Despejadas de
ocupação, famílias vivem ao relento no centro de São Paulo
Correio do Brasil,
com Rede Brasil Atual - de São Paulo
O tempo seco tem
incomodado a maioria dos paulistanos que esperam a chuva com grande
expectativa. Mas para as 97 famílias acampadas na praça do Correio, no centro
da cidade e a menos de meio quilômetro da sede da prefeitura, é melhor que não
caia nenhuma gota. Desde que foram despejadas de um prédio na avenida Ipiranga,
em 28 de agosto, as famílias vivem em moradias improvisadas, feitas de lona e
madeira. Elas, com mais precisão do que qualquer instituto de pesquisas
meteorológicas, sabem que desde que estão morando lá, há 35 dias, choveu apenas
duas vezes, o que foi suficiente para destruir alguns barracos e inutilizar
colchões e cobertores.
O prédio em que
viviam, abandonado há 9 anos, antes de ser ocupado estava entre os prédios que
a própria administração de Gilberto Kassab (PSD) havia decretado de interesse
social (DIS) em 2010. A ordem de reintegração de posse indicava que as famílias
deveriam ser “alojadas em abrigos provisórios”. A prefeitura ofereceu vagas em
albergues.
A opção foi
rechaçada, já que nesses locais homens e mulheres da mesma família não podem
ficar juntos.“No albergue você só pode ir para dormir a noite. Durante o dia
você fica na rua. Na rua nós já estamos. E vamos ficar aqui até que eles
resolvam nossa situação”, diz Luzia Pinto, de 70 anos, uma das coordenadoras do
acampamento. “Eu era casada, aí meu marido morreu. Ou eu comia ou pagava
aluguel. Imagina quem tem filho pequeno”, conta Luzia, que trabalhava como
recepcionista até se aposentar por invalidez, depois de um acidente. Hoje ela
recebe um salário mínimo, o equivalente a R$ 622.
O grupo está junto
há pelo menos quatro anos. Antes de ocuparem o prédio na avenida Ipiranga,
viveram sete meses na ocupação Alto Alegre, em um terreno no bairro de mesmo
nome na zona leste. Saíram de lá depois de serem surpreendidas durante a
madrugada por uma reintegração de posse promovida pela Tropa de Choque da
Polícia Militar. O proprietário do terreno à época era processado por dano
ambiental, e devia aos cofres públicos cerca de R$ 2 milhões. Ao serem
despejadas, as famílias receberam a promessa de que 600 unidades habitacionais
seriam construídas no local e que elas poderiam voltar. Mas isso nunca ocorreu.
Depois de três meses, a verba emergencial dada a elas foi cortada. O grupo
chegou a acampar diante da Câmara Municipal e no viaduto do Chá, ao lado da
sede da administração municipal. Desamparados, ocuparam o prédio. Dessa vez,
nenhum auxílio financeiro foi oferecido.
Segundo o
Observatório de Remoções da Universidade de São Paulo, lançado na última
semana, pelo menos 7.666 famílias já foram removidas na cidade nós últimos anos
e milhares que vivem em 486 favelas correm o mesmo risco em função de grandes
intervenções urbanísticas promovidas pelos governos estadual e municipal e por
empresas privadas na cidade.
Trabalhadores
No acampamento, uma
cozinha improvisada foi montada. Doações, restos colhidos no Mercado Municipal
e compras feitas em esquema de rateio são guardadas a chave. Maria da Glória, de
72 anos, é a responsável pelo preparo das refeições. Também com o grupo desde a
remoção no Alto Alegre, ela conta que o jantar é a refeição mais disputada, já
que na hora do almoço a maioria dos sem-teto está no trabalho.
- A maioria das
pessoas que passam aqui acha que nós somos mendigos. Mas aqui a maioria é
trabalhador – explica Carina dos Reis Araújo, de 27 anos, acampada com a filha
de 10 anos e o marido.
Os dois adultos
fazem ‘bicos’. Ela de noite, como recepcionista, e seu marido como motorista.
“A gente não quer nada de graça. Queremos algo que a gente possa pagar”, conta
enquanto se prepara para o trabalho.
De fato, durante a
visita da RBA ao acampamento apenas algumas mulheres e crianças estavam
presentes, mas o mar de colchões espalhados pelo chão não deixa dúvida da
quantidade de gente que vive no local e das condições precárias da moradia
improvisada. “No calor é um forno, no inverno um gelo”, descreve Carina.
Para usar o
banheiro, os sem-teto contam com a solidariedade de um bar que funciona de
segunda a sábado. “Aos domingos é um sufoco. Banho a gente toma em um prédio da
avenida São João”, conta Luzia. O prédio a que se refere é a ocupação São João,
cuja ordem de reintegração de posse já foi expedida e só não foi executada
porque o proprietário do imóvel não garantiu os meios para que os ocupantes
retirassem seus pertences de lá.
Depois do despejo,
o edifício que abrigava em condições razoáveis as famílias na avenida Ipiranga
voltou a ser fechado e não cumpre nenhuma função social, como determina a
Constituição. Os ex-ocupantes desconfiam que o prédio foi comprado pela própria
prefeitura, mas não há informação oficial a respeito. Assim como não se sabe
quantos e quais dos prédios que constavam no DIS foram de fato desapropriados.
“A terra era para ser para as pessoas, não para os ratos e cobras como era no
Alto Alegre antes da gente ocupar lá. Não para ficar fechado como o prédio da
Ipiranga que está lá enquanto a gente está nessa situação”, desabafa Luzia. Que
parece ser a única que não se importa com o prenúncio de chuva. “A gente já
acostumou. Vai ser só um banho a mais”.
Serra censura
publicação por expor seu “currículo
Correio do Brasil,
com Rede Brasil Atual - de São Paulo
As informações que
“denigrem” a imagem de José Serra (PSDB) e são capazes de provocar “dano
irreparável” à sua candidatura para prefeito de São Paulo – segundo as palavras
do despacho judicial que censurou e apreendeu a edição de quinta-feira do
jornal Folha Bancária – estão em um texto de quatro parágrafos que resume a
trajetória política e administrativa do tucano e informa, no final, que ele
ainda não apresentou programa de governo.
A representação foi
protocolada pelo PSDB, sob argumento de que o jornal “promovia” o petista
Fernando Haddad e prejudicava Serra. A edição trazia textos sobre os três
principais candidatos à prefeitura – Serra, Haddad e Celso Russomanno (PRB) – e
uma nota de rodapé informando que a maioria dos diretores do Sindicato dos
Bancários apoia o petista.
O texto que Serra
considera depreciativo diz que ele, quando governador de São Paulo, vetou
projetos que determinavam a instalação de portas segurança em todas as agências
bancárias. Também afirma que seu partido, o PSDB, foi responsável pela
privatização de vários bancos públicos, entre eles o Banespa.
Em protesto, o
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região afirmou nesta sexta-feira
que fará um ato simbólico contra censura do jornal pela coligação do candidato
do PSDB. Caminharão com lenços na boca para simbolizar a mordaça à liberdade de
expressão.
Leia a íntegra do
que foi publicado sobre o tucano na Folha Bancária censurada por ele:
José Serra é
economista. Já foi eleito governador de São Paulo, deputado federal por dois
mandatos e senador. Foi prefeito de São Paulo entre 2005 e 2006, q uando deixou
o mandato para concorrrer ao governo do estado. A gestão do município foi então
assumida pelo prefeito Gilberto Kassab.
Em sua gestão como
governador, Serra vetou dois projetos de lei que determinavam a instalação de
portas de segurança em todas as agências bancárias do estado. O mesmo caminho
tomou seu sucessor na prefeitura paulista: Kassab também vetou projeto que
determinava a instalação de dispositivos nas agências bancárias do município.
O então governador
também abriu mão da Nossa Caixa, que passou na ser controlada pelo Banco do
Brasil. A legenda, o PSDB, foi responsável por privatizações de diversas
instituições financeiras, como o Banespa e o Banerj, além de empresas como a
Vale do Rio Doce.
SEM PROPOSTAS – O
plano de governo de Serra não foi divulgado em nenhum dos sites oficiais da
campanha nem no TRE. Dessa forma, não é possível averiguar suas propostas para
mobilidade, saúde e segurança.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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