Várias crianças moçambicanas partem para a África do Sul "à procura de emprego, a fugir de problemas e maus-tratos na própria família", mas são vítimas de abuso sexual à chegada.
"Várias crianças deslocam-se para a África do Sul em busca de melhores condições de vida, como o emprego, e por causa de maus-tratos no seio da família", disse Fidelina Mondlane, coordenadora da Rede Contra o Abuso de Menores em Moçambique (RCAM), após um seminário realizado em Maputo sobre crianças em movimento na África Austral.
A responsável fez também referência às condições de viagem "deploráveis" que as crianças enfrentam e deu conta de casos de abuso sexual à chegada à África do Sul.
Um estudo realizado pela RCAM nas zonas fronteiriças de Maputo, em 2008, revelou que, nesses locais, as motivações que incentivam as crianças a emigrar são totalmente diferentes.
Fidelina Mondlane explicou à Agência Lusa que na Ponta do Ouro, por exemplo, "as crianças vão à África do Sul por causa da falta de acesso à informação nacional, pois neste ponto do país não há acesso a emissoras de rádio e televisão nacionais".
Na província de Gaza (Chókwè), a representante da RCAM relata casos de fuga a casamentos forçados e prematuros. "Em Chókwè, uma menina dos seus 15 anos foi obrigada pela mãe a casar com um homem de 40 e poucos anos porque ele tinha melhores condições e acabou levando-a para a África do Sul. Não sabemos em que condições ela se encontra", conta.
Numa outra de zona, Namaacha, sabe-se que a emigração dos menores se deve ao facto de serem impedidos, pelas próprias famílias, de frequentarem a escola e serem obrigados a vender produtos nas fronteiras.
O tráfico de menores é uma crescente preocupação em Moçambique. Segundo um relatório da Organização Internacional das Migrações, estima-se que, anualmente, cerca de mil crianças e mulheres são traficadas de Moçambique para a África do Sul para exploração laboral, sexual ou comercial.
*Foto em Lusa
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