terça-feira, 2 de outubro de 2012

Cabo Verde: RECADO À CEDEAO, ESTANCAR CRIMINALIDADE, SILICON VALLEY, TRABALHAR

 


África Ocidental deve preocupar-se mais com integração do que com conflitos - Cabo Verde
 
01 de Outubro de 2012, 14:03
 
Cidade da Praia, 01 out (Lusa) - O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano defendeu hoje que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deve preocupar-se mais com a integração regional do que com os conflitos nos países-membros.
 
Em declarações à agência Lusa, no final da sessão de abertura do "atelier de reflexão" subordinado ao tema "Integração Regional Sustentável na África Ocidental e na Europa", promovido pelo Instituto da África Ocidental (IAO), José Luís Rocha defendeu também uma harmonização de práticas democráticas e uma "melhor governança" do poder político.
 
"A CEDEAO, devido às crises recorrentes na região, tem investido a maior parte do seu tempo na gestão de conflitos e tem dedicado menos atenção àquilo que interessa, que é o desenvolvimento e a integração regional", frisou o governante cabo-verdiano.
 
No entender de José Luís Rocha, a questão dos conflitos nos Estados-membros da CEDEAO, integrada por 15 países, entre eles Cabo Verde e Guiné-Bissau, "deve ser deixada para outras instâncias mais importantes", como a União Africana (UA) ou as Nações Unidas.
 
"Deverá haver também uma melhor governança no papel da autoridade política, nomeadamente dos chefes de Estado, na tomada de decisões. Deve ser um processo muito mais inclusivo e terá de ter em conta a opinião de todos os Estados e não apenas a posição de um, dois ou três presidentes", defendeu.
 
Outra preocupação manifestada por José Luís Rocha tem a ver com a harmonização de práticas partilhadas de governação democrática na região oeste-africana.
 
"Muitos países fazem referência aos princípios democráticos, mas não temos a mesma prática da democracia no plano institucional, político, concreto, no terreno", defendeu.
 
Também à Lusa, o presidente do Conselho de Administração do IAO, José Brito, ex-chefe da diplomacia cabo-verdiana, deixou críticas ao "tempo que a Comissão da CEDEAO perde" na gestão e resolução de conflitos.
 
"Existe um certo número de conflitos na região e todas as reuniões políticas dos chefes de Estado estão dirigidas para a resolução. A própria Comissão, que tem a responsabilidade de apoiar o processo regional, está completamente ocupada, passa 90 por cento do tempo, a fazer viagens entre os países em conflito e não há decisões sobre a integração regional", salientou.
 
"Daí o nosso apelo aos investigadores africanos para dizer stop. Somos uma organização de integração regional e há outras organizações, como a UA, habilitadas para resolver os conflitos. Temos de levar a Comissão da CEDEAO a preocupar-se mais com a integração regional", concluiu José Brito.
 
O encontro reúne na capital cabo-verdiana responsáveis académicos da Alemanha, nomeadamente do Centro de Estudos para a Integração Europeia (ZEI) da Universidade de Bona, Costa do Marfim, França, Senegal e Cabo Verde.
 
A ideia do encontro promovido pelo IAO, instituição criada em 2010, com sede na Cidade da Praia e que tem como diretor-geral o investigador do Benim John Igue, é pensar e propor medidas que devem conduzir a uma renovação do processo de integração regional na África Ocidental.
 
A CEDEAO integra Cabo Verde, Guiné-Bissau, Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Libéria, Mali, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
 
JSD //EJ
 
Criminalidade em Cabo Verde vai ser estancada até ao fim do ano - Ministra
 
01 de Outubro de 2012, 14:29
 
Cidade da Praia, 01 out (Lusa) - A ministra da Administração Interna de Cabo Verde afirmou hoje que a Cidade da Praia é "o rosto" da criminalidade no país, garantindo que os índices de crime vão "ser estancados".
 
Marisa Morais falava aos jornalistas num intervalo da primeira reunião da recém-criada Equipa de Coordenação Operacional para a Segurança (ECOS), órgão especializado de assessoria e consulta para a coordenação técnica e operacional da atividade das forças e serviços de segurança.
 
A ministra salientou que há um plano geral de combate à pequena e média criminalidade e realçou as sinergias já em curso, desde agosto, entre as diferentes forças da polícia (Nacional, Judiciária e Militar), as Forças Armadas e a Procuradoria Geral da República (PGR).
 
"A reunião da ECOS - destinada à prevenção e combate à criminalidade e ao crime organizado - vai analisar a articulação e coordenação dos diversos intervenientes na luta contra a criminalidade e apresentará medidas para o combate à criminalidade", explicou.
 
Para Marisa Morais, a eficácia do combate à criminalidade "depende sempre muito" da colaboração entre as polícias, mas também com a PGR, para que haja "maior agilidade" no que diz respeito aos grupos organizados.
 
"É um plano a nível nacional, mas a Cidade da Praia é o rosto da criminalidade e merece alguma atenção especial", explicitou, para justificar a intensificação das rusgas e revistas, entre outras operações mais direcionadas para os grupos organizados e para a violência de bairro.
 
O plano comporta várias valências, acrescentou, havendo um cuidado especial no Turismo, área em que foi operacionalizada uma polícia vocacionada para esta questão nas ilhas mais turísticas (Sal e Boavista).
 
Marisa Morais garantiu que, até ao fim do ano, será criada em, São Vicente uma esquadra conjunta da BIC/BAC (as brigadas de Investigação Criminal e Anticrime).
 
"Até ao final do ano, a pequena e média criminalidade vai ser estancada. Temos já condições para poder potenciar a atuação da polícia e estamos convictos que vamos conseguir estancá-la e reduzir os níveis da criminalidade", concluiu.
 
Nas últimas semanas, a Cidade da Praia tem registado um aumento significativo de assaltos à mão armada, com recurso a armas de fogo e de guerra como ameaça. As autoridades não avançaram dados estatísticos oficiais.
 
Na rede social do Facebook, vários cidadãos têm alertado que algumas ruas do bairro de Achada de Santo António se tornaram num dos pontos mais críticos dos "caçu body", expressão crioula oriunda da norte-americana "cash or body" (numa tradução livre, "dinheiro ou morte").
 
Na mesma rede social, são constantes os alertas para que não se saia à rua depois de escurecer.
 
JSD //EJ.
 
Cabo Verde quer tornar-se o "Silicon Valley" das telecomunicações em África
 
01 de Outubro de 2012, 18:30
 
Cidade da Praia, 01 out (Lusa) - Cabo Verde vai ter "entrada direta na globalização" quando ficar concluído o Centro Tecnológico, integrado num projeto mais ambicioso de tornar o arquipélago num "hub" de telecomunicações.
 
A frase é do diretor do Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI), Jorge Lopes, proferida hoje aos jornalistas durante uma "visita guiada" ao que será, até ao fim do ano em curso, um dos centros tecnológicos mais avançados do mundo.
 
À semelhança de Silicon Valley, região californiana onde desde 1950 se situa um conjunto de empresas dedicadas à inovação científica e tecnológica, o Centro Tecnológico da Cidade da Praia é uma das peças do "puzzle" para o Cluster das Tecnologias da Informação e Comunicação em Cabo Verde.
 
O centro fará parte, "talvez ainda em 2013", do Parque Tecnológico inerente ao "cluster" em que o Governo cabo-verdiano está a apostar para diversificar a economia local, criar postos de trabalho e gerar riqueza num país sem recursos naturais.
 
A obra encontra-se em fase avançada de construção, atrás do antigo aeroporto da Cidade da Praia, e é financiada maioritariamente pela China, com uma contribuição de 17 milhões de dólares (13,2 milhões de euros).
 
Portugal participa no financiamento com um empréstimo de oito milhões de euros, para a aquisição dos equipamentos, estando já garantido que Pequim disponibilizará mais 13 milhões de dólares (10,1 milhões de euros) para a conclusão da primeira fase e outros 15 milhões (11,6 milhões de euros) para novos módulos.
 
"O centro é a coluna vertebral do Parque Tecnológico. Tem duas unidades: um Data Center de alta disponibilidade e um centro operacional. Tem níveis elevadíssimos de segurança e está preparado para prestar serviços de alta fiabilidade e disponibilidade ao Estado e a terceiros", afirmou Jorge Lopes.
 
O parque tecnológico - "a concretização de uma visão e a entrada direta para a globalização", disse Jorge Lopes - está orçado em 35 milhões de dólares (27,2 milhões de euros), financiados pelo Banco Africano de Investimentos (BAD)
 
Salientando a "grande atenção" dada aos serviços de energia e refrigeração, "os pontos mais críticos", Jorge Lopes lembrou que as medidas de eficiência energética e os recursos humanos "altamente qualificados" vão permitir criar um complexo para a instalação de empresas nacionais e estrangeiras.
 
"Estamos a ter manifestações de interesse de multinacionais para o Parque Tecnológico, que terá outras valências, como espaços para empresas, qualificação e certificação e colaboração com academias. É uma espécie de Silicon Valley de prestação de serviços para a região, para África e para o Mundo", acrescentou.
 
JSD //JMR.
 
PM de Cabo Verde pede mudança de "chip" para se alterar comportamento perante o trabalho
 
02 de Outubro de 2012, 12:18
 
Cidade da Praia, 02 out (Lusa) - O primeiro-ministro de Cabo Verde pediu hoje uma mudança no comportamento dos trabalhadores cabo-verdianos perante o trabalho, defendendo ser necessária uma alteração no "chip" para que haja maior produtividade.
 
Discursando na abertura do apresentação de um estudo prospetivo sobre "Os Recursos Humanos Estratégicos para o Desenvolvimento de Cabo Verde", José Maria Neves justificou que o país está numa "encruzilhada" e que, ou dá um salto qualitativo, ou não consegue sobreviver aos desafios futuros.
 
"É o momento para dar o salto. Até hoje, o país cresceu com a riqueza que veio de fora. Agora que somos país de rendimento médio, temos de criar a nossa própria riqueza. Tem de haver uma profunda mudança de mentalidades em relação ao trabalho", afirmou.
 
Reiterando o que já dissera na sexta-feira na abertura da Conferência Nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, de que é líder desde 2001), o chefe do executivo cabo-verdiano indicou que o arquipélago tem uma década para se desenvolver, "oportunidade que não pode ser desperdiçada".
 
Recorrendo com frequência a comparações com Singapura, que visitou oficialmente na semana passada, José Maria Neves salientou que aquela ilha, independente desde 1965, está 50 a 60 anos à frente de Cabo Verde.
 
"Temos de construir um país moderno ao longo dos próximos 10 anos. Temos de ser inovadores, empenhados e determinados. Temos de mudar o «chip» em termos comportamentais e culturais", salientou.
 
Defendendo a desestatização - "o Estado é o maior empregador e é sempre o culpado de tudo", ironizou -, José Maria Neves defendeu a concertação entre o que é o futuro do país e a capacidade de resposta de recursos humanos aptos para trabalhar nas áreas em que o Governo está a apostar.
 
Nesse sentido, lembrou os "hub's" dos transportes aéreos e marítimos e das tecnologias comunicacionais, a base logística de apoio às pescas no Atlântico Médio e a criação de um centro financeiro internacional para destacar a necessidade de as questões ligadas ao trabalho terem uma "nova Gramática".
 
"Temos de saber provocar roturas, ir mais além do óbvio, sermos ousados e inovadores, empreendedores para que se possa fazer um pacto nacional virado para a transformação do país", desafiou José Maria Neves.
 
O estudo analisa o mercado de trabalho e avalia as políticas de emprego, de forma a permitir a adequação da formação profissional às reais necessidades do país.
 
O documento foi elaborado conjuntamente pelos ministérios cabo-verdianos da Juventude, Emprego, e Desenvolvimentos dos Recursos Humanos, Educação e Desportos e do Ensino Superior, Ciência e Inovação e apoiado pela Cooperação Luxemburguesa.
 
JSD // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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