segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SÃO AS ATUAIS ELITES AS MAÇÃS PODRES DE PORTUGAL

 

Aires Melon Pereira – Portugal Direto
 
No passado dia 15 deste mês de Agosto quem lesse o jornal Público deparava com um título que podemos considerar deslumbrante sobre o que aconteceu em 2004 meses depois da “novela” dos submarinos” entrar em “linha de produção”. O CDS depositou a “prestações” em poucas horas “1,06 milhões de euros em notas depositados por funcionários na conta do CDS no final de 2004” como diz o jornal Público.
 
A abertura da notícia ainda esclarece: “Foi literalmente aos molhos que os funcionários da sede nacional do CDS-PP levaram nos últimos dias de Dezembro de 2004 para o balcão do BES, na Rua do Comércio, em Lisboa, um total de 1.060.250 euros, para depositar na conta do partido. Em apenas quatro dias foram feitos 105 depósitos, todos em notas, de montantes sempre inferiores a 12.500 euros, quantia a partir da qual era obrigatória a comunicação às autoridades de combate à corrupção.”
 
Alegadamente o CDS afirmou que aquele mais de um milhão de euros estava nos seus cofres, na sede do partido, havia imenso tempo porque era o acumular de donativos… Não deixa de ser estranho. Como estranho é o ano de 2004, em Abril, ter acontecido o culminar do negócio dos submarinos com a German Submarine Consortium por Paulo Portas, alvo de investigações por corrupção em Portugal e na Alemanha. Na Alemanha as investigações concluíram haver corrupção, irregularidades de índole criminal, e os dois gestores alemães admitiram a actuação criminosa, como avança o jornal Público, salientando que “entregaram ao cônsul honorário de Portugal em Munique o montante de 1,6 milhões de euros. Este, por sua vez, disse perante a justiça alemã que manteve encontros com o ministro Paulo Portas e o primeiro-ministro Durão Barroso, para a concretização do negócio”. Espantoso. A pseudo Justiça em Portugal não chega a conclusões, não prova nada a não ser que em casos que envolvem figuras de peso (portugueses de primeira) dificilmente chega a conclusões de cometimento de crime. Inclusivamente o Procurador-Geral da República veio dizer que “não há dinheiro para prosseguir as investigações do negócio dos submarinos”… Evidentemente que se fosse algum Sem Abrigo que furtasse uma lata de conservas de sardinhas em qualquer supermercado já haveria dinheiro para a investigação, para o processo, para o enclausurar numa cela – passemos o exagero, por enquanto.
 
Por estas e outras. Porque quando algo aparentemente ilícito envolve políticos ou parceiros de políticos, quando se detetam “mistérios” nesta ou naquela figura quase nunca isso passa de umas quantas parangonas em jornais e tudo acaba em nada. Porque será?
 
Podemos pensar que afinal são os jornais que puxam ao sensacionalismo e que os políticos e seus pares são pessoas honestas e impolutas? Não, só em raros casos. Isto porque depois, passados uns anos (às vezes nem isso) vimos políticos possuidores de fortunas que nem eles imaginavam conseguir amealhar como “pé-de meia”.
 
Por essas e por outras os portugueses já nem acreditam no setor da Justiça, tal como nos políticos. O presente Procurador-Geral da República tem sido um primor no descrédito que sobe em flecha relativamente àquela instituição. Nos tribunais olha-se para os magistrados com repelente desconfiança (em quantos imerecidamente?). Mas não é isso que os portugueses querem. O que os portugueses querem é acreditar na Justiça acima de todas as coisas. Sem Justiça não existe democracia. Não é por acaso que Portugal é cada vez mais um país de injustiças. Cada vez menos democrático. Quem perde é o país e a sociedade portuguesa. Mas isso que importa às elites associadas em prováveis máfias? Nada! Nem se preocupam por serem olhadas com justificadas desconfianças desde que as fortunas lhes sejam asseguradas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Nem importa a essas elites que sejam as “maçãs” podres que estão a apodrecer o país de modo irrecuperável, irremediável. Viva o vil metal!
 

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