Tiago Mesquita –
Expresso, opinião, em Blogues
Já não bastava os
impropérios com que o senhor ministro é brindado a cada passo que dá (até
"estudante" já lhe chamaram, veja-se bem), os 'mimos' a que se
sujeita em cada deslocação que faz e os olhares de desdém e desprezo de alguns
colegas em plena AR
(inveja por não terem a carreira académica brilhante e a categoria que o
ministro tem, certamente), tem agora o senhor ministro ainda que levar com
jornalistas a interromperem-lhe a sesta ou pior - o estudo (provavelmente a
preparar a licenciatura em Refundações). A confirmar-se a interrupção abrupta
do momento de profunda sapiência do senhor ministro, acho muito bem que se puna
severamente o jornalista Nuno Ferreira, pois prejudicou desde logo a
aprendizagem do senhor ministro e a longo prazo todos nós, que dependemos da
sua profunda mestria, e muito provavelmente o futuro da nação como a
conhecemos.
Podia ser maldoso e
dizer que era bem feito. Justiça divina. Afinal de contas se o senhor ministro
é useiro e vezeiro em interromper o trabalho dos jornalistas e chefes de
redação de jornais quando estes estão tranquilamente a exercer a sua função,
tudo sem se mostrar muito preocupado, não me parece de todo descabido que estes
também possam agora também entrar-lhe pelo quarto do hotel sem pedir licença.
Nem que seja para lhe dizer que o pequeno almoço é servido no piso 0, na sala
"Al Capone", das 8:00 às 10:00, ou que ao serão vai haver uma atuação
da Tuna e Grupo Folclórico Juvenil dos Flamengos, seguido de chouriça assada,
caldo verde e broa.
Ao que parece,
horas antes de ter ido bater à porta do quarto do ministro para pedir
explicações de não se sabe bem o quê (são tantas as valências e capacidades do
ministro que é quase como acertar no euromilhões adivinhar) o jornalista Nuno
Ferreira terá abordado o ministro num restaurante da cidade da Horta saindo-se
com um: "você não tem vergonha na cara de andar por ai depois de tudo o
que tem feito?". Uma pergunta à qual Miguel Relvas respondeu: "Não te
conheço de lado nenhum".
Ou seja, mesmo não
fazendo a menor ideia de qual possa vir a ser o desenlace desta história, pelo
menos uma certeza ficamos a ter: desde que o senhor ministro não conheça a
pessoa ou pessoas que o abordam, como parece ter sido o caso, pois afirmou
peremptoriamente que não conhecia o jornalista Nuno Ferreira de "lado
nenhum", não se sente na obrigação de ter vergonha na cara. E isso ajuda a
explicar muita coisa, como esta afirmação que ontem teve o desplante de
proferir à saída da conferência "Os Media e o Futuro", promovida pelo
Expresso e Sic Notícias: "uma comunicação social enfraquecida é uma ameaça
à cidadania". Mais palavras para quê? É isto que nos governa.
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