Em tempos idos era
frequente depararmos com reportagens sobre Timor-Leste nos jornais de Portugal,
depois a “febre” esfriou à medida que Timor-Leste tomava assento nas cadeiras
do faz-de-conta das democracias que mais parecem democraduras (parentes
maquilhadas das ditaduras). Na atualidade são os pardos interesses que muito
labutam para proporcionar a ilusão de que Timor-Leste está estável política e
socialmente, que o desenvolvimento, a justiça social, o judiciário, a
democracia (numa palavra) é vivência de todos e para todos. Mas infelizmente
assim não é.
Em reportagens, notícias
e artigos de opinião é frequente a propaganda ao Timor Côr-de-Rosa, o das Mil e
Uma Noites, dos Rios de Mel. Mas a realidade é que esses rios são de fel para
mais de 80 por cento dos timorenses. Grassa a miséria a cada esquina das
cidades, das vilas e aldeias, assim como nas montanhas mais recônditas do país.
Os milhões em dólares americanos evaporam-se, os corruptos instalados nas
elites políticas e outras procedem impunemente a transfegas que lhes dão sumiço
sem que o povo timorense lhes veja a cor ou os benefícios devidos, prometidos,
e que se esgotam em passos de magia prestidigitadora praticados pelos que se
exibem (ou não) com enormes e arrogantes sinais exteriores de riqueza que por
nada deste mundo são investigados, embora pese o facto de que a árvore do fruto
da posse de tais bens e ricarias se chama corrupção, conluio e nepotismo. Mas
disso já se fala há imensos anos e nem sequer o “herói” Xanana se incomoda com
o facto. Aliás, na roda dele não faltam familiares e amigos que estão no lote
dos felizardos que enriqueceram num ápice – a julgar pelo que mostram e pelo
que corre de olhos em olhos e de boca em boca. Serve o adágio de Portugal: quem cabritos
vende e cabras não tem… de algum lado lhe vem.
Entretanto, a
pseudo justiça, como noutros países, lá faz o seu teatro de faz-de-conta e até
chega ao ponto de julgar e condenar com prisão uma ex-ministra (Lúcia Lobato),
o que não significa que a desonesta sujeita tenha entrado nos calabouços. A panóplia
de alçapões - adequados para os que detêm poderes - nas regras e nas leis,
decerto que irão permitir que nem nas calendas gregas Lúcia (e outros) pague
pelos crimes cometidos. Mas entretanto uns quantos timorenses ficaram com mais
fome e a padecer de carências que não fossem esses roubos e outros não seriam
parte negra da realidade timorense. E mais uns quantos “mexilhões” – figuras miúdas
– foram intimados por uma teatral comissão “justicialista” que dá pelo nome de
combate à Corrupção, Conluio e Nepotismo (KKN em tétum)… mas peixe
verdadeiramente graúdo é que não apanham – exceptuando essa tal Lúcia por
conveniencias de ordem política. E para servir de exemplo, que é como quem diz:
para mostrarem serviço – o que não seria necessário porque é tudo muito
flagrante e visível pela abastança exibida em viaturas caríssimas e em mansões
ou palácios cujas faturas são suportadas pelos desgraçados dos timorenses
esfomeados e que já se contentam com umas espécies de habitações miseráveis se
conseguirem ter essa sorte. Sim, porque o desemprego abrange umas quantas
centenas de milhares de timorenses numa população total de talvez 1,2 milhão.
Mas o importante
agora e aqui é a reportagem de Luciano Alvarez. Acreditamos que foi até onde
lhe foi possível e que é exatamente isso que nos traz ao conhecimento. Em
muitos parágrafos temos ali imagens vivas. Temos também a miséria de que fala,
e nem que seja nas entre-linhas descobrimos os sorrisos das crianças e adultos
timorenses que apesar de estarem mal por via de tantos roubos e injustiças não
abdicam da esperança num país melhor, numa melhor sobrevivência, uma melhor
sociedade timorense com mais justiça e com democracia que ao menos roçe a
dignidade que todos os timorenses merecem que lhes pertença. Sem subterfúgios,
sem roubos como na atualidade e nos poucos anos de existência do país.
Passemos então a
uma das mais longas e melhores reportagens sobre Timor-Leste em texto. O documentário, o
filme, também um dia destes há-de aparecer. Não será certamente cor-de-rosa mas
sim com muitas cores tenebrosas. Um dia se formará o eterno arco-iris para
Timor-Leste e para o povo timorense. Um dia. (Redação PG)
Leia em Separatas
(barra lateral)): UMA
DAS MAIS LONGAS E MELHORES REPORTAGENS SOBRE TIMOR-LESTE - “AS DUAS CARAS”
5 comentários:
Caro Luciano Alvarez,
A sua reportagem, traça a realidade de Timor Leste, onde os honestos vão parar às prisões, são os originais.
Trata-se da nova ideia original de Timor Leste, fazer um tribunal e uma prisão para julgar os honestos.
Beijinhos da Querida Lucrécia
Evidentemente que um país que saiu de garras tão tenebrosas não poderia ser um céu de brigadeiro. Há avanços, porém ainda pequenos diante do legado que herdou.
Do legado que herdou e da fortissima corrupção que depaupera os bens que pertencem a todos os timorenses mas que as elites xananistas e outras mafias roubam. Assim não ocorresse e a miséria a que o país está votado não aconteceria. Nunca será demais realçar tal realidade. O senhor Xanana e as suas trupes são uma evidente e insistente fraude.
KKN e uma sigla indonesia e nao timorense.
Bem que podiam falar da deputada do PD que usou timor para andar em portugal a roubar, e agora está a roubar directamente os timorenses...pobres timorenses que estão entregues aos bichos.
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