanções provavelmente
foram suspensas. "Imagino que o necessário tenha sido feito", se
limitou a comentar a respeito a porta-voz do Departamento de Estado, Heather
Nauert.
No domingo, os negociadores
americanos, liderados pelo embaixador de Washington nas Filipinas, Sung Kim,
começaram a se reunir com seus homólogos norte-coreanos na localidade de
Panmunjom, na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias.
O secretário-geral adjunto da
Casa Branca, Joe Hagin, se encontra em Singapura visando os preparativos logísticos
da cúpula. Um fotógrafo da AFP pôde ver nesta terça-feira Kim Chang Son, um
assessor muito próximo de Kim Jong-Un, na cidade-estado da Ásia.
Finalmente, Trump se reunirá em 7
de junho na Casa Branca com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pouco
antes da cúpula do G7 no Canadá.
Os diplomatas têm apenas duas
semanas para concluir a preparação logística da cúpula e definir a agenda.
Washington exige de Pyongyang uma
"desnuclearização completa, verificável e irreversível" antes de
qualquer suspensão das pesadas sanções internacionais que afetam a Coreia do
Norte em represália por seus programas nuclear e balístico.
Mas Pyongyang nunca aceitou pagar
esse preço, considerando seu arsenal uma garantia da sobrevivência do regime.
Kim Yong Chol é parte do entorno
próximo de Kim Jong-Un e desempenhou um papel importante na aproximação
diplomática que levou à distensão na península coreana nos últimos meses. Em
fevereiro, na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos da Coreia do Sul,
estava sentado atrás da filha de Donald Trump Ivanka.
Além disso, acompanhou Kim
Jong-Un em suas duas viagens recentes à China.
O general é uma figura muito
controversa na Coreia do Sul, onde o acusam de ter autorizado o ataque, em
2010, contra a corveta sul-coreana "Cheonan", incidente no qual 46
marinheiros morreram. A Coreia do Norte nega ser responsável pelo caso.
Legisladores da oposição
sul-coreana protestaram em fevereiro contra a visita de Kim, a quem chamaram de
"criminoso de guerra diabólico".
AFP
Foto: General norte-coreano Kim
Yong Chol (centro) em Paju, na zona desmilitarizada, em 27 de fevereiro de 2018
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