África Ocidental
deve preocupar-se mais com integração do que com conflitos - Cabo Verde
01 de Outubro de
2012, 14:03
Cidade da Praia, 01
out (Lusa) - O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano
defendeu hoje que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) deve preocupar-se mais com a integração regional do que com os
conflitos nos países-membros.
Em declarações à
agência Lusa, no final da sessão de abertura do "atelier de reflexão"
subordinado ao tema "Integração Regional Sustentável na África Ocidental e
na Europa", promovido pelo Instituto da África Ocidental (IAO), José Luís
Rocha defendeu também uma harmonização de práticas democráticas e uma
"melhor governança" do poder político.
"A CEDEAO,
devido às crises recorrentes na região, tem investido a maior parte do seu
tempo na gestão de conflitos e tem dedicado menos atenção àquilo que interessa,
que é o desenvolvimento e a integração regional", frisou o governante
cabo-verdiano.
No entender de José
Luís Rocha, a questão dos conflitos nos Estados-membros da CEDEAO, integrada
por 15 países, entre eles Cabo Verde e Guiné-Bissau, "deve ser deixada
para outras instâncias mais importantes", como a União Africana (UA) ou as
Nações Unidas.
"Deverá haver
também uma melhor governança no papel da autoridade política, nomeadamente dos
chefes de Estado, na tomada de decisões. Deve ser um processo muito mais
inclusivo e terá de ter em conta a opinião de todos os Estados e não apenas a
posição de um, dois ou três presidentes", defendeu.
Outra preocupação
manifestada por José Luís Rocha tem a ver com a harmonização de práticas
partilhadas de governação democrática na região oeste-africana.
"Muitos países
fazem referência aos princípios democráticos, mas não temos a mesma prática da
democracia no plano institucional, político, concreto, no terreno",
defendeu.
Também à Lusa, o
presidente do Conselho de Administração do IAO, José Brito, ex-chefe da
diplomacia cabo-verdiana, deixou críticas ao "tempo que a Comissão da
CEDEAO perde" na gestão e resolução de conflitos.
"Existe um
certo número de conflitos na região e todas as reuniões políticas dos chefes de
Estado estão dirigidas para a resolução. A própria Comissão, que tem a
responsabilidade de apoiar o processo regional, está completamente ocupada,
passa 90 por cento do tempo, a fazer viagens entre os países em conflito e não
há decisões sobre a integração regional", salientou.
"Daí o nosso
apelo aos investigadores africanos para dizer stop. Somos uma organização de
integração regional e há outras organizações, como a UA, habilitadas para
resolver os conflitos. Temos de levar a Comissão da CEDEAO a preocupar-se mais
com a integração regional", concluiu José Brito.
O encontro reúne na
capital cabo-verdiana responsáveis académicos da Alemanha, nomeadamente do
Centro de Estudos para a Integração Europeia (ZEI) da Universidade de Bona,
Costa do Marfim, França, Senegal e Cabo Verde.
A ideia do encontro
promovido pelo IAO, instituição criada em 2010, com sede na Cidade da Praia e que
tem como diretor-geral o investigador do Benim John Igue, é pensar e propor
medidas que devem conduzir a uma renovação do processo de integração regional
na África Ocidental.
A CEDEAO integra
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana,
Libéria, Mali, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
JSD //EJ
Criminalidade em Cabo Verde vai ser
estancada até ao fim do ano - Ministra
01 de Outubro de
2012, 14:29
Cidade da Praia, 01
out (Lusa) - A ministra da Administração Interna de Cabo Verde afirmou hoje que
a Cidade da Praia é "o rosto" da criminalidade no país, garantindo
que os índices de crime vão "ser estancados".
Marisa Morais
falava aos jornalistas num intervalo da primeira reunião da recém-criada Equipa
de Coordenação Operacional para a Segurança (ECOS), órgão especializado de
assessoria e consulta para a coordenação técnica e operacional da atividade das
forças e serviços de segurança.
A ministra
salientou que há um plano geral de combate à pequena e média criminalidade e
realçou as sinergias já em curso, desde agosto, entre as diferentes forças da
polícia (Nacional, Judiciária e Militar), as Forças Armadas e a Procuradoria
Geral da República (PGR).
"A reunião da
ECOS - destinada à prevenção e combate à criminalidade e ao crime organizado -
vai analisar a articulação e coordenação dos diversos intervenientes na luta
contra a criminalidade e apresentará medidas para o combate à
criminalidade", explicou.
Para Marisa Morais,
a eficácia do combate à criminalidade "depende sempre muito" da
colaboração entre as polícias, mas também com a PGR, para que haja "maior
agilidade" no que diz respeito aos grupos organizados.
"É um plano a
nível nacional, mas a Cidade da Praia é o rosto da criminalidade e merece
alguma atenção especial", explicitou, para justificar a intensificação das
rusgas e revistas, entre outras operações mais direcionadas para os grupos
organizados e para a violência de bairro.
O plano comporta
várias valências, acrescentou, havendo um cuidado especial no Turismo, área em
que foi operacionalizada uma polícia vocacionada para esta questão nas ilhas
mais turísticas (Sal e Boavista).
Marisa Morais
garantiu que, até ao fim do ano, será criada em, São Vicente uma esquadra
conjunta da BIC/BAC (as brigadas de Investigação Criminal e Anticrime).
"Até ao final
do ano, a pequena e média criminalidade vai ser estancada. Temos já condições
para poder potenciar a atuação da polícia e estamos convictos que vamos
conseguir estancá-la e reduzir os níveis da criminalidade", concluiu.
Nas últimas
semanas, a Cidade da Praia tem registado um aumento significativo de assaltos à
mão armada, com recurso a armas de fogo e de guerra como ameaça. As autoridades
não avançaram dados estatísticos oficiais.
Na rede social do
Facebook, vários cidadãos têm alertado que algumas ruas do bairro de Achada de
Santo António se tornaram num dos pontos mais críticos dos "caçu
body", expressão crioula oriunda da norte-americana "cash or
body" (numa tradução livre, "dinheiro ou morte").
Na mesma rede
social, são constantes os alertas para que não se saia à rua depois de
escurecer.
JSD //EJ.
Cabo Verde quer
tornar-se o "Silicon Valley" das telecomunicações em África
01 de Outubro de
2012, 18:30
Cidade da Praia, 01
out (Lusa) - Cabo Verde vai ter "entrada direta na globalização"
quando ficar concluído o Centro Tecnológico, integrado num projeto mais
ambicioso de tornar o arquipélago num "hub" de telecomunicações.
A frase é do
diretor do Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI), Jorge Lopes,
proferida hoje aos jornalistas durante uma "visita guiada" ao que
será, até ao fim do ano em curso, um dos centros tecnológicos mais avançados do
mundo.
À semelhança de
Silicon Valley, região californiana onde desde 1950 se situa um conjunto de
empresas dedicadas à inovação científica e tecnológica, o Centro Tecnológico da
Cidade da Praia é uma das peças do "puzzle" para o Cluster das
Tecnologias da Informação e Comunicação em Cabo Verde.
O centro fará
parte, "talvez ainda em 2013", do Parque Tecnológico inerente ao
"cluster" em que o Governo cabo-verdiano está a apostar para
diversificar a economia local, criar postos de trabalho e gerar riqueza num
país sem recursos naturais.
A obra encontra-se
em fase avançada de construção, atrás do antigo aeroporto da Cidade da Praia, e
é financiada maioritariamente pela China, com uma contribuição de 17 milhões de
dólares (13,2 milhões de euros).
Portugal participa
no financiamento com um empréstimo de oito milhões de euros, para a aquisição
dos equipamentos, estando já garantido que Pequim disponibilizará mais 13
milhões de dólares (10,1 milhões de euros) para a conclusão da primeira fase e
outros 15 milhões (11,6 milhões de euros) para novos módulos.
"O centro é a
coluna vertebral do Parque Tecnológico. Tem duas unidades: um Data Center de
alta disponibilidade e um centro operacional. Tem níveis elevadíssimos de
segurança e está preparado para prestar serviços de alta fiabilidade e
disponibilidade ao Estado e a terceiros", afirmou Jorge Lopes.
O parque
tecnológico - "a concretização de uma visão e a entrada direta para a
globalização", disse Jorge Lopes - está orçado em 35 milhões de dólares
(27,2 milhões de euros), financiados pelo Banco Africano de Investimentos (BAD)
Salientando a
"grande atenção" dada aos serviços de energia e refrigeração,
"os pontos mais críticos", Jorge Lopes lembrou que as medidas de
eficiência energética e os recursos humanos "altamente qualificados"
vão permitir criar um complexo para a instalação de empresas nacionais e
estrangeiras.
"Estamos a ter
manifestações de interesse de multinacionais para o Parque Tecnológico, que
terá outras valências, como espaços para empresas, qualificação e certificação
e colaboração com academias. É uma espécie de Silicon Valley de prestação de
serviços para a região, para África e para o Mundo", acrescentou.
JSD //JMR.
PM de Cabo Verde
pede mudança de "chip" para se alterar comportamento perante o
trabalho
02 de Outubro de
2012, 12:18
Cidade da Praia, 02
out (Lusa) - O primeiro-ministro de Cabo Verde pediu hoje uma mudança no
comportamento dos trabalhadores cabo-verdianos perante o trabalho, defendendo
ser necessária uma alteração no "chip" para que haja maior
produtividade.
Discursando na
abertura do apresentação de um estudo prospetivo sobre "Os Recursos
Humanos Estratégicos para o Desenvolvimento de Cabo Verde", José Maria
Neves justificou que o país está numa "encruzilhada" e que, ou dá um
salto qualitativo, ou não consegue sobreviver aos desafios futuros.
"É o momento
para dar o salto. Até hoje, o país cresceu com a riqueza que veio de fora.
Agora que somos país de rendimento médio, temos de criar a nossa própria
riqueza. Tem de haver uma profunda mudança de mentalidades em relação ao
trabalho", afirmou.
Reiterando o que já
dissera na sexta-feira na abertura da Conferência Nacional do Partido Africano
da Independência de Cabo Verde (PAICV, de que é líder desde 2001), o chefe do
executivo cabo-verdiano indicou que o arquipélago tem uma década para se
desenvolver, "oportunidade que não pode ser desperdiçada".
Recorrendo com
frequência a comparações com Singapura, que visitou oficialmente na semana
passada, José Maria Neves salientou que aquela ilha, independente desde 1965,
está 50 a 60 anos à frente de Cabo Verde.
"Temos de
construir um país moderno ao longo dos próximos 10 anos. Temos de ser
inovadores, empenhados e determinados. Temos de mudar o «chip» em termos
comportamentais e culturais", salientou.
Defendendo a
desestatização - "o Estado é o maior empregador e é sempre o culpado de
tudo", ironizou -, José Maria Neves defendeu a concertação entre o que é o
futuro do país e a capacidade de resposta de recursos humanos aptos para
trabalhar nas áreas em que o Governo está a apostar.
Nesse sentido,
lembrou os "hub's" dos transportes aéreos e marítimos e das
tecnologias comunicacionais, a base logística de apoio às pescas no Atlântico
Médio e a criação de um centro financeiro internacional para destacar a
necessidade de as questões ligadas ao trabalho terem uma "nova
Gramática".
"Temos de
saber provocar roturas, ir mais além do óbvio, sermos ousados e inovadores,
empreendedores para que se possa fazer um pacto nacional virado para a
transformação do país", desafiou José Maria Neves.
O estudo analisa o
mercado de trabalho e avalia as políticas de emprego, de forma a permitir a
adequação da formação profissional às reais necessidades do país.
O documento foi
elaborado conjuntamente pelos ministérios cabo-verdianos da Juventude, Emprego,
e Desenvolvimentos dos Recursos Humanos, Educação e Desportos e do Ensino
Superior, Ciência e Inovação e apoiado pela Cooperação Luxemburguesa.
JSD // VM.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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