sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Portugal: CAVACO SILVA TENTA FICAR AO LEME

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
Vítor Gaspar estará hoje no Conselho de Estado. O seu chefe, o primeiro-ministro, também. Este estranho episódio tem merecido pouca atenção. Na versão bondosa, parte-se do princípio que lá estará para explicar aos conselheiros o inexplicável. Na versão maldosa, acha-se que lá estará para servir de saco de boxe dos conselheiros. Na verdade, para as duas nobres funções bastaria Passos Coelho. A ida do subordinado, ao lado do seu superior hierárquico, ao Conselho de Estado merece-me outra leitura: o Presidente da República quer, para além de desautorizar publicamente o primeiro-ministro, passar a ideia de que é ele, com os sábios da Nação e dirigindo o ministro das Finanças, que encontrará a saída para o imbróglio do governo. O primeiro-ministro assiste da bancada e aprende como se faz política.
 
Prevejo que não é desta que o governo cai. Prevejo que a solução encontrada para a TSU será uma aldrabice pegada, que transforma o assalto à mão armada em assalto por esticão. Mas fazer previsões, nesta altura, é demasiado arriscado. Uma coisa é certa: se o governo sobreviver a esta crise será um governo duplamente enfraquecido. Enfraquecido pelas manifestações, pelas sondagens e pelos confrontos internos no governo e no PSD. Mas também enfraquecido pela tutela do Presidente, que assim recupera o papel que a sua inédita impopularidade lhe tinha tirado.
 
Se Cavaco Silva conseguir o que quer, abre um precedente. Passos Coelho passará a governar condicionado pela sua proteção ou castigo, com os seus ministros a responder perante ele e o Presidente. A jogada parece de mestre. Mas é arriscada. Ao envolver-se de forma tão descarada nos assuntos do governo Cavaco passa a ser de alguma forma solidário com as suas decisões. É o que quer?
 

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