Gráfico do Ministério da Defesa
russo exibido em apresentação de novo sistema de mísseis
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Os americanos se desligaram de
fato do tratado que regula as armas nucleares de médio alcance. Com isso, o
futuro, sobretudo da Europa, ficou bastante mais sombrio, opina Max Hofmann.
Max Hofmann (av) | opinião
Sem dúvida, segundo todas as
informações disponíveis, os Estados Unidos têm razão: com seus mísseis 9M729, a
Rússia viola o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF).
Segundo informações da DW, diversos serviços secretos ocidentais confirmam
isso, independentemente. Então, por que se agarrar a um pacto que não é mais
respeitado?
A corda-bamba na qual o mundo se
equilibra, no mais tardar desde a eleição de Donald Trump como presidente dos
EUA, perde uma importante rede de segurança. Pois os EUA abandonam o Tratado
INF sem que haja uma perspectiva realista para um acordo substituto.
De russos e americanos, escuta-se
repetidamente que essa medida na verdade se dirige aos chineses. Estes, de
fato, estão basicamente desvinculados de tratados de desarmamento ou outros
acertos limitadores e se armam em grande escala. Isso é um problema sobretudo
para a Rússia. Do ponto de vista de Moscou, para poder ampliar o potencial de
ameaça em direção ao Leste são necessários mísseis de médio alcance baseados em
terra.
Também contra isso há pouco a
ressalvar, do ponto de vista militar. Os próprios EUA observam com preocupação
crescente os gastos armamentistas e militares da China. Mas, façam-me o favor,
como é que justamente o abandono de um dos últimos grandes acordos sobre armas
nucleares poderá melhorar a situação? Os americanos fazem assim o mesmo que os
russos: eles ficam brincando com o pavio do fim do mundo.
Por toda parte, atualmente a
mudança climática é invocada como possível golpe fatal para a humanidade. Pode
ser, mas uma nova, descontrolada corrida armamentista entre Rússia e EUA,
combinada com a China como nova potência militar mundial, faz o futuro parecer
ainda mais sombrio.
Todos nós, mas em especial os
europeus, enquanto peça no tabuleiro e potencial campo de batalha das
superpotências, tivemos uma enorme sorte, na época da Guerra Fria, de que a
tensão não tenha desembocado numa guerra nuclear. Durante a crise de Cuba,
em 1962, isso quase aconteceu. Um motivo pelo qual esse pavoroso cenário pôde
ser evitado foram os protagonistas políticos da época, em especial John F.
Kennedy e Nikita Krushov.
Hoje em dia, é incomparavelmente
mais difícil encontrar políticos dessa velha, tendencialmente prudente escola
por trás dos botões das armas nucleares. Por sorte, até há pouco Trump se
mantivera basicamente fora das questões militares, e na Otan insistia antes por
dinheiro e contribuições dos parceiros de aliança.
Ao que tudo indica, esse tempo
passou. O presidente russo, Vladimir Putin, prefere brincar com fogo no oeste
de seu gigantesco império. Pois, por mais que seja convincente a argumentação
da ameaça chinesa, isso não justifica que ele fique brandindo seus mísseis
de médio alcance na cara dos europeus.
Portanto não só a União Europeia,
mas também o resto do mundo, em breve não terá mais o Tratado INF. Dos grandes
instrumentos de limitação e desarmamento nuclear, sobra apenas o acordo New
START, que sairá de vigor em 2020. No mais tardar aí, teremos exatamente o
contrário daquilo de que o planeta precisa, que seria um acordo abrangente, de
escala mundial, para controle das armas nucleares. Nada mais tem boas
perspectivas de longo prazo, sobretudo considerando-se os muitos países menores
que também cultivam ambições nucleares.
Desse modo, os atuais políticos
das superpotências estão legando para as gerações futuras um mundo realmente
assustador. É certo que muitos na Europa quase não sentem qualquer ameaça, e a
maioria nem sabe mais como é uma guerra. Em si, isso é algo fantástico, mas as
chances de que permaneça assim pioraram mais ainda após a retirada americana do
Tratado INF.
O ser humano tem memória curta, e
isso também se aplica às nações e seus presidentes. A Rússia e os EUA precisam
se conscientizar o quanto antes sobre quão terrivelmente devastadoras
são as forças com que eles estão brincando.
Max Hofmann (av) | Deutsche Welle
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