terça-feira, 2 de agosto de 2022

Pequim volta a ameaçar EUA pela eventual visita de Nancy Pelosi a Taiwan

"Os EUA vão certamente arcar com a responsabilidade e vão ter que pagar o preço pelo ataque à soberania e segurança da China", refere Pequim.

A República Popular da China avisou esta terça-feira os Estados Unidos da América sobre a eventual visita da presidente da Câmara dos Representantes a Taiwan, afirmando que Washington vai ter de "pagar o preço" pela deslocação de Nancy Pelosi considerada "ataque".

"Os EUA vão certamente arcar com a responsabilidade (consequências) e vão ter que pagar o preço pelo ataque à soberania e segurança da China", afirmou Hua Chunying, porta-voz da diplomacia da República Popular da China em conferência de imprensa.

Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, chegou à Malásia, a segunda paragem da deslocação ao continente asiático que pode ficar marcada pelas tensões entre Pequim e Washington por causa da eventual visita a Taiwan, que ainda não foi confirmada.

Pequim considera a ilha (República da China) "província rebelde" que deve ser reunificada, criticando fortemente qualquer alto responsável político estrangeiro que visita Taipé.

O Governo do Partido Comunista Chinês reclama a soberania da ilha desde que os nacionalistas do Kuomintang liderados por Chiang Kai-shek foram derrotados pelas forças comunistas chefiadas por Mao Tsé-Tung durante a guerra civil na segunda metade da década de 1940.

Os nacionalistas refugiaram-se na ilha do Estreito da Formosa tendo estabelecido em Taiwan em 1949, a República da China (ROC - sigla oficial) - fundada em 1912 por Sun Yat-sen -.

De acordo com a agência nacional de Kuala Lumpur, Bernama, Pelosi a bordo de um avião militar desembarcou esta terça-feira numa base da Força Aérea da Malásia e deve reunir-se com o presidente do Parlamento na capital do país.

Após a visita a Singapura e Malásia, o itinerário de Pelosi incluiu deslocações confirmadas à Coreia do Sul e ao Japão mas a viagem está a ser marcada pela eventual visita a Taiwan.

Várias notícias publicadas em todo o mundo referem que a visita a Taipé vai realizar-se.

O jornal Financial Times noticia que Pelosi vai reunir-se com a chefe de Estado de Taiwan na quarta-feira.

Na segunda-feira, John Kirby, porta-voz da Casa Branca afirmou que Pelosi tem o direito de visitar Taiwan.

"Não há razão para Pequim fazer desta visita uma espécie de crise. (A visita) não se afasta da doutrina norte-americana", acrescentou Kirby.

O primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, não confirmou a deslocação de Pelosi quando questionado pelos jornalistas mas agradeceu o apoio à presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

O jornal de Taiwan, Liberty Times cita fontes anónimas segundo as quais Nancy Pelosi deve chegar ainda esta terça-feira a Taiwan.

Os 23 milhões de habitantes da República da China vivem sob as ameaças constantes de Pequim porque o chefe de Estado da República Popular da China, Xi Jinping, fez da "reunificação" uma prioridade.

No último ano, aumentou o número de incursões de aviões de combate da República Popular da China na Zona de Identificação Aérea de Taiwan.

Segundo Taipé, um navio contratorpedeiro da Marinha de Guerra da República Popular da China navegou a 80 quilómetros da ilha de Lanyu, sudeste de Taiwan.

Fontes militares citadas pela agência CNA acrescentam que contratorpedeiros, fragatas e navios de telecomunicações do Exército Popular de Libertação (República Popular da China) foram avistados "nos últimos dias" ao largo da ilha de Lanyu pertencente a Taiwan.

A ilha situa-se a 88 quilómetros da cidade de Hualien, na costa leste de Taiwan (República da China).

O Ministério de Defesa de Taipé explicou que utilizou "métodos conjuntos do sistema de informações, vigilância e reconhecimento para registar e controlar os possíveis movimentos do inimigo (República Popular da China)".

Rússia acusa EUA de desestabilizar o mundo por causa de Taiwan

A Rússia acusou os Estados Unidos de "desestabilizar o mundo" ao provocar tensões acerca de Taiwan, onde a possibilidade de uma visita da líder do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, está a irritar Pequim.

"Washington está a desestabilizar o mundo. Não resolveu nenhum conflito nas últimas décadas, mas provocou vários", acusou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, numa mensagem divulgada na rede Telegram.

A imprensa norte-americana avançou, na semana passada, a possibilidade de a viagem à Ásia de Pelosi passar por Taiwan, sendo que tanto representantes militares como civis chineses têm alertado para as possíveis consequências da visita da responsável norte-americana.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, avisou novamente que Taiwan vai enfrentar "consequências desastrosas" se "os Estados Unidos administrarem mal a situação no estreito".

É "difícil imaginar uma ação mais imprudente e provocadora" do que a visita de Pelosi, assegurou Hua, que estendeu a possibilidade de haver "consequências desastrosas caso os Estados Unidos não tomem a decisão certa", não só para Taiwan mas também para "o mundo inteiro".

A agência de notícia de Taipé noticiou que um navio contratorpedeiro da Marinha de Guerra da República Popular da China navegou a 80 quilómetros da ilha de Lanyu, no sudeste de Taiwan.

Citando fontes militares, a agência acrescenta que, além de contratorpedeiros, também fragatas e navios de telecomunicações do exército chinês foram avistados "nos últimos dias" ao largo da ilha de Lanyu, que pertence a Taiwan.

Nancy Pelosi está na Ásia em visita oficial e, até agora, anunciou que a visita passará por países como Singapura -- onde já se encontra -, Indonésia, Coreia do Sul, Malásia e Japão, sem nunca referir Taiwan.

Não é a primeira vez que Pelosi planeia uma viagem a Taiwan, já que, em abril passado, tinha planos para ir à ilha, mas teve de os cancelar após testar positivo com covid-19.

A China reivindica soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá, em 1949, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.

Taiwan, com quem o país norte-americano não mantém relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre a China e os EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar em caso de conflito com o gigante asiático.

Diário de Notícias | Lusa

Na imagem: Pelosi - © EPA/MICHAEL REYNOLDS

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