MENTIRA COMPARADA -- Direitos Sociais Furtados

< J. Bazeza, Luanda >

Futebol é um assunto que Boca Azul discute com o seu amigo Mafioso. Além do campeonato doméstico também falam dos campeonatos português, espanhol e inglês ou italiano, que estão quase a terminar. Até eu que não sou de intrigas, estou a dar as últimas. 

A vida é como uma bicicleta, se paramos de pedalar, ela fica imóvel. E se não a apoiamos, cai estrondosamente. A vida é como o futebol, se não sabemos que a bola salta, corre com corrida e é caprichosa, levamos grandes cabazadas, como o Real Madrid ou o Kabuscorp do Palanca. A vida é como o amor, se não sabemos amar gostosamente, até a luz, almofada e os lençóis atrapalham. 

Mafioso gostou de ouvir a entrevista de um antigo dirigente do meu D’Agosto do coração, para toda a vida, na terra nos céus e se for preciso na Cidade Alta ou debaixo de água. Viva o D’Agosto vi? Viva! O nosso antigo dirigente falou no programa A Voz dos Kotas. Reportou as dificuldades que o meu clube passou, por má gestão. O clube perdeu o rumo e isso descambou na revolta dos adeptos, que muitas vezes não foram pacíficas.

O clube é rico de tradições e adeptos. Tem jogadores competentes. Ganhou de rajada os três primeiros campeonatos nacionais Girabola. Tem até hoje o melhor marcador de golos das provas. A nossa equipa já deu a maioria dos jogadores à Selecção Nacional, os Palancas Negras. Em termos de emoções futebolísticas somos campeões perpétuos. A direcção do D’Agosto tem responsabilidades acrescidas diante dos sócios, adeptos e da Nação Angolana.

Com a chegada do soba grande ao poder e a sua quadrilha, o D’Agosto caiu na dibinza. Ficou sem rumo. Dirigentes e equipa técnica não estavam a dar conta do recado. Não estavam a conseguir governar o clube. Cada jornada levava goleada. Na Cidade Alta comemoravam as nossas derrotas. A mãe deles é gato!

O dirigente entrevistado, que já ostentou a alta patente da cuemba, foi chamado para reorganizar o clube. Aceitou o desafio. Não foi fácil, como disse na Rádio. Ma General não recua. Os sócios e adeptos nunca se deixaram vencer pelas dificuldades. Pagavam as quotas, acompanhavam a equipa e apoiavam até à derrota dos adversários fortíssimos, fortes ou fracos Ainda agora derrotaram os delinquentes do petróleo.

O dirigente assumiu as rédeas do clube e numa das partidas, estava sentado no banco dos suplentes, a equipa jogava mal. Os sócios e adeptos exigiam mudanças da equipa técnica e de alguns jogadores. Ele dizia aos revoltosos para terem calma. Vamos corrigir o que está mal e melhorar o que está bem. 

Os adeptos e sócios não caíram na conversa do dirigente. E quando menos esperava, levou com uma garrafa nas costas. Ninguém viu de onde saiu a ngala. Ficou muito triste e com dores nos lombos.

Noutras partidas, em que jogadores e a equipa técnica não jogavam nada nem mostravam vontade de cumprir as suas obrigações para com o clube, o dirigente teve que chamar forças policiais para sair do estádio.

Boca Azul, sem aplicar fintas, falou bem falado. O que aconteceu com o nosso D’ Agosto, um dia pode acontecer na República da Sanzala. Nos tempos em que Manguxi e Ngazuza eram Chefes de Estado, o sorriso estava estampado nas chipalas dos velhotes, homens, mulheres, jovens e crianças de todos os estratos sociais. Desde que a doença chegou à Cidade Alta, andamos todos entre o triste, o choroso e o faminto.

Boca Azul falou a sua verdade. Até à chegada do chefão não vivíamos num mar de rosas. Mas comparar a governação de Manguxi e  Ngazuza com a do chefão, é loucura total. Os próprios auxiliares do soba grande, não bajuladores, estão fartos dele.

Porquê? Ele e as suas motosserras estão a furtar e desviar sistematicamente os direitos sociais dos pacatos cidadãos, que votaram no partido maioritário. Mentira comparada com promessas traiçoeiras. Traição igual à dos burladores da capoeira.

É possível, os cidadãos arremessarem garrafas ao chefão. Obrigá-lo a sair da Cidade Alta sob escolta, até se esconder na fazenda Mato Grosso. O Numa fica de guarda. 

Mas este chefão enganado e enganador vai sair da Cidade Alta pelos seus pés em 2027, se não for antes. O glorioso partido também já não está com ele, como estava e continua a estar com Manguxi e Ngazuza.

Dá para comparar o D’Agosto com a República da Sanzala. Pode ser mentira ou verdade. Mas ninguém faça comparações abusivas. Levem rapidamente o soba grande para outra república, nem que seja das bananas.