i online – Lusa, foto João Relvas
A UNITA, maior partido da oposição, colocou hoje em Luanda a hipótese de não participar nas eleições gerais de 31 de agosto por alegada falta de condições, designadamente as ilegalidades que aponta à condução do processo eleitoral.
A advertência foi apresentada em conferência de imprensa por Isaías Samakuva, acompanhado do ‘estado-maior’ do partido que lidera.
"Se os vícios e anomalias não forem sanados, e as condições objetivas não estiverem reunidas de modo satisfatório, nos termos da lei, e nos prazos estabelecidos, dificilmente Angola irá às urnas para eleger democraticamente os seus líderes", disse Isaías Samakuva.
"Não pode haver eleições democráticas em ambiente não democrático. Não pode haver eleições imparciais e transparentes se o órgão que organiza a eleição não agir sempre com imparcialidade e transparência", acrescentou.
O prazo fixado pela UNITA vai até ao início da campanha eleitoral, que começa no próximo dia 01 de agosto.
Caso contrário, garantiu, a UNITA organizará manifestações de rua em protesto contra a forma como a Comissão Nacional Eleitoral está a organizar o escrutínio.
Isaías Samakuva adiantou que a UNITA já informou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a União Africana (UA) e a União Europeia (UE) do que considera ser a preparação de uma "fraude eleitoral".
"Se formos ao voto, seja qual for o resultado não podemos mais protestar. Ninguém nos vai dar crédito. É por isso que estamos a fazê-lo agora, porque estamos a ver o que está a acontecer. Se o povo não vier connosco, então o povo que não venha queixar-se das consequências de um processo eleitoral feito de uma forma fraudulenta", frisou.
Ao longo de 35 minutos, Samakuva leu um longo texto em que enumerou o que a UNITA serem as "ilegalidades" em curso.
A falta de cadernos eleitorais, situação que alegou ter-se verificado nas eleições de 1992 e 2008, a falta de afixação das listas de eleitores para eventuais recursos de reclamações ou correções, e a contratação da empresa espanhola Indra em concurso público feito num fim de semana, a troco do pagamento de 250 milhões de dólares (cerca de 200 milhões de euros,) foram algumas das razões avançadas pelo líder da UNITA para exemplificar o que considera serem os "vícios, irregularidades e ilegalidades" que estão a ser praticados.
O voto antecipado e o voto no exterior do país, decididos segundo a UNITA pela CNE ao arrepio dos consensos alcançados em sede parlamentar, deixa em aberto a possibilidade de os "eleitores votarem duas ou mais vezes".
"A UNITA manifesta publicamente as suas reservas sobre a independência, a integridade e a transparência da CNE e de todos os seus órgãos", acentuou.
A concluir, salientou que o partido mobilizará "todos os angolanos" para que o resultado da eleição "reflita de facto a vontade dos angolanos e não a vontade do inquilino atual da Cidade Alta (referência a José Eduardo dos Santos e à sede da Presidência da República), nem a vontade dos computadores da Indra, nem a vontade da CNE".
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