Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
Não deixa de ser
curiosa a forma reverencial como em Portugal se olha para o Estado, ao mesmo
tempo que se tem um enorme desprezo pela vida dos seus cidadãos.
Primeiro, faz-se um
enorme barulho porque o Estado é grande de mais. Precisa de emagrecer! Mas logo
de seguida, os mesmos que o afirmavam fazem uma cura de emagrecimento à
custa... de "um enorme" aumento de impostos. É como uma dieta à base
de um enorme aumento de calorias.
Mas não se ficam
por aqui as curiosidades. O líder da CGTP, Arménio Carlos, indignado com o
aumento do IRS, recomenda que... se aumente o IRC! Ou seja, que haja mais
impostos, dá ele de barato, mas que seja à custa das empresas.
E o mesmo faz o
resto da esquerda. Não quer mais impostos, mas não quer reduzir os custos do Estado.
Outros apontam para a extinção de institutos, fundações e outras gorduras do
género, esquecendo, como assinalava Miguel Sousa Tavares, que isso corresponde
ao despedimento de dezenas de milhares de funcionários, o que teria a imediata
condenação dos mesmos que querem cortes "nas gorduras".
É por isso que o
ministro Vítor Gaspar pode dizer, com aquele ar santificado, que pretende
"suavizar o aumento de impostos". O que está a mais na frase é a
palavra aumento, mas curiosamente as pessoas parecem aceitá-la.
A carga fiscal em
Portugal, porém está no seu limite máximo. E não é só, como dizem (bem) alguns
economistas, pelo facto de ser contraproducente aumentar mais as taxas. É
porque já é imoral o peso que o Estado tem no saque dos rendimentos privados.
Só é possível que se aumentem alguns impostos se o intuito for baixar outros e
melhorar a redistribuição de riqueza.
O que é preciso
dizer é que o Estado tem de viver com menos, porque não pode consumir uma parte
tão grande da riqueza gerada no país. Porém, está a acontecer o inverso. O
Estado saca cada vez mais dinheiro para pagar as suas dívidas, impedindo os
cidadãos de cumprir os seus próprios compromissos. Não é por acaso que cada vez
mais pessoas têm de entregar as suas casas ou carros que não puderam pagar.
Apesar disso, continuam a entregar ao Estado somas astronómicas de impostos,
seja em IRS, em IMI, em IVA ou em taxas sobre a gasolina e um sem número de
outros bens.
O Estado está a
arruinar os seus cidadãos para se salvar a si mesmo. E isso é imoral!
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