Público - Lusa
Economista alerta
para necessidade de investimento
O economista
Augusto Mateus diz que, a concretizarem-se as medidas de austeridade anunciadas
e se o Governo não corrigir a sua estratégia, daqui a um ano Portugal estará
com os mesmos problemas que tem hoje.
O que está
anunciado [para o Orçamento de 2013] significa que, grosso modo, daqui a um ano
teremos o mesmo problema que temos agora e que dará aos portugueses uma
desesperança total”, lamenta o economista em entrevista à Lusa.
“Estaremos a perceber que, apesar de aumentarmos muito as taxas dos impostos, os impostos arrecadados não vão crescer aquilo que se pensava e, ao não crescerem aquilo que se pensava, vão precipitar em baixa aquilo que é um não cumprimento das metas de défice traçadas”, assegura o professor universitário, que foi ministro da Economia quando António Guterres (do PS) era primeiro-ministro.
O Governo anunciou no dia 3 “um enorme” aumento de impostos, nas palavras do ministro das Finanças, com especial incidência no IRS, com uma redução de escalões de oito para cinco e a criação de uma sobretaxa de 4%. Foram ainda anunciadas mexidas de agravamento no IRC e nos impostos sobre o consumo.
Risco de espiral depressiva dentro de seis meses
Este “é o momento de tornar a estratégia completa” revendo “o grau de inteligência da austeridade, sobretudo na redução do impacto negativo sobre as variáveis chave e a variável chave é o investimento privado”. Mas também é o momento para o Governo levar a cabo “políticas de competitividade e de promoção do investimento”, diz.
Se nada for feito nesse sentido, Augusto Mateus alerta que “entraríamos num ponto de rotura no sentido de que seria irreversível que a economia portuguesa se ajustasse mais abaixo do que pode ajustar. Em que os sacrifícios e a destruição de valor fossem mais longe do que deveria ou poderia ir”.
“Ainda não estamos aí, mas lá chegaremos se nos próximos seis meses, sensivelmente no fim do primeiro trimestre de 2013, não tivermos sido capazes de corrigir esta estratégia. Seguramente aí estaremos no início de uma espiral depressiva e de um crescimento ainda mais significativo do desemprego e de uma situação muito difícil para as empresas e para a sociedade portuguesa no seu conjunto”.
“Estaremos a perceber que, apesar de aumentarmos muito as taxas dos impostos, os impostos arrecadados não vão crescer aquilo que se pensava e, ao não crescerem aquilo que se pensava, vão precipitar em baixa aquilo que é um não cumprimento das metas de défice traçadas”, assegura o professor universitário, que foi ministro da Economia quando António Guterres (do PS) era primeiro-ministro.
O Governo anunciou no dia 3 “um enorme” aumento de impostos, nas palavras do ministro das Finanças, com especial incidência no IRS, com uma redução de escalões de oito para cinco e a criação de uma sobretaxa de 4%. Foram ainda anunciadas mexidas de agravamento no IRC e nos impostos sobre o consumo.
Risco de espiral depressiva dentro de seis meses
Este “é o momento de tornar a estratégia completa” revendo “o grau de inteligência da austeridade, sobretudo na redução do impacto negativo sobre as variáveis chave e a variável chave é o investimento privado”. Mas também é o momento para o Governo levar a cabo “políticas de competitividade e de promoção do investimento”, diz.
Se nada for feito nesse sentido, Augusto Mateus alerta que “entraríamos num ponto de rotura no sentido de que seria irreversível que a economia portuguesa se ajustasse mais abaixo do que pode ajustar. Em que os sacrifícios e a destruição de valor fossem mais longe do que deveria ou poderia ir”.
“Ainda não estamos aí, mas lá chegaremos se nos próximos seis meses, sensivelmente no fim do primeiro trimestre de 2013, não tivermos sido capazes de corrigir esta estratégia. Seguramente aí estaremos no início de uma espiral depressiva e de um crescimento ainda mais significativo do desemprego e de uma situação muito difícil para as empresas e para a sociedade portuguesa no seu conjunto”.
Questionado sobre
se o país chegar à necessidade de reestruturar a dívida, responde:
“Reestruturações de dívidas, coisas mais radicais, serão inevitáveis se isto
descarrilar, mas por agora basta corrigir o que está errado, do lado da
inteligência na austeridade, e completar do lado de uma estratégia económica
verdadeira onde a austeridade e a estratégia financeira possam entrar e ter o
seu lugar”.
Redução do défice externo “não é sustentável”
Por outro lado, Augusto Mateus considera que a redução do défice externo, embora seja “positiva”, “não é sustentável”, acrescentando que “no discurso do Governo há a sobrevalorização dos aspectos financeiros”, porque “é só nisso que o Executivo pensa”.
A redução do défice externo tem sido o facto mais destacado pelo Governo para se justificar quando diz que o programa de ajustamento está a correr de forma positiva.
As últimas estimativas do Governo mostram que o saldo da balança de pagamentos e de capital vai registar um valor positivo em 2013 depois de registar um défice de 8,4% do PIB em 2010.
O economista explica as razões desta melhoria e começa por lembrar que “as exportações têm mantido uma dinâmica interessante”. Mas recorda que “o essencial deste ajustamento está na violentíssima compressão do investimento e na violenta compressão do consumo”.
O antigo ministro recorda que Portugal vai “investir este ano menos de 30 a 35% do que investiria se mantivesse o nível de investimento que alcançou em 2000, 2001. É uma coisa colossal. E como não se investiu, não se importa o que é necessário para os investimentos”. Depois, “o consumo privado este ano vai cair um pouco mais de 6%”, prossegue.
Logo, a queda do défice externo “tem o seu quê de artificial essa redução do défice externo. São resultados positivos que valorizo, mas têm de ser interpretados e sobretudo não são sustentáveis”.
Passando do défice externo para o défice orçamental, Mateus regista que foram feitos cortes importantes na despesa, mas lembra que o essencial, a reforma do Estado, continua por fazer.
Redução do défice externo “não é sustentável”
Por outro lado, Augusto Mateus considera que a redução do défice externo, embora seja “positiva”, “não é sustentável”, acrescentando que “no discurso do Governo há a sobrevalorização dos aspectos financeiros”, porque “é só nisso que o Executivo pensa”.
A redução do défice externo tem sido o facto mais destacado pelo Governo para se justificar quando diz que o programa de ajustamento está a correr de forma positiva.
As últimas estimativas do Governo mostram que o saldo da balança de pagamentos e de capital vai registar um valor positivo em 2013 depois de registar um défice de 8,4% do PIB em 2010.
O economista explica as razões desta melhoria e começa por lembrar que “as exportações têm mantido uma dinâmica interessante”. Mas recorda que “o essencial deste ajustamento está na violentíssima compressão do investimento e na violenta compressão do consumo”.
O antigo ministro recorda que Portugal vai “investir este ano menos de 30 a 35% do que investiria se mantivesse o nível de investimento que alcançou em 2000, 2001. É uma coisa colossal. E como não se investiu, não se importa o que é necessário para os investimentos”. Depois, “o consumo privado este ano vai cair um pouco mais de 6%”, prossegue.
Logo, a queda do défice externo “tem o seu quê de artificial essa redução do défice externo. São resultados positivos que valorizo, mas têm de ser interpretados e sobretudo não são sustentáveis”.
Passando do défice externo para o défice orçamental, Mateus regista que foram feitos cortes importantes na despesa, mas lembra que o essencial, a reforma do Estado, continua por fazer.
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