domingo, 10 de novembro de 2024

Fraudes e Crianças Terroristas -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O genocídio na Palestina continua em grande. Os cadáveres identificados e os desaparecidos sob os escombros dos prédios, escolas, universidades e hospitais já vão a caminho dos 50.000. O Conselho de Direitos Humanos da ONU informou o mundo que desse número tétrico, entre 70 a 80 por cento são crianças e mulheres. Pela primeira vez as Nações Unidas falam de genocídio. Da Casa dos Brancos vem apoio sem limites aos nazis de Telavive. Da União Europeia igualmente. Ninguém trava a mortandade que agora abrange o Líbano. 

Um navio suspeito de transportar armas e explosivos para Israel foi proibido de aportar em Espanha. Qual é o problema? Está em Lisboa. As autoridades portuguesas dizem que os manifestos de carga não falam em material de guerra! Frutas, legumes, chocolates, camisas de vénus e pouco mais. Mas ninguém foi inspecionar. Conivência com o genocídio dos nazis de Telavive! A Internacional Fascista tem muita força. E como agora está oficialmente na Casa dos Brancos, o genocídio na Palestina continua.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que a partir de agora, crianças palestinas com mais de 12 anos podem ser julgadas e condenadas por terrorismo. A Casa dos Brancos aplaudiu. A União Europeia comemorou. O ocidente alargado apoia com entusiasmo. A legislação só vem “legalizar” o que já existe. Dezenas de crianças palestinas estão presas nas cadeias de Israel e nos campos de concentração israelitas. O mundo sabe disto e não reage. O mundo todo, não é só a ocidente. Os países africanos também ignoram. 

A Internacional Fascista ganha terreno de uma forma imparável. A Palestina é um laboratório onde os nazis de hoje ensaiam o extermínio de quem atrapalha. Começo a ter vergonha de olhar padra os meus netos. Foi fácil explicar-lhes por que vivem no Catambor e os seus colegas de escola em condomínios de luxo. Mas não consigo explicar-lhes por que razão continua aberta em Luanda a embaixada de Israel. 

Adeptos do Maccabi Haifa, equipa de futebol, israelita, foram agredidos em Amesterdão por manifestantes que são contra o genocídio na Palestina. Na tribo do futebol a barbárie (“hooliganismo”) é uma marca indelével. Não interessa quem provocou primeiro. A selvajaria não tem desculpa.

O mais grave é que os nazis de Telavive e a Casa dos Brancos logo colaram estes acontecimentos a ataques aos judeus. Isso é chão que deu uvas. Os acontecimentos de Amesterdão nada têm a ver com religiões. Têm apenas a ver com o ódio que anda à solta. Hoje islamofobia e não perseguição aos judeus. Já ninguém persegue judeus. Mas os islâmicos são perseguidos, segregados, apontados a dedo e bombardeados nas suas cidades, seja na Palestina, Líbano, Síria ou Irão. Impiedosamente.

Não metam o futebol no genocídio da Palestina. Não desviem as atenções dos crimes de guerra executados pelos nazis de Telavive. Não fujam às responsabilidades. Acabem com a matança no Médio Oriente antes que todo o mundo seja envolvido em morticínios. Estamos às portas de uma guerra da qual poucos vão sair vivos. Nem os mentores da Internacional Fascista escapam.

A televisão pública portuguesa é o canal oficial do pastor evangélico Venâncio Mondlane e do partido PODEMOS. Até arranjaram um “especialista” em relações internacionais que explicou como foi cometida a “fraude eleitoral” em Moçambique. O homem viu fotografias das actas e editais enviados para as embaixadas, que provam a derrota da FRELIMO e do seu candidato à Presidência da República, Daniel Chapo.

O recurso aos mentores do banditismo político justifica o silêncio da CPLP ante o terrorismo que anda à solta nas ruas das vilas e cidades moçambicanas. Bem vistas as coisas, o governo português é parceiro da Internacional Fascista. Angola anda lá perto, Cabo Verde é cliente de longa data e no Brasil, Lula disputa com Bolsonaro o lugar de fascista chefe. 

A direcção da UNITA não perde uma oportunidade para endeusar Jonas Savimbi. Até hoje nunca denunciou os crimes de guerra que ele cometeu ou comandou. Nem sequer condenam as fogueiras da Jamba e a eliminação, com requintes de malvadez, de dirigentes do Galo Negro. 

Hoje mando-vos uma reportagem que fiz há dez anos e publiquei no Jornal de Angola. Mando de novo para ninguém ter dúvidas. O antro chamado UNITA protagonizou crimes gravíssimos por conta própria ou ao serviço dos racistas de Pretória. Até hoje não renunciou a esse passado criminoso. Se este partido pode ser alternância porque lidera a Oposição, estamos conversados. Mal por mal, antes o Destruidor Implacável!

* Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana