domingo, 16 de abril de 2023

Portugal | PS contra PS

Paulo Baldaia | TSF | opinião

António Costa acabará por ter de tentar evitar que o Partido Socialista seja o carrasco do Partido Socialista, mas caminha em gelo tão fino que nem uma maioria absoluta é seguro contra todos os riscos. Se o guião se mantiver como até aqui, o mais provável é que ânsia de destruir politicamente Pedro Nuno Santos torne impossível retirar dos escombros o que sobrar da ala esquerda do PS. E PS sem esquerda não é PS, é outra coisa qualquer.

O primeiro-ministro que, não esqueçamos, é também líder do PS vive obcecado com a sua própria sucessão no partido. Na verdade, é obcecado com a ideia de que não pode ser Pedro Nuno a suceder-lhe. Na longa lista de potenciais sucessores, que o próprio foi alargando, até Marta Temido entrou. Tem na "pole position" Fernando Medina, mas cabem lá igualmente Mariana Vieira da Silva, Ana Catarina Mendes e, o último dos moicanos, Pedro Adão e Silva.

Todos no governo, para lá levados pelo secretário-geral do PS.

Como é evidente, não é grande estratégia aumentar o número de potenciais candidatos da mesma área, deixando o adversário percorrer sozinho o seu caminho. O que agora procura fazer António Costa é dividir o outro lado, elogiar Duarte Cordeiro, encontrar alguém que possa federar os interesses da ala esquerda, salvar o partido de uma guerra fratricida, aumentando as hipóteses de conseguir, afinal, ser ele a determinar a sua sucessão.

Sairá daqui um partido mais fraco, mas isso é o que sempre acontece quando os políticos se julgam mais valiosos que os partidos que os levaram ao poder. Aconteceu com o PSD de Cavaco Silva e o PSD de Passos Coelhoe com o PS de Mário Soares e o PS de José Sócrates. Voltará a acontecer com o PS de António Costa.

Sem comentários:

Mais lidas da semana