quinta-feira, 21 de março de 2024

Angola | Chefe Supremo Censurado – Artur Queiroz

 Artur Queiroz*, Luanda

A hora é grave. Em pleno dia mundial das árvores e da poesia, quando a embaixadora da União Europeia em Luanda promete aos angolanos um chouriço de paio se Angola lhe der mil porcos (os sicários da UNITA entram no negócio), eis que é pública e notória a censura ao Presidente João Lourenço. O chefe supremo está a ser censurado. O Mantorras do combate à corrupção com os bolsos a transbordar, foi abandalhado pelos Media públicos e privados. Estamos perdidos.

João Lourenço felicitou Vladimir Putin pela sua eleição com números esmagadores. Os líderes do ocidente alargado ficaram mesmo esmagados. Até nas embaixadas das grandes capitais ocidentais o líder russo ganhou com mais de 72 por cento dos votos. A viúva de Navalny ganhou uma fortuna. Já era multimilionária virou trimilionária. Se eu soubesse casar, tentava um casamento com ela, mesmo sendo incompetentíssimo em temas matrimoniais. O dinheiro cega. Ceguinho seja eu.

Os Media angolanos, públicos e privados, não deram notícia das felicitações de João Lourenço a Vladimir Putin. Censura pura e dura. Ataque ao chefe supremo em cheio no coração. Lula da Silva mandou uma carta ao seu homólogo russo. Além de felicitações desafiou-o a fazer a paz na Ucrânia. Sabendo disso, os ajudantes de Zelensky anunciaram que o país está a precisar de uma ditadura. Qual é o problema? Regimes nazis, ditatoriais, fascistas, estão a ser instalados desde Lisboa a Helsínquia com passagem por Londres e Washington. O nazismo avança rápida e tumultuosamente em todo o ocidente alargado.

Quem censurou João Lourenço? O chefe Miala está à pega. Ou o sistema é forte e aguenta ou é fraco e arrebenta. Tudo indica que vai rebentar. Começa a dar sinais de fraqueza com a greve geral que está a decorrer. Os Media públicos ignoraram o acontecimento. Hoje o Jornal de Angola fala na luta dos trabalhadores porque o grupo parlamentar do MPLA recusou na Assembleia Nacional um manobra dos sicários da UNITA para se colarem aos grevistas.

Aviso mais uma vez. Enquanto existir a UNITA, o Povo Angolano não sai do pântano. Os sicários da UNITA sujam tudo, emporcalham tudo, apodrecem tudo. Imaginem Adalberto da Costa Júnior, destilando ódio a Angola, pingando podridão, apertando a mão aos grevistas! Fica tudo podre, até a sagrada luta dos trabalhadores. 

A TPA esconde a greve geral. Mas entrevistou um tal Alano Sicato, mais um podre insanável, e ele, muito despachado, disse em nome da ministra Teresa Dias: “O diálogo continua e 80 por cento das reivindicações dos trabalhadores foram aprovadas!” Só falta mesmo o salário. Kumbu para comer.

ADEUS MENINO -- Artur Queiroz

(Hoje é Dia da Poesia. Mando este libreto de uma ópera escrita pelo Poeta Malaquias. Um dia será cantada em louvor da Liberdade)


 Artur Queiroz*, Luanda 

Adeus Menino 

Nas cavernas da rota da seda

o meu irmão fuma ópio e afaga o camelo

come uma tâmara madura

escondido da luz do dia na nuvem de poeira 

que o vento sul sopra em cortina castanha

o horizonte é a sua casa de pedras e palhinha

quente como a manjedoura inóspita da Palestina

 

(Vamos explodir, menino do deserto,

 que a liberdade é um oásis destroçado)

 

Nas prisões que vão do mar às nuvens

está prisioneiro o meu irmão que nunca afagou um camelo

nem fumou ópio na solidão da poeira translúcida do vento sul.

 

(Ao sol escancarado do meio dia há lágrimas puras

derramadas na vala comum de mães desesperadas)

 

O meu irmão roubou pitangas na granja do chefe de posto

e colheu jingenge madurinho dos capinzais queimados pelo napalm 

arrasados pela ventania de Março

que soprava em lufadas de calor do alto Pingano.

 

(os cães uivam angústias ao mistério da noite).

 

O meu irmão sobreviveu aos saldos e à inflação

nas ruas de um império perfumado de sangue suor glamour e burbon

som do contrabaixo rompendo as colunas de fumo do cavô

a cantora soltando mágoas do rapaz do Bindo

levado nas cordas de um barco negreiro lavado nas lágrimas da nossa mãe.

 

(A cobra cuspideira anda nos ninhos devorando o amanhecer

quem aprendeu a voar sabe cantar o dia que nunca viu nascer) 

 

África do sofrimento e do cemitério onde morre a dignidade dos elefantes

a preciosidade dos seios da amantíssima profetiza Weza

a boca petrificada dos mucubais

a rota apagada dos escravos fugitivos dos passos cativos 

dos abraços quebrados

e o canto rompendo muros e murmúrios

becos iluminados por sete estrelas do Cruzeiro do Sul

e mulheres parindo deuses na fuga para o Egipto

no encalço do alfabeto e do pássaro do Nilo 

que escreveu os falsos evangelhos nos papiros de Alexandria.

 

(mãe, nossa mãe, como se perdeu tão cedo 

e foi brevíssimo o inebriante sabor do teu leite!)

 

Maria era mulher rica e opulenta de seios 

mãe do meu irmão que foi pregado na mulemba 

enquanto dançavam kazumbis 

movidos a pilhas e com controlo remoto

última maravilha dos circuitos integrados.

 

(As mães do Alabama nunca tinham visto cruzes em brasa

e os meninos do Bindo desconheciam que o Dange era um rio de sangue)

 

Nas praias do mar Egeu paira o som da ngaeta do meu irmão 

quando Dido enlouqueceu

ululando amor desesperado nos claustros do seu palácio assombrado

nas pedras de Creta está desenhada a fuga dos marinheiros

num tropel desordenado em demanda da cidade de Tebas

ali ao fundo da rua que desce para o Kanwango 

o rio onde naufragou a nossa infância

meninos com alma de pássaros desesperadamente livres

a mandioca curtia nos riachos

e deixávamos crucificar nos troncos das muanzas os passos trôpegos 

de uma liberdade impiedosamente vigiada.

 

(Se deus fosse grande oferecia à humanidade o dia prodigioso 

em que os nossos sonhos voaram da valeta para a liberdade)

 

Nascem deuses a Oriente adorados pelos mágicos dos batuques 

na trepidante festa da morte

todos os seus filhos procuram o som das tumbadoras

o longo manto da rainha das colheitas

o olhar insinuante de uma virgem enjaulada

o desejo ardente de corpos mutilados pelos golpes da escravidão.

 

(A sorte nunca prestou contas ao destino

e a morte tem asas brancas e corpo de menino).

 

Nas ruas arruinadas de Luanda pairam os sonhos do meu irmão

uma dança felina no Marítimo da Ilha um beijo longo no Braguês

uma cama de esteira e luz a pitrol no Bairro Operário

quando apagaram a luz mexeram abusadamente na mana Josefa 

e nas nádegas opulentas da bela Canducha

sem respeito pela cadência e o ritimo dos Invejados Kazukuta Cidrália

quem arreia a mãe dele é gato até às cinzas deste Carnaval.

 

(Nunca esqueçam, mães, os filhos tristemente pródigos

que escolheram andar perdidos da memória dos maternos regaços)

 

As deusas campestres do Libolo gostam de parir mulatos

e em sinal de perdão pelos presentes e passados maus-tratos

um deles vai ser o messias fatal que se afoga no Natal.

 

(Aceita, ó bem-amada, a voz incandescente de Belita Palma

que rasga a noite do esquecimento numa labareda de tristeza)

 

Para apaziguar vinganças eternas

pagar makongos e desonras do último lembamento

amainar ameaças de ódios fundos

plantados no santo espírito da família

estou preparado para ser fuzilado

no voluptuoso quarto de Vénus 

com janela virada para a Estrela da Alba.


(Já pressinto a luz e os passos incertos do Menino Jesus)


* Jornalista

Relatório: Assange em negociações de acordo judicial

ATUALIZADO: O relatório do The Wall Street Journal torna público o que o Consortium News descobriu extraoficialmente, nomeadamente que os EUA estão a envolver os advogados de Julian Assange sobre um acordo que poderá libertar o editor preso. 

Joe Lauria* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Os advogados de Julian Assange e funcionários do Departamento de Justiça dos EUA estão em negociações para um possível acordo judicial que poderá levar Assange a sair da prisão de Belmarsh, em Londres, como um homem livre, de acordo com uma reportagem publicada quarta-feira no The Wall Street Journal.

O jornal disse que o DOJ estava a considerar se permitiria que Assange “se declarasse culpado de uma acusação reduzida de manipulação indevida de informações confidenciais”, o que é uma contravenção. Atualmente, ele é acusado de crimes por supostamente violar a Lei de Espionagem dos EUA e por conspiração para cometer invasões de computadores, acusações que podem levar a até 175 anos de prisão. 

Um acordo para aceitar a culpa pelo mau uso de informações confidenciais poderia fazer com que Assange “eventualmente” fosse libertado se os cinco anos que ele já passou na prisão de Belmarsh, em Londres, fossem contados como tempo cumprido, disse o jornal. 

“Funcionários do Departamento de Justiça e os advogados de Assange tiveram discussões preliminares nos últimos meses sobre como poderia ser um acordo judicial para pôr fim ao  longo drama jurídico , de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, um potencial abrandamento num impasse repleto de complexidades políticas e jurídicas. ”, informou o Diário .

EUROPA À DERIVA

A demolição da social-democracia, nos anos 90, talvez tenha sido o começo da crise. Submisso aos EUA, continente tornou-se marionete geopolítica na contenção da Rússia e China. Resultado: econômica instável, agitações sociais, ascensão da ultradireita e o retorno do militarismo

Flavio Aguiar* | Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

MAIS: O texto a seguir integra a edição nº 4 (março de 2024) do boletim do Observatório do Século XXI — parceiro editorial de Outras Palavras. A publicação, na íntegra, pode ser baixada aqui

O continente europeu possui uma coluna dorsal: a União Europeia. Mesmo os países que não pertencem a ela, como a Ucrânia, a Noruega, a Suíça, a Turquia e a Islândia, além de outros, gravitam em torno da UE. E esta coluna dorsal está sendo desossada, e periga se liquefazer. Em parte, esta crise lhe veio das próprias entranhas. Em parte, foi importada de fora, ou lhe foi imposta. Quem lhe impôs? Os Estados Unidos, através das injunções e exigências de seu braço armado multinacional, a Otan.

O ideal e a ideia da União Europeia nasceram dos escombros da Segunda Guerra, através da Comunidade Econômica Europeia e da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, criadas em 1957. Consolidou-se oficialmente em 1993, depois do Tratado de Maastricht, assinado em 1992. Foi reformulada com o Tratado de Lisboa, assinado em 2007 e em vigor desde 2009. 20 dos 27países membros da UE adotam o euro como moeda comum, criada como valor de transferência em 1999 e sob a forma de notas e moedas a partir de 2002. A primeira grande crise da UE. ocorreu com a saída do Reino Unido, em 2020, depois de um plebiscito votado em 2016. E hoje ela tem a vizinha Rússia como sua principal adversária.

Isto significa que o ideal da União Europeia foi desenhado enquanto a parte Ocidental do continente vivia, genericamente, sob a hegemonia ideológica da social-democracia, como alternativa e resposta ao comunismo que vigia na sua parte Oriental, sob a liderança da finada União Soviética. Entretanto ela foi criada quando o sonho social-democrata e sua generosidade social cedia o passo ou se rendia ao pesadelo neoliberal e seus planos de austeridade fiscal, monetária e social. Esta é a raiz interna da crise hoje vivida pela União e pelo continente como um todo.

Angola | A Greve do Povo em Geral – Artur Queiroz


 Artur Queiroz*, Luanda

Em solidariedade com a greve geral hoje não há crónica.

A luta conti? A luta conti? A luta conti? Nua, nua, nua!

A Vitó? A vitó? A vitó? Ria, ria ria!

MPLA volta, estás perdoado.

Viva a greve geral. Abaixo a classe dominante corr*pta e predadora. P*ta q*e os pari*! 

As p*tas ao poder. Os filhos já lá estão! (o U está em greve).

Assim escreve o poeta Malaquias num dia de greve em geral:

Fui escorraçado e apedrejado 

pelas trupes de mendigos 

que se acotovelavam 

às portas dos palácios 

para bendizerem o seu pedaço de fome.

* Jornalista

Angola | GREVE-GERAL DA FUNÇÃO PÚBLICA - 1ª fase


Sindicalistas vão a julgamento por aderirem à greve geral da função pública.

Ontem, a adesão ao protesto foi de 95%, dizem as centrais sindicais. Uma paralisação que abrange todo o país, para exigir melhores condições para os trabalhadores.

Primeira fase da greve geral prossegue até sexta-feira 22.3

Agências

Sindicatos finlandeses estendem greves para combater ataque da direita ao trabalho

Rede de programas da segurança social também estão a ser atacados

Brett Wilkins* | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

“As políticas agora seguidas pelo governo Orpo-Purra concretizam sonhos de longa data das grandes empresas finlandesas”, disse um jornalista.

Os sindicatos na Finlândia disseram na quarta-feira que continuariam a sua onda de greves de duas semanas até o final de março, enquanto lutam contra os ataques aos direitos dos trabalhadores e aos programas sociais por parte do governo de direita do país nórdico.

A confederação sindical operária SAK anunciou a prorrogação após uma reunião improdutiva com o ministro do Trabalho finlandês, Arto Santonen, do Partido de Coalizão Nacional (NCP), de centro-direita, informou a emissora estatal Yle .

Dos memes ao doxxing: Desmascarando a estratégia de guerra de informação NATO

Kit Klarenberg* | MintPress News | # Traduzido em português do Brasil 

Em Novembro de 2023, o “Centro de Excelência para Combater Ameaças Híbridas” da OTAN publicou um perturbador “documento de trabalho”, “Humor na guerra de informação online: estudo de caso sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia”. Não recebeu atenção popular. No entanto, os conteúdos oferecem uma visão sem precedentes sobre a insidiosa armamento das redes sociais pela aliança militar para distorcer as percepções públicas e fabricar consentimento para a guerra. Também levantam questões graves sobre a “trollagem” online de vozes dissidentes ao longo da última década e além.

O documento de trabalho aparentemente “considera exemplos de humor utilizados de forma eficaz para combater a desinformação e a propaganda em espaços online, utilizando a guerra da Rússia contra a Ucrânia”. Conclui que “descobriu-se que “respostas baseadas no humor… no espaço de informação e no domínio físico proporcionam múltiplos benefícios claros” para a Ucrânia e a OTAN.

Reconhecidamente uma “revisão prática que busca identificar exemplos de melhores práticas tanto do governo quanto da sociedade civil” para aplicação futura mais ampla, o documento recomenda que os estados ocidentais, as forças armadas e os serviços de segurança e inteligência dominem a arte do ridículo online sob a égide do “contra-ataque”. desinformação."

Afirma que “o humor… atinge partes que outras contramedidas – como a verificação de factos ou a educação dos utilizadores dos meios de comunicação social – não conseguem”. Além disso, a implantação em massa de memes “tem a vantagem de explorar algoritmos de plataformas de redes sociais” e de abordar “públicos que não estão inclinados a consumir produtos ‘chatos’”.

Como veremos, o verdadeiro valor de transformar o “humor” em arma para a OTAN é distorcer a realidade do campo de batalha na Ucrânia – e nos futuros teatros de conflitos por procuração ocidentais – para consumo público. Entretanto, qualquer utilizador das redes sociais que se desvie das narrativas endossadas pela NATO pode ser sujeito a assédio intensivo, desacreditando-o e à sua mensagem “entre um vasto sector de audiências online”, ou mesmo afastando-o totalmente dos espaços de informação digital. O documento de trabalho defende a criação de um exército de “cidadãos privados” para esse efeito.

A divisão checo-eslovaca sobre a Ucrânia simboliza novas divisões da Guerra Fria

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O que há de tão simbólico nesta dinâmica é que os checos e os eslovacos são povos fraternos, mas abraçam opiniões diametralmente opostas sobre a Nova Guerra Fria.

A Nova Guerra Fria é conceptualizada de forma diferente por muitos, mas pode objectivamente ser descrita como a divisão entre aqueles que querem manter a hegemonia unipolar do Ocidente liderada pelos EUA, com tudo o que isso implica para os assuntos internos dos países, e aqueles que querem acelerar os processos multipolares. através do mundo. Estas divisões já penetraram no Ocidente depois de a Hungria ter tentado liderar a contra-revolução conservadora daquele bloco , mas agora espalharam-se mais profundamente pela Europa Central com a divisão Checoslovaca.

O Washington Post chamou a atenção para este desenvolvimento no seu artigo sobre “ Como a guerra na Ucrânia dividiu os Checos e os Eslovacos ”, que lança calúnias sobre o Primeiro-Ministro Fico, que cumpre agora o seu quarto mandato após o seu regresso no ano passado, depois de um período em oposição. A sua campanha foi contestada pela América, que a Rússia acusou de se intrometer no período que antecedeu a votação, mas mesmo assim venceu devido ao quanto as suas promessas nacionalistas-conservadoras repercutiram no seu povo depois de terem azedado com o globalismo liberal.

Ele reafirmou então a sua abordagem pragmática em relação à guerra por procuração entre a OTAN e a Rússia na Ucrânia, o que lhe valeu o ódio da elite ocidental e especialmente dos membros checos com os quais o seu país esteve anteriormente unido após a Primeira Guerra Mundial até ao seu “Divórcio de Veludo” em 1993. Mais ou menos na mesma altura, o governo conservador-nacionalista da Polónia foi substituído por um governo liberal-globalista apoiado pela Alemanha , o que teve o efeito de restaurar a trajectória de superpotência da Alemanha e de remodelar a geopolítica europeia.

Portugal | O principal problema é André Ventura?

Há cegos que não querem ver

O principal problema da política em Portugal não é André Ventura, nem a normalização, decorrente dos resultados do último ato eleitoral, do discurso sedimentado na difamação das instituições democráticas, no preconceito racial, no negacionismo ambiental e na tentativa de reabilitação do fascismo português que vários militantes e dirigentes do Chega abertamente defendem ou defenderam até há muito pouco tempo.

Na verdade, o Chega não está sozinho nisso. Era até agora um ideário envergonhado entre as elites políticas e mediáticas, circulava pelos meios de difusão com pezinhos de lã, mas, como temos visto através de vozes do centro e centro-direita que apresentam argumentos para um entendimento entre PSD e Chega para a governação, muita gente do “sistema” revela-se, afinal, adepto de algumas destas ideias.

É evidente que temos de respeitar democraticamente um milhão e 109 mil votos que o partido de André Ventura recebeu, mas também devemos respeitar o facto de mais de 8 milhões de portugueses não terem votado nas ideias dele.

Aceitar sem combate político vigoroso, intenso, sim, mas correto, decente e esclarecedor o crescimento das ideias do Chega mais perniciosas para o justo equilíbrio democrático português é desrespeitar a maioria dos portugueses - e, portanto, ceder às reivindicações do Chega mais corruptoras da arquitetura do Portugal constitucional é trair a vontade de 8 em cada 9 portugueses com capacidade eleitoral, é desrespeitar uma imensa maioria que não manifestou apoio a um partido que já prometeu “acabar com o regime”.

Portugal da marcha de pantufas para depois a das botas cardadas (esperança?)

O Expresso Curto a seguir. Seremos breves sobre o que aí vem de lavra da redação do Página Global. A opinião que anteriormente tivemos e mantemos viva como pedra e cal inamovível: vêm aí tempos muito danadinhos, janelas e portas escancaradas dão acesso ao edifício da democracia em vigor em Portugal. O ataque aos direitos humanos, aos direitos laborais, aos direitos das mulheres e da maioria dos cidadãos vão crescer exponencialmente. Escolha de uns poucos portugueses em contra corrente aos cerca de sete (7) milhões de leitores que expressaram o seu voto. Temos a extrema-direita nazi-fascista, xenófoba e racista, a colher a legitimidade para ainda mais nos atormentar a vida. Primeiro avançará na sua marcha de pantufas, depois virão as botas cardadas…

Leiam o Expresso (curto) ainda sem ser revisto por uma tétrica, nojenta e fascista Comissão de Censura de eminência parda e depois às claras e temerosa para os verdadeiramente democratas. A Europa caminha para esse quadro negro, Portugal também.

Bom dia, se conseguirem.

O Curto, para todos. A seguir.

Redação PG

Um exercício de ousadia: cultivar a esperança

Christiana Martins, jornalista | Expresso (curto)

Foi ontem que o calendário marcou o início da Primavera e é nesta energia, aqui simbolizada por esta imagem de David Hockney, que devemos ir buscar forças para exercitar a confiança no futuro, mesmo quando tudo à volta parece cada vez mais volátil. Desta vez, a promessa de mais calor e cor veio acompanhada pela indigitação de Luís Montenegro como o futuro primeiro-ministro de Portugal. De notar a hora que Montenegro, ainda candidato, regressou a Belém: 00h08. A nota da Presidência foi divulgada dez minutos depois e às 00h35 Montenegro saiu, já indigitado primeiro-ministro. Antes, com ar cansado, disse aos jornalistas que ainda hoje reúne-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com os líderes do Partido Popular Europeu, em Bruxelas.

Antes disso, ontem, à tarde, o Presidente da República recebeu a AD em Belém e depois de terem sido conhecidos os resultados dos votos dos portugueses que residem no estrangeiro - que comprovaram o crescimento do Chega também neste espaço e ainda o afastamento de Augusto Santos Silva, que deixa a presidência da Assembleia da República sem conseguir reeleger-se deputado - Marcelo Rebelo de Sousa não perdeu tempo e avançou com o processo de indigitação de Luís Montenegro.

No dia 28, Montenegro apresenta a composição do Governo ao Presidente e a posse da nova Legislatura nacional acontecerá a 2 de abril, a seguir a qual, o novo governo terá dez dias para apresentar o seu programa.

Do primeiro encontro entre Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa percebeu-se que o líder da AD já saiu à espera de ser convidado para formar governo, invocando a “maioria” formada pelos votos conquistados pelo PSD e pelo CDS. Perante as câmaras dos jornalistas surgiu um político mais contido, cauteloso. Mas visivelmente satisfeito, à semelhança dos seus acompanhantes Nuno Melo e Hugo Soares.

Feitas as contas, o resultado final foi de 80 deputados para a AD, 78 para o PS e 50 para o Chega. Acompanhados em plenário por oito da IL, cinco do Bloco de Esquerda, quatro para a CDU e outros quatro para o Livre e uma para o PAN.

Portugal | O ABATE

Henrique Monteiro | HenriCartoon

(O ainda insigne presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, do Partido Socialista, que por várias oportunidades admoestou e reprovou publicamente as 'peixeiradas' e excessos inapropriados protagonizados por deputados do partido pró-fascista e racista Chega, de extrema-direita, naquele hemiciclo maior de Portugal. Santos Silva não foi eleito deputado pelos emigrantes portugueses no estrangeiro. Isso mesmo é capturado por Henrique Monteiro no seu cartoon de hoje, a modos que uma vingança do Chega que elegeu, no lugar de Silva, dois deputados. A desestabilização no país e na Assembleia da República vai ser exibida de jeito notório, ridículo e abaixo de cão com os cinquenta deputados do Chega eleitos por portugueses enganados e arrependidos que vão torcer as orelhas e verificarem que não deitam sangue - como diz o adágio luso. As tristes e repudiantes exibições seguirão dentro de momentos.) 

- Redação PG

Montenegro indigitado primeiro-ministro de Portugal

AD apresenta Governo a 28 de março e posse é a 2 de abril

Marcelo Rebelo de Sousa apenas convidou o líder da AD a formar Governo após a contagem final dos votos da emigração.

O líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, foi esta quinta-feira indigitado primeiro-ministro pelo Presidente da República.

"Tendo o Presidente da República procedido à audição dos partidos e coligações de partidos que se apresentaram às eleições de 10 de março para a Assembleia da República e obtiveram mandatos de deputados, tendo a Aliança Democrática vencido as eleições em mandatos e em votos, e tendo o Secretário-Geral do Partido Socialista reconhecido e confirmado que seria líder da Oposição, o Presidente da República decidiu indigitar o Dr. Luís Montenegro como Primeiro-Ministro, apresentando oportunamente ao Presidente da República a orgânica e composição do XXIV Governo Constitucional", lê-se numa nota publicada no site da Presidência da República.

A indigitação por parte do Presidente da República aconteceu apenas após a contagem final de todos os votos da emigração, quando os relógios já marcavam 00h18 de quinta-feira.

À saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro confirmou que foi indigitado como primeiro-ministro e realçou a importância de a indigitação ser feita o mais rápido possível, devido à viagem desta quinta-feira a Bruxelas para reunir com a presidente da Comissão Europeia e com outros líderes do Partido Popular Europeu. Na curta declaração, o líder da AD também informou que apresentará a composição do Governo na próxima quarta-feira, 28 de março, que será empossado no dia 2 de abril.

Rui Oliveira Costa | TSF | Imagem: Patrícia de Melo Moreira/AFP

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