sábado, 10 de abril de 2021

Portugal | Sócrates diz-se vitorioso, vai “defender-se”

Dispara sobre MP e jornalistas. E deixa tabu: “O regresso à política diz-me respeito”

“Todas as grandes mentiras da acusação caíram, tudo ruiu”, declarou o antigo primeiro-ministro. De facto, todas as acusações de corrupção caíram, mas José Sócrates vai a julgamento pelos crimes de branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Garantiu sentir-se “com a tranquilidade dos inocentes”

À saída do Campus de Justiça, José Sócrates afirmou esta sexta-feira que “alguma coisa de singular aconteceu”. “Todas as grandes mentiras da acusação caíram, tudo ruiu”, descreveu o antigo primeiro-ministro após a leitura da decisão instrutória pelo juiz Ivo Rosa no processo da Operação Marquês, em Lisboa.

Todos os crimes de corrupção de que era acusado caíram, mas Sócrates vai a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e outros três por falsificação de documentos, relacionados com o imóvel de Paris e com os pagamentos da tese de mestrado na Sciences Po. “Não é verdade e vou defender-me dos seis crimes. Ivo Rosa diz que há indícios para contrariar aquilo que eu digo. Mas eu vou defender-me. A justiça estava errada”, disse.

“A acusação tem uma motivação política, sempre teve motivação política. Desde que o processo chegou ao TCIC [Tribunal Central de Instrução Criminal], foi manipulado. O sorteio foi manipulado. Não confio no Ministério Público [MP] para investigar essa distribuição do caso, que foi viciada. O MP escolheu o juiz”, acrescentou, referindo-se ao juiz Carlos Alexandre.

O juiz “nunca foi imparcial e nunca esteve à altura da dignidade do cargo”, avaliou, acusando Carlos Alexandre e o MP de terem agido “de forma conluiada” para o prenderem. “Difamaram durante sete anos um inocente. Todos esses crimes não existiram. Eram falsidades. Só tenho receio das manipulações”, afirmou.

Em seguida, atirou-se à comunicação social: “Nada disto teria chegado a este ponto se os jornalistas tivessem cumprido o seu dever”, afirmou, reforçando: “Não tinham factos nem indícios, nem provas.”

Questionado sobre um possível regresso à política, eventualmente uma candidatura à Presidência da República, Sócrates escusou-se a comentar. “O regresso à política diz-me respeito, não quero partilhar”, atirou.

Minutos mais tarde, no parque de estacionamento, repetiu as críticas ao processo e garantiu sentir-se “com a tranquilidade dos inocentes”.

Hélder Gomes | Hugo Franco | Expresso

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