sábado, 8 de agosto de 2020

Moçambique | Jornalistas impedidos de assistir a julgamento de Sandura Ambrósio


Juíz disse tratar-se de sessão com "matéria sensível". Em causa está o julgamento de acusados de conspiração contra o Estado, no qual o Ministério Público pediu punição exemplar para Sandura Ambrósio.

O Tribunal Judicial do Dondo, na província central de Sofala, em Moçambique, impediu, na manhã desta sexta-feira (07.08), os jornalistas de acompanhar a sessão de produção de provas do julgamento dos seis arguidos acusados de conspiração contra o Estado por alegadamente estarem associados à autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Os jornalistas já estavam na sala quando, dez minutos depois do início do julgamento, o juíz da causa, Carlitos Teófilo, pediu que se retirassem, alegando que a sessão iria abordar "matéria sensível". Foram ouvidos os peritos da direção central do Serviço Nacional de Investigação Criminal que elaboraram o processo.

Mais tarde, já ao início da tarde, a imprensa voltou a ser convidada a entrar para ouvir as alegações finais  do Ministério Público e da defesa. 




MP pede punição exemplar

julgamento começou a 10 de julho e entre os arguidos está o antigo deputado da RENAMO, o maior partido da oposição, Sandura Ambrósio, que já negou as acusações. Esta sexta-feira (07.08), o Ministério Público pediu ao tribunal a sua punição exemplar:

"Agrava a responsabilidade criminal de Sandura Ambrósio a falta de confissão e a tentativa de responsabilizar os outros pelo crime cometido por ele", disse Lisandra dos Santos, magistrada do Ministério Público, durante a sessão de alegações finais.

O Tribunal fez saber ainda que o réu Domingos Marime foi absolvido. Segundo o correspondente da DW, Arcénio Sebastião, o Ministério Público retirou a queixa por achar que não existiam evidências de crime. Marime deverá seguir para a sua casa esta tarde ou na próxima segunda-feira (10.07). A sentença do caso será lida no dia 8 de setembro.

A reação de Mariano Nhongo 

O Ministério Público considera que Sandura Ambrósio terá recrutado homens para a Junta Militar e apoiado financeiramente o grupo, que é liderado por Mariano Nhongo, um antigo líder de guerrilha da RENAMO.

A 22 de julho, falando para jornalistas na cidade da Beira, em contacto telefónico a partir de um ponto incerto do centro de Moçambique, o líder dos dissidentes da RENAMO, Mariano Nhongo, também negou que Sandura Ambrósio seja o financiador do seu grupo, associando a sua detenção a motivações políticas.

Além de Domingos Marime e Sandura Ambrósio, são arguidos do processo António Bauase, Gabriel José Domingos, Eugénio Joaquim Domingos e Aníva Bernardo.

Deutsche Welle | Lusa, Arcénio Sebastião, rl

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