Artur Queiroz*, Luanda
Jovens entrem nos vossos helicópteros, apertem os cintos e avancem para o Parque Nacional do Iona. O nosso Peron e sua Evita já lá estiveram e andaram de moto quatro, ela vestida à Rainha Africana e ele disfarçado de kupapata. O fato da primeira-dama era igual ao de Katharine Hepburn no badalado filme de John Huston Rainha Africana, que deu um Óscar a Humphrey Bogart. Na fita faz de bêbado da valeta. A viagem do casal presidencial ao Iona é o primeiro sinal a sério da cooperação com o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Já são os gringos que vestem a nossa Evita. Não Chores Por Mim Angola!
O Presidente João Lourenço, ar de turista descontraído, aconselhou os jovens angolanos a fazerem turismo cá dentro. Venham ao Iona contemplar os bichos. Mas venham rápido antes que os camelos fujam todos para a UNITA. No mundo não há nada igual ao Virei. O governo das Seychelles (o país é independente desde 1976 por pouco acompanhava Angola) decidiu importar as praias do Iona. Bichos do Iona. Motos quatro do Iona e os hotéis da AAA Activos.
O Presidente das Seychelles publicou um decreto que obriga todos os cidadãos a fazerem férias no Iona! João Lourenço e o seu séquito foram lá de férias porque a bússola da Presidência da República se avariou.
A Juventude Angolana está praticamente em pleno emprego. Salários elevadíssimos. Vai tudo de férias para o Iona. Eles disfarçados de kupapatas e elas de Rainha Africana. Mas podem ir vestidas à Marilyn Monroe, com aquele vestido vaporoso que usou no filme Gata em Tecto de Zinco Quente.
Esta actriz foi casada com o dramaturgo e romancista Artur Miller. Estive apaixonado por ela. Consegui o endereço da produtora dos seus filmes e escrevi-lhe uma carta de amor. Garanti que sou a favor da bigamia, trigamia, pentagamia e poligamia. Prometi que não me importava de ser o marido dela que levava chapadas e pontapés quando chegava bêbada a casa, de madrugada. E se chegasse com um marido ocasional não me importava de dormir na casota do cão. Nunca me respondeu. Mas sei e fonte limpa que mais tarde releu a carta e ficou tão arrependida de não responder que se suicidou. Não Chores Por Mim Angola!
Os jovens turistas angolanos chegam aos milhões, todos os dias, ao Iona. As girafas estão enjoadas com tanto turista. A comissão de recepção é constituída pelo chefe Miala e o governador Archer Mangueira. Construíram um arco do triunfo encimado com a foto gigante do General Begin, cujas ossadas foram descobertas pela comissão das vítimas dos conflitos com a diabetes.
A seita UNITA é uma desgraça para Angola. Enquanto existir, não temos uma democracia plena. Impossível. Lembram-se do Paulo Lukamba Gato? Era apontado como um moderado. Alguém racional, que percebeu a dimensão assassina de Jonas Savimbi. Leiam o que ele escreveu:
O General Fernando Begin foi um autodidata que muito cedo ingressou nas fileiras da União Nacional para a Independência Total de Angola. Dedicava tempo ao estudo, sobretudo de questões políticas e de segurança. Ele gozava da confiança do mais velho e era uma espécie de "passe-partout" no entourage do Presidente Fundador. Era um homem de bom senso e dificilmente assumia atitude arrogante ou extremista. Era o moderador dos conflitos entre camaradas de trabalho no grande círculo que envolvia o velho Jonas. A sua altura e porte inspiravam confiança e tranquilidade.
Durante os acontecimentos de 1992 e quando nos retirávamos da cidade de Luanda, fui ferido com alguma gravidade no braço, certamente por bala incendiária que me provocou muita hemorragia e perda imediata dos sentidos. Pensaram todos que eu estivesse morto. Face à situação, a decisão do camarada Begin salvou-me a vida: Ao longo do nosso percurso atribulado do Largo Serpa Pinto até aqui, (Frescangol) perdemos de vista os camaradas Alicerces Mango e o Dr. Morgado. Eu não posso abandonar todos e apresentar-me sozinho diante dos mais velhos. Mesmo morto eu terei de transportar o corpo do camarada Gato para ser enterrado em Viana.
Segundo me foi relatado, o camarada Begin foi o primeiro a colocar-me às costas e andar. Seguiu-se o meu segurança, o Mangope, o Sérgio da Costa Campos até que recuperei os sentidos, perante a alegria e a estupefação dos camaradas de luta. Se o camarada Begin não tivesse tomado aquela corajosa decisão, eu teria sido abandonado no terreno, recuperado e com certeza teria sido liquidado pelas milícias eufóricas e drogadas que cometeram as maiores atrocidades durante a guerra de exclusão de 1992 que tinha como único propósito, inviabilizar a segunda volta das eleições presidenciais e legislativas. Honra e glória à memória do camarada Fernando Begin!”
Nas eleições de 2022 Paulo Gato foi o coordenador da campanha da UNITA e da Frente Patriótica Unida, um truque para enganar os eleitores pois não tem existência legal. Não concorreu às eleições. Ao golpe militar da UNITA em 1992, quando o partido perdeu as eleições, ele chama a “guerra da exclusão” que tinha como “único propósito inviabilizar a segunda volta das eleições presidenciais e legislativas”. O Estado Angolano paga a este sicário para escrever estas aldrabices. Para falsificar a História Contemporânea de Angola.
A UNITA rejeitou os resultados eleitorais. Primeiro com conversa e depois pela força das armas. Não havia segunda volta das legislativas, isso é uma aldrabice do Paulo Gato. Essas ficaram arrumadas na primeira volta com uma vitória do MPLA com maioria absoluta. Vitória confirmada e reconfirmada pera ONU e a Troika de Observadores (Portugal, Rússia e EUA).
Os “comandos” de Ben-Ben saíram de uma base em Viana para Luanda. Tentaram tomar de assalto o aeroporto internacional 4 de Fevereiro. Foram rechaçados. Raivosos pela derrota, mataram jovens que saíam de uma farra no bairro Kassenda. Tropas escondidas na sede Serpa Pinto e da Maianga avançaram sobre a Zona Verde e o Bairro de Alvalade. Queriam tomar de assalto a Rádio Nacional. Foram derrotados pelos moradores, alguns dirigentes do MPLA e oficiais das extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).
O honesto e moderado Paulo Lukamba Gato diz que “se o camarada Begin não tivesse tomado aquela corajosa decisão, eu teria sido abandonado no terreno, recuperado e com certeza teria sido liquidado pelas milícias eufóricas e drogadas que cometeram as maiores atrocidades”. As milícias drogadas eram os luandenses que corajosamente enfrentaram os golpistas.
Os membros da UNITA que morreram, antes mataram muita gente. E muitos foram salvos pelas “milícias drogadas”. Dezenas de membros da UNITA, alguns deputados eleitos, estavam alojados no Hotel Trópico. Antigos oficiais das FAPLA foram protegê-los. Retiraram de lá famílias inteiras. Salvaram-lhes a vida porque a população de Luanda, em fúria, queria vingar os seus mortos.
Um dos que foi salvo tem nome: Carlos Morgado. ´É citado pelo sicário Paulo Gato. Este era médico de Jonas Savimbi., Foi levado para a antiga messe de oficiais das tropas portuguesas, nas traseiras do Ministério da Defesa. Instalações de luxo! Um amigo comum estava em Lisboa e pediu-me para confirmar se Morgado tinha morrido, durante os combates na Grande Batalha de Luanda (última fase). Fui à procura do seu paradeiro.
Encontrei Carlos Morgado numa vivenda do complexo da messe de oficiais. Com uma senhora da UNITA, enfermeira, montou um posto médico apoiado pelo governo. Disse-lhe que um amigo comum estava preocupado com ele, porque lhe disseram que tinha morrido. Perguntei se podíamos fazer um a fotografia juntos, para lhe mandar a prova de que estava vivo. Ele acedeu. Até há pouco tempo tinha essa foto. Ele, muto simpático, muito sorridente, posando a meu lado.
Outro amigo do peito pediu-me para saber notícias de Fátima Roque, diirigente da UNITA. A família em Portugal estava muito preocupada porque recebeu notícia da sua morte. O Comandante Ambrósio de Lemos levou-a para o edifício da cooperação portuguesa, antigo Hotel Império. Protegeu-a. Nada lhe aconteceu. Foi bem tratada e respeitada. Pediu-me produtos de higiene. Levei-lhe tudo o que pediu. As milícias drogadas só existiram na cabeça malévola do sicário Paulo Lukamba Gato. Espero que a declaração sobre o General Begin não seja uma encomenda do chefe Miala, mais conhecido pelo sipaio da Damba.
Os mortos nas ruas de Luanda foram às centenas. Mais de 70 por cento estavam identificados ou foram reclamados pelos familiares. Os outros 30 por cento não tinham qualquer identificação e nunca foram reclamados. Eram sicários da UNIYA. É assim que eles falsificam a História Contemporânea de Angola. Enquanto existirem, a democracia em Angola é impossível. O problema é que a turma do Miala e do Pita Grós tem o mesmo comportamento.
* Jornalista
Ler/Ver em PG:
Angola | Lourencismo com Ana Evita – Artur Queiroz
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